Pinheiro – a
parte do continente que era uma ilha.
FOTO CEDIDA GENTILMENTE PELO COLABORADOR MARCOS BORGES |
Quem anda muito por Bonsucesso, está acostumado a dividir a
calçada com ambulantes e as ruas com diversas vans de transporte alternativo,
vans essa que nos leva para diversas localidade. Cidade Alta, Bananal e uma em
especial nos leva em direção a uma ilha, a Pinheiros. Para quem não sabe, na
região da comunidade da Maré tem uma localidade chamada Pinheiros e ali nobres
amantes da cidade, era uma ilha, que guardava a história de nossa orla. Vamos
conhecer um pouco sobre essa ilha e como ela foi anexada ao continente.
A geografia da cidade do Rio é peculiar. A cidade é
espremida entre uma cadeira de montanhas e o mar e nossa gigantesca Baía é
lotada de pequenas ilhas que já foram ou são habitadas. È devido a essa
geografia que a cidade vive sofrendo com as chuvas de março e as chuvas de
verão, acabamos crescendo sem nenhum planejamento e suprimindo e destruindo
bacias hidrográficas e mangues, importantes sistemas da natureza. Quem quiser
saber um pouco mais sobre o assunto é só acessar: http://educacao.globo.com/artigo/geografia-do-rio-de-janeiro.html
Ilha faz parte de um
conjunto de pequenas ilhas que estão espalhadas pela Baía de Guanabara, ela já
foi considerada um paraíso, um lugar de morada e descanso para seus donos. O Primeiro
registro achado da ilha foi no jornal “Sete d’ Abril “ do ano de 1839,
noticiando o leilão da ilha e fazendo uma descrição minuciosa de como era a ilha
naquele ano: “Leilão da Ilha do Pinheiro – Possuí uma casa com oratório, bonito
jardim dando vista para o morro do Castelo. Pé de caju, laranja, melão,
laranja, cocos, etc... uma pequena fonte de água numa pequena colina e a ilha é
cercada por mangue. Nesse mesmo
periódico nos mostra que os franceses tiveram pela ilha entre os anos de 1555 e
1557.
Como toda a sociedade, os antigos donos da ilha eram donos
de escravos, na ponta do Caju foi achado um escravo de nome João, de 70 anos,
que fugiu a nado até o local, mas foi rapidamente capturado pelas autoridades e
devolvido ao seu dono.
1941 CORREIO DA MANHÃ |
È muito difícil descobrir quem foram os donos da ilha nesse
longo período de registros históricos, mas um dos donos descobertos era o sr.
Eugênio Meyer, que nos anos 20 desejava vender a ilha e se livrar ela. Ao que
consta ela foi comprada tempos depois pelo instituto Oswaldo Cruz.
Projetos também rodeiam a história da ilhota. Dois projetos
cercaram o imaginário da ilha, projetos esses que tinha como objetivo
transformar a ilha num ponto turístico e criar um complexo de ilhas ligadas ao
continente. Em 1932, existiu uma ideia de construir pontes de concreto armado
ligando as ilhas do Raimundo, Sapucaia e Pinheiro, transformando o local num
santuário para a vida, a diversão dos locais e estudos sobre a vida na Baía de
Guanabara. Já em 1966, a ideia era incorporar a Ilha ao fundão e a Ilha do
Raimundo, criando um grande centro de recreação e estudos e ainda envolvia a
criação de duas praias artificiais ao custo de 170 bilhões de Cruzeiros. Nem
preciso dizer que os dois projetos não vingaram, ou por falta de verba ou por
não interesse público na obra. No projeto original da união das ilhas para
formação do fundão, ela estava inclusa no projeto , mas faltou verba para anexa-la
, o que deixou a velha ilha de fora do projeto final .
1945 CORREIO DA MANHÃ |
Possuidora de vegetação exuberante, foi utilizada no início
do século XX como laboratório a céu aberto do Instituto Oswaldo Cruz, como
viveiro de primatas. O laboratório foi instalado no local em 1939 e serviu
muitos anos para pesquisas para descobrir vacinas e estudos da vida marinha. A
raça dos macacos usada para os estudos era os Rhesus e ajudaram muito na
criação da vacina antiamarílica. Os pesquisadores começaram a notar que a
partir dos anos 50, a vida em volta da ilha foi desaparecendo aos poucos,
muitas das reportagens dos anos posteriores mostram a grande invasão do lixo e
esgoto jogados sem tratamento na Baía de Guanabara. Era comum os pesquisadores
colocar a culpa no canal do Cunha e no Faria Timbó, que segundo eles, eram os
poluidores mais próximos da Ilha. Era comum achar animais mortos e lixo caseiro
por todos os lados.
1945- SUPLEMENTO A NOITE |
Um relato bem interessante é que na região, as águas eram
violentas e traiçoeiras, passava pelo local uma corrente marítima que costumava
carregar tudo que vinha pela frente. Há registros de naufrágios em frente e na
região da ilha e alguns dizem que chegar com qualquer embarcação da região e ao
porto de Inhaúma, que ficava de frente a ilha, era um verdadeiro sacrifício e
para poucos.
Camarões, nossa Baía era cheia dos mais deliciosos camarões.
Uma reportagem do “CORREIO DA MANHÔ DE 1972, registrou a poluição em volta da
ilha e como isso afetava a produção de camarões, e segundo a mesma reportagem,
a praia de Inhaúma era produtora desses camarões, mas a poluição simplesmente
estragou a produção e fez desaparecer aos poucos os animais.
1981- REVISTA MANCHETE |
Aterrada na década de 1980 pelo Projeto Rio, do Governo
Federal, em função da urbanização do Complexo da Maré, atualmente é um parque
ecológico: o Parque Ecológico dos Pinheiros, também denominado como Parque
Municipal Ecológico da Maré ou, simplesmente, como "a mata". A
construção foi feita através de aterros que anexou a ilha ao continente,
criando 35 hectares de terra por cima da região do mangue e da assoreada Baía
de Guanabara. Esse grande projeto ainda realizou dragagem do canal do Cunha e
obras na saída do Faria Timbó. Ainda foi aterrado um pedaço com o total de 300
hectares que vinha da ponta do Caju até o Pinheiro, no total 334 hectares de
terra foram criadas e assim a comunidade da Maré, parte da antiga Praia de
Benfica e um pedaço da praia do Caju desapareceu.
Nos anos de 1990, pelo Governo do Estado, um pomar, com
dezenas de árvores frutíferas, com fins didáticos (identificação de espécies) e
ecológicos. A área ganhou, na ocasião, uma área de lazer com churrasqueira,
palhoças e mesas para piquenique
FOTOS PARA CURTIR E ADMIRAR !
ACERVO OSWALDO CRUZ- FOTO DA ILHA ANOS 40 |
ACERVO OSWALDO CRUZ ANOS 40 - TANQUE DE CRIADOURO DE ANIMAIS MARINHOS |
FOTO DA ILHA VISTA DO PORTO DE INHAUMA - 1945 |
Muito bom
ResponderExcluirExcelente registro histórico!
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