UM
CAMPEONATO NO SUBÚRBIO – AS MOTOS RONCAM EM ALTA VELOCIDADE
E se eu falasse para meus queridos leitores que as ruas do
subúrbio já serviram de pista para uma corrida de moto? O campeonato de Turismo
foi realizado em 1919, e ocorreu em algumas regiões da zona norte da cidade.
Vamos ver o que e como aconteceu esse fato...
A reportagem será descrita conforme o português da época.
“Realizou-se no dia 30
de Março com um grandioso e inesperado brilhantismo, a disputa do 1 (primeiro) Campeonato de Turismo, organizado
pelo Club Motocyclista Nacional, uma das mais importantes sociedades brasileira
de motocyclismo.
O enorme êxito, o
grande sucesso alcançado com esta última corrida do C.M. foi uma prova
incontestável do seu valor, pois é um dos clubs que tem conseguido aqui no
Brazil arrancar aplausos dos admiradores do motocyclismo e levar a effeito
verdadeiras corridas de motocycletas que despertam o máximo enthusiamos, dando
nome aos motocyclistas e motocycletas vencedoras.
No entanto, o tempo
parece que temeu semelhante resolução, motivo este por que a manhã do dia da
importante prova estava bella e prateada por um sol majestoso, por um sol
brasileiro.”
Inicialmente o campeonato foi marcado para o dia 23 de
março, porém nesse dia, caiu uma chuva torrencial na cidade e impediu que o
campeonato prosseguisse. Em reunião com pilotos e diretoria, foi remarcado para
o dia 30, pois daria tempo de ficar bom e o chão secar, já que passariam por
regiões que se formavam pistas com muitos quilômetros de lama.
O dia chegou , o povo se reunia feliz e em grande
aglomeração , várias regiões da cidade festejavam o campeonato, uma corrida que
foi amplamente divulgada e que atraiu milhares de curiosos. As 8 e pouco , de
um dia ensolarado e lindo as motos se
aliaram em frente a Praia Pequena, foi chamado por ordem os pilotos que
participariam da corrida:
1-Delico de Aguiar: Motosacoche
2-Mario Bianchi: Henderson
3-José A. Reis : Henderson
4-José Kistemann- Indian
5-Diogo Santos- Indian
6-Mario Vasconcelos- Indian
7-Jorge Guimarães: Motosacoche
8-Socrates Floriano Peixoto: Motosacoche
9-Melandri Patier: Harley
Os diretores estavam aliando os concorrentes, três campeões
das motos concorriam ao troféu – o periódico não descreve quem eram os mesmos-
as bancas de apostas apostavam para as motos Henderson pela sua potência e por
que eram conhecidas como as melhores motos da época. Alguns apostavam que as
motos não aguentariam os terrenos que enfrentariam, já a Indian estaria mais
preparada para o tipo de terreno.
Os concorrentes pousam para as fotos e um dos diretores
passam as últimas instruções. A revista AUTO-PROPULSÃO colocou a disposição
vários fotógrafos para registar esse maravilhoso evento.
De Bonsucesso a Penha, a estrada estava péssima (Rua Uranos),
tinha areia, pedra, lama, cascalho, etc, tudo para dificultar a passagem das
motos. Os corredores desceram pela Penha, passando por Braz de Pinna- onde as
estradas melhoraram bastante- numa disputa emocionantes, todos juntos e ninguém
conseguia se desgrudar muito, mas damos destaque Jorge, Delcio e Bianchi que
estavam disputando os primeiros lugares. As estradas eram tão ruins que teve
relatos de Délcio atolado em um metro de lama.
Depois de Braz de Pina, se encaminharam a Vicente de
Carvalho, a estrada de frente a estação do trem estava maravilhosa, ótima para
a pratica do esporte e foi ali que a disputa apertou de vez. Em grande
velocidade, se dirigiram até o Engenho do Mato. Dali a Pilares eles reduziram a
velocidade devido a estrada está em más condições. De Pilares a fazenda Capão
do Bispo, as acrobacias rolavam soltas devido as ondulações da Pista. De Del
Castilho ao ponto final na Praia Pequena, a estrada permitiu as motos a
chegarem a 120 km/h.
Quando os espectadores viram Bianchi chegando e olharam para
o relógio, viram que ele completou a primeira volta em 29 minutos, algo
inimaginável para todos. Após Bianchi, passou Kistemann e José Reis.
A banca de apostas mudou e Bianchi e Kistemann tomaram a
dianteira da possibilidade de levar o caneco. A segunda volta manteve as colocações
da primeira volta, sem surpresas. Bianchi e Kistemann dividiam a liderança
durante toda a segunda volta e a melhor batalha aconteceu em Vicente de
Carvalho.
Mas uma surpresa aconteceu no final: Com o corpo cheio de
Lama, moto toda suja e nas últimas e para a surpresa de todos, José Reis em um
determinado trecho em Pilares passou os dois e assumiu a liderança, duas
voltas, quarenta quilômetros em menos de uma hora e 2 minutos. Logo atrás
chegou Bianchi e em terceiro Kistemann.
O povo surpreso e em delírio pega José Reis nos braços e
comemora a vitória inesperada.
COLOCAÇÃO FINAL
1-
José Reis : 1 h 2 m.
2-
Bianchi: 1h 2m 9 seg.
3-
Kistemann: 1h 6 min.
4-
Vasconcelos: 1h 10 min.
5-
Floriano : sem tempo marcado
Os outros competidores abandonaram a competição e não registraram
tempo.
Boa noite, Paulo!
ResponderExcluirParabéns pelo trabalho, gostei muito. Convido-lhe para conhecer meu trabalho também e juntarmos forças nos estudos históricos.
Meu blogue é o Construindo História Hoje.
Construindohistoriahoje.blogspot.com.br
CLARO . JUNTOS SEREMOS MAIS FORTES .
ExcluirNo mapa interessantes os nomes antogos de locais: Venda Grande e Praia Pequena.
ResponderExcluirdigo, nomes antigos.
ResponderExcluirParabéns pela postagem! Muito bom sabermos desse passado de certas áreas da Cidade Maravilhosa que, com o tempo, deixaram de receber a devida atenção do Poder Público
ResponderExcluirEU QUE AGRADEÇO A MORAL
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