POSTO 11- CONHECENDO O POSTO 11.
IMAGEM RETIRADA DA PÁGINA MEMÓRIA SUBÚRBIO CARIOCA |
( o texto vai abordar apenas o começo da magnífica história do posto 11, uma homenagem a uma edificação que ajudou a salvar milhares de vidas suburbanas).
FORMAÇÃO DO SUBÚRBIO: SEUS PRIMEIROS MORADORES
Como podemos falar de um posto de saúde e sua atuação sem falar do contexto da formação dos bairros que o cercam? Como esses bairros se formaram, qual era o perfil dos primeiros moradores, o que eles passavam e por que surgiu a necessidade da construção do posto? Iremos observar que o subúrbio nasce e cresce em meio a problemas graves e à ausência do poder público. Uma série de fatores contribuiu para que epidemias se alastrassem pela região, tornando "obrigatória" a construção de um local para cuidar da saúde.
Antes dos atuais bairros que cresceram em volta da linha férrea da Leopoldina, essas regiões eram basicamente preenchidas por grandes chácaras e fazendas, com poucas pessoas morando por aqui. Podemos comprovar isso com os censos realizados antes da inauguração da Estrada de Ferro da Leopoldina. Em 1821, a freguesia de Irajá apresentava 3.757 pessoas, lembrando que nessa época a freguesia englobava bairros até a zona oeste. Já em 1838, 5.034 pessoas moravam na freguesia.
Com a chegada do trem, a movimentação de produtos e pessoas começou a crescer rapidamente e o deslocamento dos mais pobres em direção a esses locais, agora loteados por empresas ou por grandes famílias, criou, com o passar do tempo, o Subúrbio e a Zona Oeste. Para quem não conhece a história da cidade, no início do século XX, iniciou-se um movimento de modernização de toda a região central da cidade, abrindo novas ruas, reformando prédios, melhorando sistemas de iluminação e esgoto e retirando os mais pobres para regiões inóspitas da cidade. Quando Pereira Passos colocou seu grande plano em prática, a BELLE ÉPOQUE, milhares de casas foram derrubadas, pessoas mal foram indenizadas e muitas delas partiram para os morros ou procuraram outros lugares longe do moderno centro da cidade.
Depois da modernização, o Centro da Cidade tornou-se um local muito valorizado e caro para se morar, já que os governantes adotaram um modelo de cidade diferente do que estava em alta no momento: o estilo americano, onde os mais ricos e poderosos se dirigem às periferias e as regiões centrais ficam reservadas para os trabalhadores, pois o deslocamento seria menor e o rendimento no trabalho seria maior. Com o afastamento dos trabalhadores, a formação do subúrbio foi pautada no uso dos trens para o deslocamento, depois na construção de estradas e na introdução dos bondes. Estradas e ruas foram muitas vezes abertas pelos antigos donos das fazendas que loteavam o local ou pelas empresas que compravam essa mesma terra e abriam ruas.
A cidade começa a ser dividida em núcleos que se definem por área, uma divisão social que vai se mostrando a cada bairro que se afasta mais da zona central. Segundo estudos, podemos dividir a cidade em três grandes núcleos que servem para definir bem sua representatividade: Núcleo Central, Núcleo Suburbano I e Núcleo Suburbano II.
Penha e Olaria, que serão os bairros apresentados, pertencem ao Núcleo Suburbano I, divisão periferia, que tem características próprias de ocupação e cada bairro com suas particularidades.
Antes de nascerem como bairros, ambos os territórios pertenciam à freguesia de Irajá. Essa freguesia foi criada em 1644 e confirmada pelo Alvará de 10 de fevereiro de 1647. Ambos os bairros eram ocupados por grandes fazendas e possuíam litoral com presença de pequenos portos para escoar a produção dessas fazendas.
O bairro da Penha ganhou esse nome graças à Igreja de Nossa Senhora da Penha. Nesse local, podemos destacar o Quilombo da Penha, uma antiga chácara comprada pelo padre Ricardo para receber escravizados fugitivos e protegê-los. O fazendeiro Lobo Jr., junto com o padre Ricardo, alavancou e ajudou no crescimento do pequeno e antigo arrabalde. No mesmo período, as terras das “olarias” estavam sendo loteadas pela família Rego, e perto de onde seria aberto no futuro um posto de saúde, estava sendo inaugurado um pequeno açougue que mais tarde se tornaria o matadouro da Penha (que ficava em Olaria).
Os primeiros moradores dessa região, atraídos pelos preços e pela facilidade da venda dos terrenos, eram em sua maioria de origem humilde. Claro que o local, pela proximidade do mar e pelo crescimento do comércio em volta da linha de ferro, também atraiu comerciantes portugueses e brasileiros em busca de oportunidades. Porém, a esmagadora maioria era composta por pessoas da classe C em busca de uma melhor condição de vida. Os primeiros anos foram difíceis para esses moradores.
O governo carioca se preocupou apenas com infraestrutura e condições de moradia para a região central. O subúrbio, assim como boa parte da zona norte (exceto pelos bairros centrais), praticamente se desenvolveu com a mão de obra dos próprios moradores. As grandes imobiliárias ou famílias que loteavam as antigas fazendas apenas abriram ruas e construíram casas, não se preocupando com transporte, água, eletricidade ou saneamento básico (salvo em situações raras). Isso tudo ficou a cargo desses moradores, que abriram bicas públicas para uso de água, andavam vários quilômetros para conseguir transporte ou se deslocavam de um bairro para o outro pelo meio do mato, pois as estradas eram poucas ou praticamente inexistentes. Posso usar uma reportagem do jornal “A NOITE” de 1912, onde o povo de Cordovil reclamava que, para se chegar a Braz de Pina, era necessário “dar a volta” pela Estrada do Quitungo, já que não havia uma ligação direta entre os dois bairros.
É nesse contexto que nasce a necessidade de cuidar da saúde das pessoas, resultando na criação de um posto de saúde.
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