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Outro problema apontado na região da Leopoldina e grande
Leopoldina é a falta de água. Em algumas regiões, a falta desse elemento
essencial é constante. A população reclama que as contas chegam, mas a água
não! Acabamos de sofrer com o problema da água suja, podre e sem condições de
consumir, mas a ausência de água é registrada desde a época do surgimento do
reservatório, mas isso iremos retratar mais para frente.
Será que um reservatório tão perto desses bairros esquecidos
pelo poder público resolveria o problema de nossa localidade? Não há uma
explicação plausível por parte da Cia. De àguas da cidade para explicar como
parte de alguns bairros como Penha e Bráz de Pina falte água nos dias atuais.
Mas onde está esse reservatório que nunca vimos Paulo?
FOTO PÁGINA PENHA RJ
Da Avenida Braz de Pina fica impossível ver o velho, porém
para ter acesso ao local você deve ter disposição e uma dose de coragem, pois o
local é dominado pelo tráfico. A Cedae é responsável pela manutenção e
preservação do local, mas pelo que foi constatado, a muito tempo não aparece
por lá, já que existe construções dentro do terreno do reservatório e
constantemente é notado a presença de meliantes usando drogas no local. Subindo
a Rua Lobo JR, acompanhando a calçada do hospital Getúlio Vargas. Seguindo pela
rua ao dobrar para a esquerda vemos um muro bem longo prolongando pela rua
Afonso Costa, apensar que o endereço dele aparece com rua Flora Lobo 306. O
velho reservatório é tão esquecido que no mapa da Google não aparece
identificado.
Acredite se quiser, mas o tal reservatório que se encontra
em total abandono por parte do poder público e pelo descaso dos “guardiões da
história”, ele é um bem tombado, na verdade é um tombamento provisório e bem antigo,
é datado de 9/12/1998, o processo é : Processo de Tombamento: E-18/001.542/98,
ou seja, desde 1998 , não se há uma posição concreta sobre o bem e como muitos
monumentos que contam nossa história, o tempo e o tráfico vai destruindo esse
bem maior do subúrbio. O órgão responsável pelo tombamento é o INEPAC –
Instituto Estadual do Patrimônio Cultural.
Conjunto significativo de vinte e cinco equipamentos urbanos
– caixas-d’água, reservatórios e represas – localizados nos municípios do Rio
de Janeiro e Niterói. Este elenco de artefatos não é apenas uma amostra
representativa do processo de evolução da captação, tratamento, armazenamento e
distribuição de água nos dois municípios. É também um espelho da própria
história da metrópole carioca, pois reflete, através da expansão dos sistemas,
o processo de ocupação do território e o adensamento das áreas urbanas nos
últimos 150 anos. Além disso, esses equipamentos são testemunhos da evolução
tecnológica da engenharia nacional, tanto no âmbito das teorias da hidráulica,
como do cálculo estrutural e das técnicas construtivas.
2- Contexto
e Construção
Antes de falar da construção, preciso situar os leitores
sobre as condições que a população local vivia e o porquê da necessidade da
construção da grande “Caixa d’água”.
Os bairros em volta da linha de trem da Leopoldina forma
surgindo no final do século XIX, início do XX. Claro que a presença de pessoas
já era registrada, porém com o advento da república e a reorganização
geográfica, foi se estabelecendo localidades onde o povo decidia construir sua
vida. Um grande erro, ao meu ver, é ter atribuído o aniversário desses bairros aos
surgimentos das estações de trem, que sim, ajudaram a expansão dos mesmos, mas
não significa que foi um fator primordial para a chegada da população. Estou
indo em contraponto a grandes pesquisadores que relacionam o surgimento dos
bairros com a construções de suas estações. Foi um fator marcante, mas não
decisivo. Um dos fatores que ao meu ver significou uma maior importância foi o
preço e as facilidades das vendas de casas e terrenos, por um custo mais baixo,
os antigos moradores foram atraídos pela tranquilidade do lugar e acesso fácil
as praias (pouco ainda frequentada), pequenos portos e expansão do comércio,
fora a facilidade que se tinha em comer um bom peixe, que era pescado nos rios
da região.
Os loteamentos trouxeram pessoas, mas faltou o poder público
entrar na “jogada” e ajudar na infraestrutura. As pessoas compravam lotes para
construir suas casas ou compravam já feitas, mas o governo municipal no começo,
não se preocupou com obras de infraestrutura, esgoto e encanamento de água,
salvo algumas localidades onde o poder social da população era maior, lugar esse
onde a classe média habitaria.
Usando como base dos estudos os bairros de Cordovil e Braz
de Pina, a população dos anos 10 e 20 dessas localidades sofriam de mais com a
falta de água, constante eram as reclamações e protestos nas ruas do bairro
devido ao descaso. Muitos desses moradores usavam as águas do rio Arapogi e Irajá
para tomar banho, beber água, se banhar e lavar suas roupas.
LARGO DO BICÃO - ANOS 20
Mas uma ação conjunta entre o governo municipal e o Lobo Jr
tentaria resolver esse problema. Toda a região do subúrbio carioca era
abastecida por bicas públicas, bicas essas que eram responsáveis não apenas
para salvar a vida das pessoas, mas para fornecer água para cavalos, meio de
transporte muito usado em nossa região. A bica mais famosa ficava no Largo do
Bicão e para se chegar nela você poderia ir pelo caminho do Quitungo ou pela
estrada da Bica (Atual Braz de Pina).
CORONEL LOBO JR- FOTOS CEDIDAS PELOS FAMILIARES- fotos cedidas pelos familiares e melhorada por Cleydson Garcia
Na região da Penha, morava um homem de influência ímpar
dentro do governo municipal, visto para muitos como benfeitor e amigo da
comunidade, Lobo Jr sempre olhou para região com um olhar de progresso. Foi
graças a ele que a Penha teve luz, asfalto, estação de trem, entre outros
benefícios. Percebendo a falta de água, começou a trabalhar para essa realidade
mudar. È importante ressaltar que o velho Coronel morava onde hoje está o
parque Ary Barroso, local chamado de Chácara das Palmeiras, lugar esse com
capela, campo de futebol, lugar para festas e uma grande área para plantio. O
terreno onde fica o reservatório da penha foi desmembrado da chácara das
Palmeiras no dia 08/08/1911, lembra quando eu disse que Lobo Junior trouxe água
para a Penha? Não foi apenas para Penha,
esse reservatório abasteceu Bonsucesso, Ramos, Olaria, Penha, Brás de Pina,
Cordovil e Vigário Geral. O reservatório foi inaugurado em 1914 e era
considerado um verdadeiro marco da engenharia e uma inovação, pois usou uma
técnica nova, o concreto armado, ele era totalmente descoberto, tinha forma
tronco-cônica, dividido em dois compartimentos. Ao centro um grande poço
cilíndrico com aparelhos de manobra com capacidade de 2.000 metros cúbicos
d’água. O reservatório está na serra da misericórdia- hoje morro da caixa
d’água- e ocupa uma área de 2.449,30 metros quadrados. Foi desativado no final
dos anos 80.
Durante as obras houve um acontecimento, uma explosão
vitimou um trabalhador. O senhor José Lourenço Fernandes foi vítima do seu
próprio descuido ao manusear uma mina, ela explodiu levando o “infeliz”( termo
usado pelo jornal da época) a ficar gravemente ferido e o mesmo foi removido
para a Santa Casa, vindo a óbito dias depois.
È importante lembrar que o encanamento era totalmente em
ferro e com o longo do tempo foi sendo substituído. A obra em sua totalidade
demorou mais de 10 anos para ficar pronto, iniciou-se antes da compra do
terreno em 1910 e foi concluída em 1927. A primeira água canalizada para o seu
abastecimento foi do morro em Vicente de Carvalho, possivelmente águas da
nascente do Irajá. Foram construídos linhas de abastecimento até a velha Praia
do Galeão. O reservatório possuía também sistema de captação de água das
chuvas. Informações essas tiradas dos “Annais da Câmara dos Deputados”.
Numa pesquisa recente, descobrimos que o reservatório
abastecia também uma parte da Tijuca, Rio Cumprido, Andaraí, Santa Alexandria e
Vila Isabel. Essa descoberta foi analisada após a leitura de uma reportagem do
“Jornal do Commércio” do ano de 1921, onde a reportagem relata um rompimento da
encanação devido à grande pressão e o cano que se rompeu foi justamente que
fornecia água para essa região.
3 – Os primeiros
anos: problemas sem fins
O que era
para ser solução, acabou se tornando um problema. Com a inauguração do
reservatório e a captação de algumas nascentes para seu abastecimento, a
população esperava que o problema não voltaria a assolar nossa localidade. Como
a minha fonte de pesquisa se concentra entre Cordovil e Penha, irei me atentar
mais sobre essas localidades, porém há registros dos problemas em toda a
extensão da cobertura do reservatório.
Para
detalhar o descaso do poder público com Cordovil, quando foi realizado as obras
do reservatório e dos encanamentos que levaria água para os bairros, o único
que foi negligenciado foi justamente o bairro. O cano que levava água passava
perto do povoado e acabava em Vigário Geral. Em Braz de Pina tinha um pequeno
ramal para a instalação de uma bica pública já pronta, do lado da antiga
estação, que ficava de frente a rua Oricá. E essa reivindicação de colocar o
bairro no circuito das águas foi um esforço de Vicente Piragibe, que solicitou
essas obras várias vezes no ano de 1915, percebam, o reservatório foi
inaugurado em 1914 e simplesmente ignoraram o povoado de Cordovil.
Em 1921,
ouve um grande rompimento devido a pressão dentro da encanação, bairros como
Penha, Ilha e Tijuca ficaram sem água potável durante um tempo. O poder público
tentou agir rapidamente e usou carroças dos bombeiros para levar água para os
moradores e interrompeu o abastecimento. Após ter resolvido o problema, o
abastecimento no bairro de Cordovil foi fatalmente prejudicado, sendo alvo de
muitas reclamações de seus moradores. Desse ano do acidente até 1931, o bairro
ficou praticamente seco, a água chegava pouco e quando chegava não era o
suficiente para as necessidades.
Os rios eram bastante usados para o uso
pessoal. O problema só foi “parcialmente resolvido “ depois da inauguração de
uma Bica Pública em 1931, perto do Porto do Gama, mais precisamente na praça da
Estrada do Porto Velho, do lado da Rua Ipameri.
FOTO DA BICA PÚBLICA 1931
Mas pelo que
foi constatado não resolveu o problema. No ano de 1935 choveu reclamações dos
moradores de Cordovil sobre as dificuldades de obter água, principalmente quem
morava do lado contrário da Porto Velho. A petição por uma bica pública cresceu
e o problema foi levado ao governo que, a princípio nada fez.
1935- O POVO RECLAMANDO DA FALTA DE ÁGUA
Outro
problema que apareceu no ano de 1928 foi a explosão de pessoas no subúrbio. Já
nesse ano, o poder público já tinha percebido que o pequeno reservatório já
tinha se tornado obsoleto, não em seu maquinário que ainda era avançado para
seu tempo, mas ele já não conseguia suportar abastecer o número de pessoas.
Segundo a Revista “Estrada de Ferro”, já morava na região, mais de 100 mil
habitantes, e o reservatório não suportava esse número, pois ouve registro de
vários rompimentos dos canos devido ao aumento de pressão para que se pudesse
capitar mais água, levando ao esgotamento do cano e assim a seu rompimento. Uma
grande obra só seria realizada no governo Lacerda, nos meados dos anos 60 e uma
grande festa foi armada para a “Reinauguração “ do reservatório.
1963- REVITALIZAÇÃO DO VELHO RESERVATÓRIO FEITA POR CARLOS LACERDA
4-
Considerações finais
Quando o sistema de Guandu foi criado, todos os nossos
reservatórios foram sendo desativados aos poucos e toda a água consumida pelos
cariocas saem desse sistema. O problema que quando há uma crise hídrica como
vimos esse ano com a água poluída ou com os reservatórios abaixo da capacidade,
não temos um plano “b”, e se alguns desses reservatórios tivessem em pleno
funcionamento, creio que o problema pudesse ver minimizado.
BIBLIOGRAFIA
10-
Parabéns! Bela matéria.
ResponderExcluirSensacional,linda matéria!!!!
ResponderExcluirAtual e raro, excelente o trabalho no blog. Espero que continue suas pesquisas.
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