domingo, 28 de janeiro de 2024

Reconhecimento de títulos

TEXTO RETIRADO JORNAL O GLOBO .
'Campeões esquecidos' do Carioca lutam por reconhecimento de títulos após sucesso no São Cristóvão 

No fim do ano passado, o São Cristóvão conseguiu a oficialização do título carioca de 1937, concluindo um processo que tramitou por cerca de um ano nos bastidores da Federação de Futebol do Estado do Rio de Janeiro (Ferj) e deu o bicampeonato estadual ao clube da Zona Norte. Após 86 anos em que esta parte da história foi deixada de lado, o Cadete pode ter puxado a fila em definitivo para que outros seis clubes consigam este importante reconhecimento.

A Liga Metropolitana de Desportos Terrestres (LMDT) organizava o campeonato oficialmente entre 1917 e 1923. Naquele último ano, o Vasco conquistou o torneio com uma equipe que contava com jogadores negros e operários, o que levou os clubes da elite a fundarem a Associação Metropolitana de Esportes Athleticos (AMEA).

O cruz-maltino ficou na LMDT e a venceu em 1924 — título reconhecido —, mas se transferiu no ano seguinte. Só que o torneio seguiu existindo. De 1925 a 1932, quando o profissionalismo se estabeleceu no futebol brasileiro, seis clubes faturaram a LMDT.

O título do São Cristóvão veio em outro contexto, em uma temporada onde o Carioca ainda vivia uma cisão por conta da briga pelo modelo amador, e o clube venceu a liga que era considerada profissional, organizada pela Federação Metropolitana de Desportos (FMD). Porém, uma conciliação no meio do caminho ignorou o título e terminou com um torneio onde o Fluminense foi campeão.

— Era um time muito bom. Inclusive, tinha dois jogadores na seleção brasileira que jogou a Copa do Mundo de 1938: o atacante Roberto e o meia Afonsinho. O treinador do São Cristóvão era da seleção: Ademar Pimenta. Não era um São Cristóvão qualquer — disse ao GLOBO o jornalista André Luiz Pereira Nunes, responsável por conduzir a pesquisa sobre o título.

Ele deu sequência ao trabalho do historiador Raymundo Quadros, autor do livro "O Campeão Esquecido", mas que não havia conseguido sucesso em reivindicações anteriores. Fazendo um esforço voluntário, montou um requerimento baseado em provas cabais daquele torneio.

Moção pode ajudar
O São Cristóvão teve um caminho um pouco mais facilitado, por ainda ser um clube com atividades no futebol profissional. Por isso, pôde pleitear o reconhecimento na Ferj, decidido em uma assembleia no final do ano, após aprovação unânime.

Para os outros clubes, a situação é mais difícil, pois nenhum está filiado à federação, alguns mantém atividades apenas sociais, ou mesmo estão extintos. São eles: Engenho de Dentro (campeão em 1925); Modesto, de Quintino (1926 e 1927); SC América, do Lins de Vasconcelos (1928 e 1929); Sportivo Santa Cruz (1930); Oriente, de Santa Cruz (1931) e SC Boa Vista, do Alto da Boa Vista (1932).

Como a Ferj é uma instituição privada, que não reconheceria esses títulos por benfeitoria, nasceu uma moção na Câmara dos Vereadores do Rio, que tramita desde dezembro de 2022, de autoria do hoje deputado federal Tarcísio Motta (PSOL). Caso ela seja aprovada, os "campeões esquecidos" ganhariam uma força adicional para abrir o processo oficial na federação, mas sem garantia de sucesso.

O clube mais bem representado atualmente é o Engenho de Dentro (EDAC), que sobrevive no futsal. O chamado "Fantasma Suburbano" ressurgiu em 2020, graças ao trabalho do historiador Allan da Silva, apaixonado pelo bairro que começou a se aprofundar nas pesquisas. Após dez títulos vencidos em 12 finais nos 12 torneios disputados desde o retorno às quadras, ele é um entusiasta de que o reconhecimento não apenas faria jus à história da instituição, mas poderia ajudar a devolvê-la aos gramados.

— O EDAC esteve no triangular final de 1924, em que o Vasco foi campeão, inclusive com quatro jogadores que eram do EDAC, como o goleiro Nelson Conceição. O subúrbio precisa dos títulos para ser visto. Vários jogadores que foram campeões em outros clubes tiveram sua origem aqui — aponta Allan ao GLOBO. — O reconhecimento ajudaria muito com visibilidade e atrairia patrocinadores. Não estamos na Ferj, mas a intenção é tentar voltar a disputar o Carioca de futsal da federação, ou até a de campo — admitiu.

Exthyntos
Ele é mais um caso de um apaixonado pelo futebol que não mede esforços para que a história do futebol carioca seja recontada, apesar de não terem legitimidade jurídica para brigar oficialmente. Ao lado de André, que fez o trabalho para que o São Cristóvão tivesse êxito, o grupo chamado "Exthyntos Social Clube" — na ortografia clássica da língua portuguesa — representa os outros clubes.

Entre os nomes envolvidos, estão o de Kleber Monteiro, biólogo que pesquisa sobre futebol e foi responsável por promover a moção na Câmara, e Luciano Vincler, autor do portal "Futebol no Rio" e do livro "Os Esquecidos", que ajudou a embasar o processo.

A inspiração vem de São Paulo, onde a Federação Paulista homologou 104 títulos esquecidos ao final de 2021, de várias divisões, incluindo de muitos clubes extintos. Inclusive, os cariocas tentam incluir dois títulos do segundo nível, o do GE Viação Excelsior (1933) e do EC São José, de Magalhães Bastos (1934), quando a LMDT se tornou uma sub-liga, antes de ser extinta no ano seguinte.

Isso ajudaria a dar ainda mais legitimidade a uma organização que, apesar de suburbana e não-oficial, tinha sua hierarquia. O título do São Cristóvão já foi considerado impossível, mas hoje está homologado. Os envolvidos projetam que o requerimento oficial possa sair esse ano, e ajudar os "campeões esquecidos" a colocarem seu nome oficialmente na história, quase um século depois.

OBS : Quem fez todo o processo de pesquisa, lançando livro, e montando o dossiê que foi entregue a Celso Roberto e o Presidente Emanuel,foi o historiador Raymundo Quadros.

fonte : O Globo

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sábado, 21 de outubro de 2023

 O SUL AMERICANO DE 1919 - HISTÓRIAS E FOTOS !



SELEÇÃO BRASILEIRA X SELEÇÃO ARGENTINA 



O Sul Americano de 1919, era a terceira edição que estava sendo realizada e o local escolhido para o Torneio foi o Rio de Janeiro. Nesse torneio, quatro seleções jogaram : BRASIL, ARGENTINA, URUGUAI E CHILE. 

Os registro da época apontam que a torcida estava animada e que seria um grande torneio , que quase não aconteceu devido a epidemia de febre amarela. È importante lembrar que o torneio seria em 1918, mas a cidade estava passando o auge da epidemia. O Brasil enviou uma carta a Comnembol pedindo o adiamento do torneio, o que aconteceu, indo para 1919 , entre os dias 11 e 19 de maio. 

O primeiro torneio aconteceu em 1916, na Argentina, com a participação desses mesmos países de 1919, e o primeiro campeão foi o Uruguai com o Brasil ficando em terceiro. O segundo Sul Americano aconteceu um ano depois no Uruguai, com o Uruguai conquistando o bi-campeonato e o Brasil repetindo a terceira colocação . Mas o Brasil estava pronto para escrever uma nova história.
ASPECTOS DO JOGO ENTRE BRASIL X ARGENTINA 

Pela primeira vez o Brasil organizava um torneio a nível Internacional. O Terceiro Campeonato Sul Americano precisava de um local digno do desfile de craques e as Laranjeiras foi escolhido. O estádio passou por uma grande reforma para receber os crsques. 


TORCIDA SE APERTANDO PARA VER OS JOGOS, 

As delegações dos países participantes chegaram ao melhor estilo. Todos vieram no mesmo barco e desceram na Praça Mauá, com grande festa promovida pela população carioca, eles foram recepcionados carinhosamente não apenas pelo povo, mas pelos políticos cariocas. 





Claro que no desembarque, as delegações passearam pelo Centro da Cidade, visitando os principais pontos turisticos e admirados com a beleza da cidade. 

JOGADORES URUGUAIOS EM CARRO DA COMITIVA 



Depois do passeio , as delegações , incluindo a Brasileira, participaram de uma festa de gala , uma grande confraternização para promover o campeonato, que já na sua terceira edição, se consolidava como uma forte competição de carater oficial , mas com o intuito de promover e desenvolver o futebol Sul Americano. 



FESTA DAS COMITIVAS 


DELEGAÇÃO NA PRAÇA MAUÁ

Todos iriam dormir no hotel dos estrangeiros, mas a festa não poderia ser em outro lugar, aconteceu no Salão João Cantuária , no clube São Cristovão .E a festa foi marcada por uma fatalidade. O goleiro reserva uruguaio Robert Chery,23 ANOS,  passou mal e faleceu ali mesmo no local, vitimado pelo apendicite, algumas pontes apontam que foi uma hernia que estourou  .O goleiro até hoje é considerado uma lenda no Penharol. Para arrecadar fundos para ajudar a família, pós Sul Americano, Brasil e Argentina disputaram a  "COPA ROBERTO CHERY", o jogo terminou 3x3 e o troféu foi doado ao Penharol. O corpo foi velado no Pavilhão Mourisco, uma grande romaria seguiu o corpo até o barco , para onde seria levado direto para o Uruguai. 

AMIGOS LEVANDO O CAIXÃO DO GOLEIRO 





TROFÉU DO CAMPEONATO 

A reforma das Laranjeiras transformou o pequeno campo em um grande estádio , com capacidade para 25 mil pessoas, na época o maior da América Latina. No dia 11 de maio , a nova Laranjeiras estava sendo aberta com a presença dos associados do Fluminense, a população e o político Delfim Moreira. 


O Brasil era considerado um bom time, mas não era o favorito para ganhar pois , no começo dos tempos futebolísticos , uma briga regional acabou passando para os campos : a rixa Rio x São Paulo. Dias antes, uma entrevista dada pelo Sylvio Lacreca a um jornal , denunciava que , por motivos políticos, a CBD não convocou os melhores jogadores por alguns motivos obscuros, mas acabou que a notícia foi abafada.

A comissão tecnica escolhida pela CBD- lembrando que nesa época , a figura do técnico não existia- organizou um programa de treinamentos com horários de treinos bem estabelecidos, alimentação correta e aulas táticas. 

A comissão técnica escolhida pela CBD era formada por AMILCAR BARBUY, ARNALDO SILVEIRA, MARIO POLLO, AFFONSO DE CASTRO E FERREIRA VIANNA NETTO.

PARTE DE CIMA : URUGUAI X CHILE / PARTE DE BAIXO : ARGENTINA X BRASIL 

Todos os jogos foram disputados nas Laranjeiras , e o registro era de casa cheia em todos os jogos, a população abraçou o campeonato e queria ver nossa seleção campeã. O clima contagiou o time e a campanha foi digna de campeão, precisando de uma partida extra para decidir a taça. 




 

Vamos aos selecionados , os convocados para o torneio : 

BRASIL : Amílcar (Corinthians), Arlindo Pacheco (América), Arnaldo (Santos) Kapitän der Mannschaft, Bianco Spartaco Gambini (Palestra Itália), Oscar Cyrillo Carregal (Flamengo), Dyonísio Álvaro dos Santos (Ypiranga), Agostinho Fortes Filho (Fluminense), Arthur Friedenreich (Paulistano), Galo - Armando de Almeida (Flamengo), Haroldo Pereira Domingues (Santos), Héitor Marcelino Domingos (Palestra Itália), Laís - A.A. de Morães e Castro (Fluminense), Marcos Carneiro de Mendonça (Fluminense), Álvaro Martins (São Cristóvão), Luiz Maia de B. Menezes (Botafogo (RJ)), Adolpho Millon Júnior (Santos), Neco (Corinthians), Luiz Bento Palamone (Mackenzie), Antônio Picagli (Palestra Itália), Píndaro de Carvalho Rodrigues (Flamengo), Sérgio Pereira (I) (Paulistano) Comissão Técnica: Arnaldo, Amílcar, Mário Pollo, Affonso de Castro, Ferreira Vianna Netto e Haroldo Domingues

CHILE: Telésforo Báez (Santiago Wanderers), Héctor Baeza (Santiago Wanderers), Carlos Del Río (Fernández Vial (Concepción)), Aurelio Domínguez (Artillero de Costa FC (Talcahuano)), Guillermo Frez (La Cruz FC (Valparaíso)), Alfredo France (Estrella del Mar (Talcahuano)), Eufelio Fuentes (La Cruz FC) Valparaíso)), Francisco Gatica (Eleuterio Ramírez FC (Santiago)), Oscar González (Artillero de Costa FC (Talcahuano)), Manuel Guerrero (La Cruz FC (Valparaíso)), Horacio Muñoz (Fernández Vial (Concepción)), Ulises Poirier (La Cruz FC (Valparaíso)), VíCtor Varactors

URUGUAI: José Benincasa (Peñarol), Roberto Chery (Peñarol), Juan Delgado (Peñarol), Alfredo Foglino (Nacional), Isabelino Gradín (Peñarol), Rodolfo Marán (Nacional), Ricardo Medina (Central), Rogelio Naguil (Nacional), José Pérez (Peñarol), Omar Pérez (Wanderers), Ángel Romano (Nacional), Cayetano Saporiti (Wanderers), Carlos Scarone (Nacional), Héctor Pedro Scarone (Nacional), Pascual Somma (Nacional), José Vanzzino (Nacional), Manuel Varela (Peñarol), Alfredo Zibechi (Nacional) Técnico: Severino Castillo

ARGENTINA: A. Barcos (Estudiantes (La Plata)), Enrique Brichetto (Boca Juniors), Calomino - Bleo Pedro Fournol (Boca Juniors), Roberto Castagnola (Racing Club), Edwin Clarcke (Porteño), Antonio Roque Cortella (Boca Juniors), Faivre (Gimnasia y Esgrima (Rosário)), Roberto Felices (Gimnasia y Esgrima (La Plata)), Carlos Isola (River Plate), Carlos Izaguirre (Porteño), José Lailolo (River Plate), Alfredo Martín (Boca Juniors), Pedro Martínez (Huracán (Buenos Aires)), Ernesto Mattozzi (Estudiantil Porteño), Juan Nelusco Perinetti (Racing Club), Armando Reyes (Racing Club), Nicolás Rofrano (River Plate), Emilio Sande (Porteño), Ernesto Scoffano (Eureka), J. G. Shilley (San Isidro), Eduardo Uslenghi (Porteño).

LARANJEIRAS NOVINHA EM FOLHA 


O jogo de estréia do Brasil acontece no dia 11 de maio e a seleção sapecou um 6x0 em cima da seleção Chilena. Dois dias depois, no dia 13, Argentina e Uruguai se encontraram e em um jogo emocionate, a celeste venceu os hermanos por 3x2.

Na segunda rodada, O Uruguai venceu o Chile e o encontro entre Argentinos e Brasileiros não foi nada amistoso. Os brasileiros e Argentinos promoveram uma verdadeira batalha em campo , mas os donos da casa venceu por 3x1.

IMAGENS BRASIL X ARGENTINA 

IMAGENS BRASIL X ARGENTINA 

Derradeira e última rodada: A Argentina venceu o Chile e não tinha chances, pois o título ficaria com o vencedor entre Uruguai e Brasil, que venceram nas duas primeiras rodadas. 

ARGENTINA X CHILE 


26 DE maio , Brasil e Uruguai se encontraram para saber quem levaria o troféu. Em um jogo emocionate e cheio de lances de habilidade( e um pouco violento também ) a partida terminou em 2x2. Na época não existia penalts , então foi necessário fazer um jogo desempate . No dia 29 de maio , depois de 90 minutos sem gols, precisou de um prorrogação para o Brasil vencer o Uruguai por 1x0, gol marcado pelo nosso primeiro grande craque FRIEDENREICH. 

TORCEDORES NA FINAL 


IMAGENS DA FINAL ENTRE BRASIL X URUGUAI 
IMAGENS FINAL BRASIL X ARGENTINA 
BRASIL X ARGENTINA 












sábado, 2 de setembro de 2023

 

PADRE RICARDO, LOBO JR e SUA CASA! UM ARRAIAL DA PENHA ESQUECIDO PELO TEMPO!

 

LOBO JR



Dia 20 de novembro comemora-se   o dia da Consciência Negra. Não apenas possamos lembrar-nos do Zumbi dos Palmares, mas devemos lembrar-nos de tantos outros que lutaram para salvar a vida de seres humanos escravizados. Podemos associar esse importante dia na história suburbana? Claro que sim!

A negritude suburbana está presente em cada esquina, em cada rua e vivenciamos a construção de nossa cultura baseada na africanidade ancestral. O samba, a capoeira, as comidas são vestígios dessa cultura que foi implantada na nossa região.

Ainda conhecida como zona rural, o velho arraial da Penha teve um homem que lutou contra o racismo e a escravidão, desafiando os poderosos e a própria igreja, adquiriu terras e “recriou” um quilombo que tinha sido destruído em 1835, o Padre Ricardo tem profunda reação com esse quilombo e veremos essa história agora.




Engana-se quem pensa que a História do Quilombo da Penha se inicia apenas com o Padre Ricardo a partir de 1879. Segundo um registro feito, um juiz de Paz chamado João Marco  de Souza foi afastado do processo acusado de prevaricação , pois retardou o processo de acusação de negros que estavam fazendo arruaça no morro  do vai e vem , perto da região do morro da Penha, a ordem foi dada em 1835 mas devido problemas de ordem administrativa não foi executada, porém o quilombo foi destruído apenas em 1836.




A que consta o local ficou vazio até a entrada do Padre Ricardo na Basílica da Penha, ele congregou na paróquia entre 1879 a 1907 e foi sem dúvidas o padre mais importante da Igreja. Foi ele que revolucionou a festa da Penha, mandou abrir a Rua dos Romeiros e foi um pedido dele a estação da Penha de trens, um homem que marcou a história da Penha. Mas seu feito mais importante foi com certeza a recriação do Quilombo da Penha.

PADRE RICARDO 


Ricardo era um homem de princípios abolicionista e republicano, não concordava com o estio de governo monárquico, mas possuía boa relação com a família real, tanto que foi ele que recepcionou a comitiva da princesa Isabel quando a própria foi visitar a basílica. Segundo o Jornal do Brasil de 1928, ele também era empresário e dono de uma pequena fábrica de tijolos. Mas outra figura histórica que era amigo do padre e que teve grande influência na vida de abolicionista foi José do Patrocínio, onde provavelmente trocavam informações para defender os negros que fugiam das garras dos seus senhores.




O quilombo era tão importante para o sacerdote que em 1900,comprou um terreno  que hoje está o corpo de bombeiros para aumentar a área do quilombo  implantar um cemitério no local. O cemitério da Penha nunca saiu do papel, foi feito até obras para sua implantação ,mas teve tanto desvio, mas tanto desvio que as obras foram abandonadas e a futura sede do cemitério se transformou em um colégio.



O padre percebeu que inúmeros negros passavam pelas terras da basílica e se escondiam no terreno, foi quando ele teve a ideia de criar um espaço para que essas pessoas pudessem se esconder, ao mesmo tempo foi tocando seu projeto, abrindo ruas aos arredores e solicitando melhorias para a região.

Na parte de trás do morro da penha, onde hoje está o parque proletário e parte da Vila Cruzeiro, existia uma velha chácara que o padre fez questão de comprar e transformar o local em residência para os escravos fugidos, ali ele fornecia água fresca, comida a vontade e deixava-os livres para cultuar sua ancestralidade. Após a abertura de algumas ruas, o padre colocou uma cruz em um determinado loca, a fim de abençoar e os moradores começaram a chamar a localidade de “Vila Cruz”, mais tarde ganharia outro nome: Vila Cruzeiro! Inclusive a cruz sem encontra no mesmo lugar ( ou se encontrava), está na rua Sargento Ricardo Filho( informação tirada da página Vila Cruzeiro).Essa mesma Via Cruzeiro que já teve nome de Campo da Ordem e Progresso , que ganhou esse nome graças a um morador da localidade: Sr. Sebastião Benedito.

Para se chegar ao quilombo era só seguir pela Avenida Braz de Pina até em frente ao portal da Penha, ou subia a Rua Nossa Senhora da Penha, ou entrava pela rua onde hoje está o Corpo de Bombeiros.

Os negros vivam em paz no loca, tanto que na festa da Penha, era comum ver eles no meio do povo, dançando e vendendo produtos de diversas origens. Muitos deles se juntavam aos pés do portal para dançar uma música que só eles sabiam uma dança sensual e escandalosa para os padrões da época, dança essa que mais tarde daria origem ao samba, o famoso Jongo. A festa da Penha, por um breve período, foi democrática, onde brancos e negros dividiam o mesmo espaço e negros poderiam exercer a liberdade de falar, dançar e de viver!

Além do trabalho de proteger os escravizados, padre Ricardo foi um homem atuante em diversas áreas e ajudou muito com o crescimento da Penha e contava com a ajuda de outro ilustre morador local, o Coronel Lobo Jr. No ano de 1892, tornou-se membro da Comissão Rural de Irajá, grupo formado por agricultores locais buscando melhorias para os pequenos produtores e melhoramentos para o bairro. Essa comissão ajudou a pagar obras de construção, na verdade de reforma da Estrada de Irajá (atual Avenida Braz de Pina).

A vida do padre foi se dedicar ao melhoramento do bairro como um todo, ele acreditava que a Penha poderia ser a capital suburbana da religião, da cultura e do comércio. Trabalhou boa parte da vida em função do crescimento da região, para que o velho arraial pudesse de fato ser transformado em um bairro próspero. Certa vez, o padre se juntou a Manoel Alfredo Ceylão e Antônio Alves e pediram a municipalidade para bancar a construção de uma estrada de ligação ente a Pavuna ao morro do Pedregulho e da Praia Pequena (hoje região do Rio Jacaré) até a basílica na Penha, ambos os projetos foram indeferidos.



Como dono de terras em volta do morro onde está a basílica, o Padre sempre era consultado pela municipalidade para algo. Em1917, em  visita do prefeito da época , ele disse que construiria uma escola em oito dias e assim foi feito, e esse colégio foi doado para o município e ficava na rua da Estação da Penha- hoje rua dos Romeiros, onde o padre tinha diversas casas e lojas , onde ele era  o dono. Também tinha casas no caminho do Portinho – atual Lobo.  A prefeitura do Rio alugou vários dos prédios que Ricardo possuía, e o dinheiro ganho pelo sacerdote era investido em melhorias para a região.

Foi o Padre que inaugurou em 1888, a primeira feira livre da Penha, no Largo da Penha. Ele comprou as barras, arrumou o espaço, acertou o que seria vendido e ali começou a história da feira que nos anos 20, vendia de ternos a peças param montar em cavalos, de frutas e legumes a peças para uso pessoal. A autorização da feira foi dada através de um concessão e o padre pagou os primeiros funcionários. Todos os meses , nos dias 1 e 15 de cada mês, as barracas eram montadas para comercializar.




 Em 1889, Ricardo reinaugurou um grande prado de corridas para o povo e de graça. Enquanto os ricos e poderosos tinha o Derby Club no Maracanã, os suburbanos tinham o Steeple chase rural club, onde poderia ver corridas a cavalo de graça. A construção tinha arquibancada, Casa de Poule, Pavilhão Central, cerca de Arraia e Portão Principal.

Em 1890, foi um dos fundadores do CLUB RURAL DA PENHA,  aberto dia 2 de junho e foi outro órgão voltado para os pequenos produtores da região, e agora com a função não apenas de ajudar , mas de proteger os interesses dos mesmos.  O presidente escolhido foi o Sacerdote, o presidente de honra foi o Ennes de Souza e o primeiro secretário foi o Francisco Lobo Jr. Esse grupo organizaria (e o fez) comícios para arrecadar verbas para compras de novos maquinários e doar para os pequenos proprietários.  Através desse Club, Ricardo lutava por água encanada para a região e graças a ele e Lobo Jr. , teríamos um reservatório inaugurado na Serra da Misericórdia, dentro do terreno na Chácara das Palmeiras em 1912.




Muitos já ouviram falar no Porto de Maria Angú, porto e praia que ficavam entre Olaria e Ramos e local movimentado por ser ponto de entrada e saída de produtos, mais o que poucos conhecem é que o Ricardo tirou do próprio bolso e construiu um píer novo, todo reforçado para facilitar a chegada e o conforto para embarque e desembarque.

Municipalidade sempre estava presente e isso pode comprovar com as diversas visitas que o padre teve pelos prefeitos da época. Uma dessas visitas aconteceu em 1909, o prefeito Serzedello Correa foi recebido pelo Padre na estação e o prefeito e sua comitiva foram até a casa do padre almoçar e tratar sobre assuntos de melhoramento para o bairro. Visitaram diversas instalações do local, como a primeira escola aberta na Penha. Em busca de facilitar a comunicação da Penha com o resto da cidade, construiu e abriu o primeiro prédio que servia como correios.  Em 1919, foi noticiado em todos os jornais que o prefeito iria fazer uma visita ao bairro e ao que parece, o povo estava insatisfeito com o seu trabalho, já que quando sua comitiva chegou a estação da Penha, foram atacados pelos revoltosos e advinha onde o prefeito foi se proteger ? Na casa do clérigo.

Em 1917, Padre Ricardo, Lobo JR. Ennes Souza entre outros se juntaram na Chácara das Palmeiras – atual parque Ary Barroso-, e criaram um comitê de propaganda pró- lavradio, onde esses grandes proprietários de terras, iriam buscar melhorias e ajuda de custo para os pequenos lavradores de toda a região da Leopoldina.

Mas não foi a Penha que viu as benfeitorias do sacerdote, ele financiou obras publicas por Olaria e Penha incluindo a construção de capelas por toda a região. Esteve em 1917 em Marechal Hermes com o comte. De Propaganda pró-lavoura, com outros representantes da cidade para discutir também como a vida dos pequenos proprietários da região, poderia melhorar.

Esse grande homem faleceu com 81 anos, no ano de 1928, nos primeiros dias de março e  segundo informações obtidas pelo que escreve, a igreja mal tem informações sobre o Padre e a única homenagem a esse grande homem foi o nome dado a uma travessa na Penha, um local pequeno e esquecido, ele merecia o nome em uma Rua e seu corpo descansa no cemitério de Irajá.

O “Jornal do Brasil” de três de março de 1928 noticiava:

“Uma figura popular que desaparece”. A notícia se espalhou por toda a zona Leopoldinense e como se esperava, por toda a cidade, a figura de um homem que fez muito pelo Rio de Janeiro, saiu de cena. Nascido em Portugal, adotou o Brasil como sua casa e escolheu ser enterrado em Irajá, na sua nova terra, em sua nova casa, o homem Ricardo da Silva foi enterrado dia 2 de março de 1928 e sua história por muito tempo esquecida!


Vamos agora falar do grande amigo do Padre, outro português que conheceu o subúrbio e amou tanto o lugar, que lutou para melhorar nossa região, mas não te como desassociar o lar de seu dono , então vamos conhecer a história do Lobo Jr e da Chácara das Palmeiras.

A história do Lobo JR. começa exatamente no longínquo ano de 1868 em Portugal , quando nasceu o homem responsável de colocar no mundo o grande nome das terras da Penha, nascia Francisco Lobo Junior. Ainda não tem muitos registros ou trabalhos historiográficos sobre a chegada da família em terras brasilis, mas sabemos que assim que a família chegou aqui adquiriu uma boa parte do antigo arraial da Penha, mas como escrevi acima, que faria a diferença para o crescimento do bairro seria seu filho José Francisco Lobo Junior.




Vamos imaginar aquela região do parque Ary barroso um grande arraial, ou se preferir uma grande fazenda, com varias cabeças de boi e plantações, dentro havia construções que serviam de morada de toda a família e inclusive uma pequena capela particular. Na descida, uma estrada( conhecida como estrada do Portinho- atual Lobo Junior) que levava direto a praia da Moreninha. O nome do local era Chácara das Palmeiras e ficava exatamente aonde é o parque, encostado ao morro da caixa d’agua, antes chamado serra da Misericórdia. Uma boa tarte da Penha e Penha Circular pertencia a esse arraial. Deveria ser um lugar muito bonito não? Mas vamos  continuar nossa viagem.




Lobo Junior era um nome muito influente tanto na parte política, tanto na parte religiosa, um homem empreendedor. Uma grande demonstração de sua influencia perante a todas as esferas da sociedade, foi criada uma pequena estação de trem, chamada parada Lobo Junior que mais para frente foi derrubada e no local colocada uma linha circular (1930), que se destinava a permitir o retorno dos trens do subúrbio que vinham da estação Barão de Mauá, o que num momento mais a frente se tornaria a estação Penha circular. Mas sua Influencia não se limitava apenas isso, Lobo Junior conseguiu água, luz e pavimentação para a Av. Braz de Pina. Ele também construiu várias casas no inicio do bairro, doando ou vendendo parte de suas terras, podemos citar aqui dois exemplos de áreas doadas que hoje todos que passam pela Penha conhecem, alias  um conhecem até de mais o outro pouquíssimas pessoas sabem que ele existe.

O terreno onde fica o reservatório da penha foi desmembrado da chácara das Palmeiras no dia 08/08/1911, lembra quando eu disse que Lobo Junior trouxe água para a Penha?  Não foi apenas para  Penha, esse reservatório abasteceu Bonsucesso, Ramos, Olaria,Penha,Brás de Pina, Cordovil e Vigário Geral. O reservatório foi inaugurado em 1914 e era considerado um verdadeiro marco da engenharia e uma inovação, pois usou uma técnica nova, o concreto armado, ele era totalmente descoberto, tinha forma tronco-cônica, dividido em dois compartimentos. Ao centro um grande poço cilíndrico com aparelhos de manobra com capacidade de 2.000 metros cúbicos d’água. O reservatório está na serra da misericórdia- hoje morro da caixa d’água- e ocupa uma área de 2.449,30 metros quadrados. Foi desativado no final dos anos 80.

Outra parte do terreno da chácara que foi cedida para a construção de algo que ajudaria durante anos foi o terreno do hospital Getúlio Vargas. Cedido por Lobo Junior, o hospital demorou a ser construído, foi inaugurado no dia 3 de dezembro de 1936 no governo do prefeito do distrito federal Pedro Ernesto (1935-1936).

Voltando para a antiga chácara, como eu escrevi antes, dentro do terreno além de existir construções para morada do Coronel e família , existia a capela particular de Lobo Junior, a capela de Santo Antônio e Bom Jesus do Monte, era pequena mais muito usada pela família para comemorações e até velórios. Na época sempre saiam reportagens em jornais de grande circulação sobre acontecimentos a ser realizados dentro da capela e nas dependências. Chegou a sair no jornal um pedido de Lobo Junior para que se coloque o capelão de seu desejo para celebrar missas em sua capela (Jornal “A União- 13 junho de 1906).O jornal do Brasil do dia 20 de junho de 1905 registrou festejos em comemoração ao dia de santo Antonio com missa e sermão do Vigário da Penha Padre Tomel. Essas festas aconteciam todos os anos como mostra o jornal “O Paiz” do dia 23 de junho de 1907 que relata festas na parte interna e externa da capela particular de Lobo Junior e avisa que haveria uma missa as 09 horas da manhã para encerrar os festejos. Mas não era apena a festa de Santo Antonio  que fazia a pequena capela ficar lotada, no dia 22 de setembro de 1907 o jornal Correio da manhã noticiava comemorações do dia de São Cosme e Damião e o proprietário da chácara abria suas portas para a realização da festa nos dias 27 e 28, haveria uma procissão que sairia da chácara comandada pelo Vigário de Irajá e a segurança seria feita pela brigada do 15 batalhão.

Estamos vendo que a chácara era um lugar bem movimentado, muitos festejos, mas quero apresentar outra surpresa para vocês, a Penha já teve um time amador de futebol e campeão.

Sim amigos, era o Portinho F.C,  o nome do time foi dado por causa da estrada do Portinho, que era em frente a chácara e levava até a praia da Moreninha, mais tarde com a morte do Lobo Junior ganhou o nome de av. Lobo Junior. A sede social e o campo do time ficavam dentro da chácara. O time era amador, mais muito bom, ganhando vários jogos e torneiros por todo o Rio de Janeiro. O jornal “O Malho” trouxe uma parte especial de seu jornal do dia 15 parabenizando o time pela conquista do campeonato da liga esportiva, chamando os jogadores de verdadeiros heróis.




O Time foi fundado em 1909, muito interessante, por que o campeonato amador carioca começou em 1906 e já contava com uma liga secundária. Em 1902 a “Gazeta de Noticias” noticiava a comemoração de quatro anos de fundação do time, foi promovida uma grande festa para os sócios, Lobo Junior não poupa despesas e realizou um dia inteiro de festas e brincadeira que podemos destacar  a corrida de ovos na colher sendo segurada pela boca, entre outros. No dia 27 de junho de 1912 houve um jogo entre o Portinho x o Rio Branco, o jornal “O Imparcial” noticiou que o time do Rio Branco embarcaria no trem às 12h12min na Praia da Formosa (estação Leopoldina). No dia seguinte foi noticiada a grande vitória do Portinho em seus domínios.

Outra festa que foi noticiada em veículos da imprensa escrita foi o aniversário do Lobo Junior, no dia 8 de janeiro de 1915, o jornal “A época” noticiava a grande festa de aniversário que ocorreu no dia 7 em sua bela vivenda, uma festa para convidados exclusivos e que foi até a madrugada.

Mas a chácara não vivia apenas de festas e comemorações, no dia 18 de dezembro de 1917 acontecia o enterro de uma figura muito importante para a região do subúrbio, era velado na capela o senhor lavrador e proprietário das de Brás de Pina o senhor Antonio do Carmo Rodrigues, seus filhos e viúvas fazem rezar uma Missa na capela as 9 horas do dia 19 com o padre Vigário de Irajá Padre Januário Tomei. Isso nos mostra que Lobo Junior tinha uma boa relação com seus vizinhos de bairro.

A ideia de construir o parque na antiga chácara foi do Governador do Estado da Guanabara Carlos Lacerda (1960-1965) foi um grande administrador e realizou grandes obras por toda a cidade, remoções de comunidades inteiras e criação de conjuntos habitacionais. O jornal Pessoal & Gramsci e o Brasil trouxe em suas paginas uma declaração do governador dizendo que queria construir mais parques pela cidade, pois contava com poucos locais de diversão para a população.

O terreno de 50 mil metros quadrados onde seria construído o parque foi comprado por 20 milhões de cruzeiros junto ao Banco do Brasil que tinha leiloado o terreno de Hugo Borghi. Poucas pessoas sabem que no terreno funcionava a escola Mario Barreto, que quase toda semana estava sendo denunciada nos jornais pela sua precariedade nas instalações e sua falta de higiene, a escola foi fechada em 1963 e os alunos transferidos para a Rua bento Cardozo , num local com apenas dez salas de aula. As obras se iniciaram no ano de 1963 no mês de outubro, sendo de responsabilidade de fiscalizar  do diretor de Parques da Guanabara Fernando Chacel. As obras seguiram de forma acelerada, pois queria mostrar a toda população que poderiam construir um parque dessa magnitude em tão pouco tempo, a obra deveria ser entregue em 1965. A localização seria perfeita, pois está do lado do hospital Getúlio Vargas e do recente viaduto construído João XXIII. O Valor estimado da obra foi de 150 milhões de Cruzeiros. O projeto dividia o Parque em três importantes áreas: áreas dos lagos e cascatas (que era abastecido pelo reservatório), área esportiva e área administrativa. Desde o começo o governo da Guanabara fiscalizou quase que diariamente as obras, tanto que o jornal Correio da Manhã na sexta feira do dia 10 de abril noticiou que o chefe do poder executivo iria pessoalmente vistorias as obras do conjunto recreativo da Leopoldina.

O rio de janeiro contava apenas com cinco grandes lugares de lazer para a população, detalhe, nenhum no subúrbio carioca, nenhum para que a população mais pobre pudesse desfrutar de um domingo de lazer, um dos poucos lugares ou talvez único do subúrbio era a princesinha da Leopoldina, a Praia de Ramos. Os parques eram: Na época a cidade só contava com cinco grandes parques: Quinta da Boa Vista, Campo de Santana, Parque Viveiro de Vila Isabel, Parque Guinle e Parque da Cidade.

 

A construção do parque ficou de responsabilidade do arquiteto Pedro Paulino Guimarães, que pregou o projeto elaborado pela equipe de estudos e Projetos do Departamento de parques, colocou seus toques pessoais e organizou todo o projeto. O terreno foi um verdadeiro desafio, era um terreno rochoso, rocha essa de granito. A vegetação apensar de pequena era bastante espessa. Ela foi cuidada devidamente e complementada com uma massa de espécies arbóreas de floração rica e viva. Mais de trezentas espécies de vegetação entre plantas e arvores foram trazias e plantadas, importante citar que só de arvores existia 130 espécies. Quaresmeiras roxas e rosas, ipês roxos, amarelos e brancos, mulungus, espatódeas, flamboyants vermelhos, cássias amarelas e roxas. Árvores que medem de 3 a 5 metros de altura, vindas de São Paulo, chácaras particulares, viveiros da Prefeitura e muitas são reutilizadas de áreas atingidas por obras e demolições. Algumas mangueiras foram reemplantadas no parque, pois foram retiradas da área onde foi construído o viaduto da Penha João XXIII. As cascatas artificiais são movimentadas por bombas que fornecem uma lâmina de água de 10 cm de altura por uma extensão de 3 metros. A água é bombeada da casa de bombas para a nascente, desce em cachoeira sobre os dois lagos e é recolhida novamente para ser bombeada. Sendo assim, a mesma água sem haver desperdícios, mas também há registros que a água do reservatório foi usada algumas vezes para abastecer o lago .A área de esportes terá 3 quadras (futebol e basquete) com arquibancadas e um vestiário, área essa que pertencia a sede do Portinho F.C. A região administrativa da Penha era o responsável de abrir e fechar os portões da obra. O local era policiado por quatro guardas que se revezava (naquela época a violência não era tanta) e foram usados 36 trabalhadores nas obras. A administração do parque funcionava junto aos vestiários e sua principal função era evitar novas construções que poderiam de alguma forma interferir no tratamento paisagístico. Por isso o parque não teria bancos e as pessoas teriam que aproveitar as muretas de concreto. Segundo o secretário de obras públicas, uma das maiores preocupações dos arquitetos, era a beleza com que ficaria o parque.

A notícia se espalha, a imprensa escrita e falada comenta o grande dia, rádio Tupi, Diário de Noticias e Jornal do Brasil escreve sobre a grande inauguração Parque Ary Barroso, parque esse que custou um total de CR$220.000.000,00(que recebeu essa homenagem devido ao grande compositor ter morrido em 1964 e era grande frequentador da festa da Penha). Ao mesmo tempo outros parques eram inaugurados pela cidade, no dia 26 de setembro de 1965, às 15 horas, por portões eram aberto, com uma grande festa com a participação dos alunos da Escola Normal da Penha, que cantaram um hino inédito escrito pelo mestre Ary Barroso, o nome do rio era Rio anos 400(1965 a cidade estava completando 400 anos). O parque foi o primeiro e grande parque do subúrbio e que iria beneficiar toda a região da Leopoldina, pois todos teriam acesso ao parque, antes a maioria se dirigia ao Parque da quinta da Boa Vista. Houve até um aumento considerável de linhas de ônibus para poder levar aqueles que desejavam visitar o parque e, além disso, estava ocorrendo o processo do fim definitivo dos bondes.

 

 

 

Um fato curioso é a história da cadela Bocanegra. A bichinha  foi abandonada ainda no inicio das obras do parque e foi rapidamente adotada pelos funcionários da obra. Durante o dia ficava ao lado dos trabalhadores, a noite ajudava na segurança do parque,mesmo depois das obras terem acabado e o parque aberto, Bocanegra adotou o lugar como seu eterno lar, ficava descansando nas sombras das arvores e bebia água no lago.Bocanegra não estava sozinha não, em meio as arvores existia dois macacos que infernizava os freqüentadores do parque, fora que no lado existia no lago peixes dourados, saracuras, gansos, jacus e pavões, era um verdadeiro paraíso no subúrbio , as famílias se reunião todos os dias , mas principalmente nos finais de semana. O Parque ficava aberto horário comercial e fechado durante a noite.

Em janeiro de 1969, é anunciada a construção da primeira piscina pública no interior do Parque Ari Barroso. Em março esta idéia foi descartada, pois para que o projeto fosse realmente a frente, teriam que retirar as quadras de esporte.

Outra curiosidade é que por um tempo o parque mudou de nome, passou a se chamar arraial do tri-campeão em homenagem ao time do Brasil campeão da copa do Mundo de Futebol no México em 1970, isso foi até noticiado no “Correio da manhã” no dia 24 de junho de 1970.

Infelizmente pouco tempo depois de sua inauguração o processo de degradação do parque teve seu inicio, com momentos de melhora, mas que por culpa de governo e da população culminou no abandono do parque.

O Orgão que tomava conta do parque, a Sursan( Superintendência de urbanização e saneamento) foi extinta no inicio dos anos 70 e nenhum outro órgão assumiu a administração do parque, passou a ficar totalmente abandonado, entregue a própria sorte, suas instalações começaram a ficar degradadas. Apenas em 1972 foi criado outro departamento para cuidar dos parques e jardins e voltou a cuidar do parque. Imaginem um parque que tinha a média de mil pessoas visitando todos os domingos ficava sem o cuidado necessário?

A cidade do Rio de Janeiro passou por várias crises hídricas em sua história, um desses anos foi o de 1974, a cidade enfrentou uma escassez de água, reservatórios em baixa e a Penha e o Parque sofreu com isso. Como a água que já era pouca não chegava ao alto dos morros em volta do parque, os moradores desciam para o parque para tomar banho e lavar suas roupas, usavam o lago para realizar isso, lembramos que isso era proibido, mas era muitas pessoas ao mesmo tempo e não tinha como controlar. Em 1979 mesmo com várias atrações como campeonato de pipas, colônias de férias e circo dentro do terreno do parque, o parque estava enfrentando o abandono do governo público, além as instalações ficando ruins e obsoletos, a segurança já não era motivos para elogios e a água já não era limpa e tampouco boa usar em brincadeiras.Anos 80 começa uma reação em cadeira onde todos os parques da cidade começam a ficar abandonados e toda a natureza cuidada durantes anos começa a desaparecer e junto com eles, seus frequentadores. Nessa mesma época começou a ter o registro dos primeiros casos de assalto a populares, como não existia mais segurança e o parque abandonado, estupros e assaltos eram constantes, usuários de drogas invadiam o terreno, prostitutas usavam o local como ponto de sexto, e a cada dia que passava, o número de frequentadores iria diminuindo. Em 1984 funcionou com menos da metade dos funcionários (13 de 28), mas estava bem cuidado.

 

Frequentadores só reclamavam das sujeiras geradas por religiosos que enchiam o parque seus rituais e dos desocupados. O encarregado, na época, reclamava das pessoas que invadiam o parque à noite. Pois os muros não haviam sido totalmente construídos.

Em 1992 o parque passou pela sua ultima grande reforma, o que trouxe um pouco de dignidade, tanto que Dorinha faziam alguns show no local interpretando canções de Ary Barroso, voltou a ter programas voltado para a população como aulas de capoeira e aulas de Tai-Chi-Chuan, mas isso não iria durar muito tempo.

O globo. Com realizou uma reportagem mostrando como um parque tão lindo em seu começo chegou a esse estágio de completo abandono, mesmo depois da inauguração da Arena Dicró e a implantação da base do exército, depois da UPP e da Upa ao lado, o parque jamais voltou a ser aquele orgulho da Penha, nos dias de hoje praticamente ninguém visita o local, exceto usuários de drogas e bandidos, todos tem medo de ir para o lado do antigo lago e da cascata, o parque infelizmente acabou e como suburbanos que amam nosso querido bairro e nosso parque, deveríamos olhar com carinho para esse monumento histórico, esse monumento que conta um pouco da história não apenas da Penha, mas de todo Rio de janeiro.

-Carlos Lacerda assinou o decreto definindo o nome do parque em 13 de fevereiro de 1964:

“O parque em construção na Penha, entre as ruas Flora Lobo e Lobo Junior e a av. Brás de Pina, em frente ao Hospital Getúlio Vargas e Viaduto João XXIII, passa ter a denominação Oficial de Ari Barroso” (Diário Carioca – Edição:11015/pág.6)

 

 


 

 

sexta-feira, 4 de agosto de 2023

MADUREIRA CAMPEÃO

 TORNEIO HILTON GOSLING - MADUREIRA CAMPEÃO DE 1977 !



O Madureira é um das equipes mais tradicionais do Brasil, está no bairro de mesmo nome , terra de diversos jogadores, terra do samba e de um dos melhores comércios do Rio de Janeiro . O clube muito conhecido pelos seus bons time e títulos, time esse que já teve um dos trios de ataques mais poderosos do Rio , os "três patetas", duas vezes vice campeão Carioca, Bi campeão do Torneio Início e Campeão da Copa Rio. 




Hoje iremos ver um dos títulos da vasta galeria do Madureira, o torneio Hilton Gosling , um torneio preparatório para o Carioca que os clubes participantes levavam bem a sério . O torneio foi disputada pelas sete equipes da capital que disputavam o campeonato carioca , com a excessão dos grandes: MADUREIRA, BONSUCESSO, OLARIA, PORTUGUESA, BANGU , CAMPO GRANDE E SÃO CRISTOVÃO .



O regulamento era bem simples : turno único , todos contra todos , quem fizesse o maior número de pontos seria o campeão. Se duas equipes terminassem empatadas, teria um jogo desempate. Todos os jogos aconteceriam aos sábados e domingos.  Era um torneio para abrir a temporada e as equipes entravam com suas equipes principais e conforme iriam contratando , os contratados entravam em campo. 



O torneio cmeçou no dia 15 de Janeiro de 1977 e foi patrocinado pela Loteria Esportiva, então todos os jogos era anunciados para os apostadores e o torneio tinha um cobertura completa do JORNAL DOS SPORTS , que dedicava uma página inteira sobre o assunto . 

Infelizmente eu não consegui achar o placar de todos os jogos e algumas partidas não achei , mas a maioria das partidas eu consegui e vou mostrar rodada a rodada. 


1º RODADA : MADUREIRA 1X0 BANGU-PORTUGUESA 0X1 CAMPO GRANDE-OLARIA 0X0 BONSUCESSO- FOLGA SÃO CRISTOVÃO





2º RODADA : SÃO CRISTOVÃO 1X2 MADUREIRA - PORTUGUESA 2X2 BONSUCESSO- PORTUGUESA 2X2 OLARIA -FOLGA CAMPO GRANDE



3ºRODADA: MADUREIRA 1X1 OLARIA-BONSUCESSO 1X2 BANGU- CAMPO GRANDE 1X1 SÃO CRISTOVÃO- FOLGA OLARIA 




Na quarta rodada comçou a pipicar notícias importante sobre os clubes: Jair Pereira estava estreiando nessa rodada no ataque do Bangu, Alfredo Brandão técnico do Bonsucesso estava estudando nos EUA e quem comadava o time era o seu auxiliar, o prof. Ademar .Tião Marcal assumia o comando do Campo Grande e o Bangu apresentava Alfredo Gonzales como treinador.

4º RODADA: OLARIA ?X? PORTUGUESA- SÃO CRISTOVÃO ?X? BONSUCESSO- BANGU 4X0 CAMPO GRANDE- FOLGA MADUREIRA 




Confusão no jogo entre Olaria e Portuguesa: Ambas as equipes ameaçadas de colocar os juvenis nas próximas partidas devido a uma briga generalizada que acabou com a expulsão de 22 jogadores e isso tudo registrado em súmula. Segundo a súmula , a briga começou com quatro jogadores , que se estendeu para outros 18. Não satisfeito ainda teve invasão de torcida e o jog foi encerrado antes do tempo. 

5º RODADA :  PORTUGUESA 2X2 BANGU- CAMPO GRANDE0X1 MADUREIRA-OLARIA 1X0 SÃO CRISTOVÃO- FOLGA BONSUCESSO 









6º RODADA: MADUREIRA ?X? PORTUGUESA-BANGU?X? SÃO CRISTOVÃO-BONSUCESSO?X? CAMPO GRANDE- FOLGA OLARIA 

Jamery Calameni, presidente do Olaria queria jogar a partida de novo , começando do zero contra a Portuguesa, mas os dirigentes da Portuguesa queriam os pontos da partida,já que alegavam que a culpa é do Olaria .Chega ao São Cristovão o experiênte Afonsinho.

7º E ÚLTIMA RODADA : SÃO CRISTOVÃO 1X1 PORTUGUESA-BONSUCESSO 2X0 MADUREIRA- CAMPO GRANDE 0X2 OLARIA- FOLGA: BANGU .





Com os resultados, Madureira e Bangu terminaram empatados na primeira colocação e era necessário fazer uma partida extra para decidir o campeão. A partida sera disputada no campo do América no Andaraí , a torcida do Bango se mobilizou em peso para ir ver o jogo , era o encontro da melhor equipe  ( BANGU) X a equipe mais equilibrada(MADUREIRA). 



O jogo teve dominio do time da Zona Oeste, o Madureira se segurou os 90 minutos para não levar o gol e pouco chegou ao ataque, conseguiu levar a partida para a prorrogação . Mantendo o status do tempo normal a partida acabou indo para  os penalts , depois de um 0x0 no tempo normal e na prorrogação. Três penalts para cada time e ambas as equipes converteram . Depois da sexta cobrança os dirigentes decidiram encerrar a partida e dividir o título , que desagradou os dirigentes da federação e o caso foi parar no TJD que acatou a decisão dos clubes e aceitou a divisão dos títulos!.Acabou que a Federação acabou aceitando e concordou com a divisão .




BANGU E MADUREIRA CAMPEÕES !



O torneio foi um termômetro para o campeonato carioca de 1977, das equipes campeãs , Bangu se manteve na parte de cima da tabela e o Madureira abaixo do esperado, mas nada vai apagar a bela campanha e o título do tricolor suburbano.