O Gêneses
carioca: Vamos viajar por Ramos
È de suma
importância estudar nossas origens a fim de dar valor a nossos bairros. O
processo de melhoramento de uma localidade passa pelo amor de sua população,
pelo reconhecimento de sua história.
Já passamos
por Bráz de Pina e Cordovil, hoje vamos viajar por Ramos, um bairro pioneiro do
samba, lugar de artistas, de famílias influentes e de uma praia já chamada “
Copacabana do subúrbio “.
Vamos
entender como a terra dos índios Tamoios se transformou no belo bairro nos dias
de hoje.
Voltando ao
passado: A história do Engenho
Teve importante papel na economia da cidade, com a larga
escala de sua atividade açucareira e lavouras de subsistência para o mercado
interno. Havia ali uma grande pedra explorada como pedreira, já desaparecida.
As terras da Fazenda do Engenho da Pedra abrangiam os atuais bairros de Olaria,
Ramos, Bonsucesso e parte de Manguinhos, ocupando a maior faixa do chamado “Mar
de Inhaúma”, situado entre o porto de Maria Angu próximo à Penha e à Ponta do
Caju, correspondente hoje em grande parte à região da Maré. Na atual Praia de
Ramos desembocava a Estrada Velha do Engenho da Pedra.
Voltaremos ao ano de 1613, quando nesse ano foi fundada a
Fazenda do Engenho de Santo Antônio da
Pedra com sede no terreno aonde hoje é a Avenida Brigadeiro Trompowsky até o
Iate Clube de Ramos. Provavelmente era um engenho de açúcar e usava escravos
para o trabalho (ainda em pesquisa). Quem adquiriu as terras foi à família
Souto Mayor.
Cem anos depois, em 1713, a fazenda foi dividida em duas,
onde se deu a origem a fazenda do Engenho da Pedra e a de Nossa Senhora de Bonsucesso .
A de Nossa Senhora de Bonsucesso foi adquirida por Francisco Luiz Porto,
casado com Cecília Vieira de Bom sucesso, que mandou construir uma pequena
capela de madeira, a de Nossa Senhora de Bonsucesso, no porto de Inhaúma, atual
acesso a linha amarela.
Em 1792 as fazendas foram reunificadas pelo Sargento mor
José Dias de Oliveira, avô de Leonor Mascarenhas de Moraes. Com o passar do
tempo, a produção de cana de açúcar foi sendo substituída pela de café.
Toda essa região pertencia a sesmaria de Inhaúma e se
estendia pelos bairros de Manguinhos, Bonsucesso , Ramos e Penha, antes
pertencentes a freguesia de Irajá, criada em 1644, porém em 27 de janeiro de 1743
foi desmembrada dessa freguesia , dando origem a Freguesia de Inhaúma. Essa
freguesia tem como nome original Freguesia de São Tiago de Inhaúma, teve como
primeiro proprietário o vigário – geral Clemente Martins de Matos, por doação
feita pelo padre Custódio Coelho em 1684.
O Vale de Inhaúma tinha extensa terra fértil, totalmente
povoada e elaborada pelos padres jesuítas com ajuda forçada dos escravos.
Depois da expulsão da Companhia de Jesus, as terras foram confiscadas e
repassadas.
No século XIX( algumas biografias dizem no meio do século e
outras no final ), a fazenda de Nossa Senhora do Bonsucesso chegava nas mãos de
Leonor Mascarenhas de Oliveira, que solteira, deixou treze lotes em testamento
, a serem divididos entre seus parentes e amigos.
Ao seu filho de criação, o Padre David Semeão ,” preto de
boa criação”, coube a casa, a capela de Santo Antônio de Lisboa e a fábrica de
aguardente da fazenda do Engenho da Pedra. Outro lote foi para o Doutor João
Torquato de Oliveira, formado em medicina, era filho da escrava Delfina, herdou
a casa da fazenda Nossa Senhora de Bonsucesso, região que hoje forma o centro
de Ramos e Bonsucesso. Os outros onze herdeiros ganharam terras entre o Engenho
da Pedra e o Porto de Mariaangu.
Porto Maria Angu |
Praia Maria Angu |
Em 1870, a viúva de Torquato, a Irlandesa Francisca Hayden ,
vendeu algumas de suas terras ao capitão José Fonseca Ramos , secretário da
Academia militar da Corte, um homem poderoso e de influência. A fazenda dos Bambus foi adquirida pelo capitão
e foi o começo do nascimento do bairro de Ramos.
Os descendentes do velho capitão tiveram a ideia de começar
a urbanizar a fazenda, transformar o local num lugar de residência, isso foi
muito impulsionada pela passagem da linha de trem da Estrada de Ferro do Norte,
futura Leopoldina. A companhia fez um
acordo com o capitão , pedido autorização para passar com a estrada de ferro(
era um costume da empresa ), então ele solicitou uma parada para sua família
ser beneficiada pela novidade tecnológica, foi ai que nasceu a parada Ramos.
Pouco depois a fazenda foi vendida para o português Teixeira
Ribeiro, que foi casada com a filha do Torquato. Ele e seu filho, João Teixeira
Ribeiro Junior lotearam as terras e começaram a abrir ruas, viram isso como um
bom momento de adquirir um bom dinheiro, já que
cidade estava se expandido para antiga zona rural. Essas ruas foram
abertas sem água encanada e nem luz, porém foi o começo da urbanização.O bairro
adotou o nome da parada do trem e as primeiras ruas foram abertas :
1-
Uranos
2-
Professor Lacê
3-
Aureliano Lessa
4-
Euclides Farias
5-
Roberto Silva
6-
Teixeira Franco
Nessas ruas forma surgindo s primeiros casarões, onde
famílias com suas pequenas chácaras habitavam esse local novo. Na Rua Professor
Lacê surgi a primeira escola da Região , hoje a Escola Padre Manuel de Nóbrega.
Abrindo um parêntese bem interessante sobre esse colégio. Em 1900, a professora
Leopoldina Rêgo, da família dos Regô, donos das terras de parte de Ramos e
Olaria, junto com seu marido João Alfredo do Amaral, abriram as salas da frente
de sua linda residência para o funcionamento de uma escola, Leopoldina era neta
de uma dos primeiros moradores da região, José Francisco Ferreira Rêgo, e foi
uma das primeiras professoras do bairro. Em 1914, a prefeitura comprou o imóvel
e abriu uma escola, a escola Paraguai, hoje Padre Manuel de Nobrega. O primeiro
diretor foi Rodolfo Lacê (que daria o nome a rua) e Leopoldina trabalhou como
professora no local.Ela alfabetizou tantas pessoas que ganhou em homenagem o
nome de uma rua, rua essa que liga de ponta a ponta Ramos e Olaria.
Outro Personagem significativo de Ramos foi João José
Batista, popularmente conhecido como “Andorinha”, caixeiro- viajante da Fábrica
de Tecidos Andorinhas. Essa atividade fez com que ele acumula-se uma fortuna, já que o Brasil , no
começo do século XX, viviam basicamente do café e da produção Textil. Batista
construiu a primeira mansão de Ramos, sua casa, onde hoje está o Sesc de
Ramos EM sua residência , constantemente
eram feitas reuniões de kardecistas, que atraia grande público. Todas as casas
construídas a mando do Andorinhas tem em sua faixada adornadas com duas
andorinhas, e até hoje ainda resiste algumas dessas residências.
Por volta de 1910, parte das terras ainda virgens do Padre
Semeão, chegaram as mãos do coronel Joaquim Vieira Ferreira, membro ativo de uma ilustre família
de médicos , advogados e militares. Ele foi o fundador do periódico Cosmopolita
que circulou entre 1912 a 1917 e tinha sede na rua do Ouvidor. Nessas mesmas terras , o coronel
fundou a Vila Gérson , nome em homenagem a seu primogênito , falecido ainda
jovem. Junto com sua esposa , Ruth Ferreira ( nome de rua ) fundaram ali a
Escola Gérson , em 1911. A escola oferecia vários cursos para crianças carentes
da região
“De Olaria chegamos a Ramos, reduto também de Guimbaustrilho
e, principalmente, da Imperatriz. Salve Ramos, terra de Bala Ruth”
Nei Lopes
Ramos Atual
...
Bairro da
Zona da Leopoldina( subúrbio), na Zona Norte da cidade do Rio de Janeiro,é um
bairro carioca tradicional e um dos principais redutos do samba e chorinho
carioca, terra onde Pixinguinha ficava .Faz
limite com os bairros Olaria, Complexo do Alemão, Bonsucesso e Complexo da Maré
na Avenida Brasil. Seu IDH, no ano 2000, era de 0,857, o 47º melhor da cidade
do Rio de Janeiro.
Pontos
turísticos de Ramos
Estação trem
"Ninguém
sabia porque Ramos assim se chamava. Como eu trabalhava na Prefeitura, fiz a
pesquisa. Resultado: tive as maiores decepções até descobrir a quem pertenciam
as terras da estação de trem. Estas pertenciam à família Fonseca Ramos, que
cedeu uma faixa para colocar o trem, em 1886, mas com a condição de fazer uma
estação para a família quando essa viesse passar o fim de semana no sítio.
Antes, era de São Francisco Xavier direto até a Penha. A inauguração da estação
de Ramos foi em 23 de outubro de 1886" (João Gonçalves de Lima Filho e
Bete Silva, 2004).
Em 1986, a
locomotiva Pacific 327 a vapor comemorou os 100 anos da estação e do bairro.
Marco
Inaugural da Antiga Rio- Petropolis
Fica no quilometro
3 da rua Uranos, quase em frente a rua Senador Mourão Vieira. As ruas da
Leopoldina eram caminho obrigatório para quem ia a Petrópolis. Com a abertura
da Avenida Brasil em 1946, a Rua Uranos deixou de ser parte do trajeto de
subida da serra.
Colégio
Cardeal Leme
O nome do
colégio é uma homenagem ao clérigo católico Sebastião Leme de Oliveira
Cintra(1882-1942), que foi elevado a cardeal pelo Papa Pio XI, em 1930, e
assumiu logo depois a arquidiocese do Rio de Janeiro. O colégio foi fundado nos
anos 20, graças a iniciativa da família Mourão Vieira, um de seus filhos, o
Antonio Mourão Vieira Filho era educador e se tornou um politico influente da
região , sendo três vezes vereador.
Social Ramos
Clube
Localizado
no antigo Sítio dos Bambus, foi inicialmente o Centro Progressista e Social de
Ramos, fundado por comerciantes locais que decidiram transforma-lo em um clube
recreativo. As atividades começaram em 1947.
Imperatriz
Leopoldinense
A fundação
da escola de Samba foi no dia 6 de março de 1959, com as cores verde e branco.
A escola surgiu na dissidência do bloco Recreio de Ramos. Seu crescimento foi
rápido e, desde 1965 está entre as grandes do carnaval. O nome foi uma
homenagem a todos os bairros servidos pelo trem da linha Leopoldina.
Cacique de
Ramos
1961-
reunião de amigo em Ramos, surge o Cacique de Ramos, sendo fundado pelos irmãos
Bira, Ubirany e Ubiracy, e os amigos Walter Tesouriha e Aymoré do Espírito
Santo
Bibliografia
Freguesias
do Rio Antigo
Evolução
Urbana da cidade de Rio
Ramos ,
Olaria e Penha
diariodorio.com
http://camposelima.blogspot.com.br/2010/12/o-bairro-de-ramos.html