terça-feira, 11 de junho de 2019

O Milagre da Penha- Lugar onde a vida vence todos os dias!

o hospital sempre precisou de ajuda para se manter de pé.



Quando falamos de certas localidades do subúrbio imaginamos inúmeras coisas- mortes, assassinatos, roubos, falta de estrutura, etc.. Mas quando falamos que existe pontos turísticos em nossa região a única coisa que eu escuto é risada. Mas quem diria que um desses pontos é o responsável de salvar milhares de vidas todos os anos. Escondido numa rua na Penha Circular, o Hospital Mario Kroeff é responsável por salvar milhares de vidas, sobrevive apenas por doação e ao amor de seus profissionais. Nesse artigo vou apresentar um pouco sobre ele a todos os leitores, como surgiu, sua história, suas dificuldades e suas vitórias.


O HOMEM
Antes de falar do hospital, é necessário conhecer um pouco sobre o homem responsável pela maravilha do bairro, Mario Kroeff. Um verdadeiro pioneiro na luta contra o câncer, o professor Mário Kroeff nasceu na cidade de São Francisco de Paula RS, 13 de outubro de 1891. Nascido na fazenda do Potreirinho, no noroeste do estado. Realizou seus estudos primários e na cidade de Taquara do Novo Mundo e depois foi morar em Porto Alegre, onde cursou o secundário.

Depois de prestado o exame global de grande madureza, no Ginásio Júlio de Castilhos em 1910, matriculou-se na escola de medicina daquela cidade, onde cursou os dois primeiros anos. Transferindo-se em 1912 para o Rio de Janeiro, recebeu o diploma de médico na turma de 1915. No sexto ano fez concurso para interno acadêmico do Pronto Socorro Municipal. Depois de formado regressou ao Rio Grande do Sul para exercer a vida como clínico no interior do estado. Em 1918 regressou ao Rio de Janeiro, onde ingressou no corpo de saúde da Armada. Nomeado primeiro-tenente, serviu no Hospital Central da Marinha, na Ilha das Cobras, e logo depois na Escola Naval de Angra dos Reis. Quando em 1918 o Brasil organizou a Missão Médica Militar para prestar serviços na França, foi escolhido pelo ministro Alexandrino de Alencar. Terminada a guerra permaneceu em Paris, integrando o corpo médico-cirurgico do hospital brasileiro, instalado na Rua Vangirard.

Aproveitando a estadia na Europa, frequentou cursos de cirurgia. Regressou ao Brasil após ter sido condecorado na França por serviços de guerra. Concursado para inspetor de saúde pública no recém criado Departamento Nacional de Saúde Pública, deixou a Marinha em 1921, para chefiar o dispensário de doenças venéreas, convidado por Eduardo Rabelo. Viajou a trabalho para Alemanha e França em 1924, voltando ao Brasil em 1926 para trabalhar na clínica de Brandão Filho, na Santa Casa. Ali praticou a primeira operação de eletrocirurgia em câncer realizada no Brasil, com aparelho trazido da Alemanha. Até então, o câncer era considerado incurável no país.

Fundou o primeiro núcleo oficial de combate ao câncer no Brasil, chamado Centro de Cancerologia, no bairro do Estácio, em 1938. Foi eleito para a Academia Nacional de Medicina em 1940. Em 1941 fundou o Serviço Nacional de Câncer. Durante a Segunda Guerra Mundial viajou aos Estados Unidos para adquirir radium. Em maio de 1946 transferiu o Serviço Nacional de Câncer para o Hospital Gaffre e Guinle, na Tijuca. Fundou a Sociedade Brasileira de Cancerologia e a Associação Brasileiro dos Cancerosos, que mais tarde se converteria no Hospital Mário Kroeff. Fez a primeira exposição sobre câncer no Brasil, patrocinada pelo Jockey Club Brasileiro, em 1948. Chefiou o Serviço Nacional de Câncer até 1954, substituído pelo ministro Miguel Couto Filho. Presidente do Conselho administrativo que coordenou as obras do Hospital do Servidores do Estado.

No fim da vida dedicou-se a literatura através de três livros: Imagens do meu Rio Grande, Ensarilhando as armas e O gaúcho na panorama brasileiro, este último com a renda das vendas destinada exclusivamente ao término do Hospital Mário Kroeff.( trecho retirado de sites).

O HOSPITAL
Bernadete foi um exemplo de luta, a professora veio para o rio se tratar , mas acabou ajudando várias almas...

Mario queria fazer muito mais pela cidade e pelo país, queria poder vencer essa doença maligna e levar paz a seus pacientes, queria também um local onde os cancerosos pudessem ter um final digno. Quando o cliente era diagnosticado com a doença em fase terminal, o mesmo era jogado ou abandonado ela família, morria à mingua. Foi então que o professor se reuniu com pessoas notáveis da saúde e de pessoas públicas

A primeira reunião foi registrada no Livro Ata aberto dia 07/06/1939 e contem registros até a ano de 1957, a primeira reunião foi realizada no dia 27 de junho de 1939 as 17:30, no salão nobre da Associação dos Empreendedores do Comércio do Rio de Janeiro, em seu salão nobre, na Avenida Rio Branco. Ilustres presentes estavam nessa reunião, dentre eles Irineu Marinho e Darcy Vargas. 

A reunião tinha como finalidade a criação de uma associação para o combate ao câncer e que fosse do alcance para todas as classes. O Instituto Nacional do café realizou a primeira doação para a futura associação, o valor foi Dez Contos de Réis (10:000#000). O Instituto do Álcool e Açúcar realizou a segunda doação, a modesta quantia de dois Contos de Réis (2:000#000), mal sabiam que essa quantia seria determinante para a compra do local onde seria fundado o hospital.

Dando sequência a reunião foi escolhida a mesa diretora e foi composta por:
Presidente de Honra: Darcy Vargas
Presidente: Dr. Edmundo Pinto
Vice-Presidente 1: Jovita Silva
Vice-Presidente 2: Germânia Carneiro
Diretor Técnico: Mario Kroeff

DARCY VARGAS

MARIO KROEFF

IRINEU MARINHO

Foi votado a mesa diretora, assim como foi definido o nome de “ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ASSITÊNCIA AO CANCEROSO”, e o projeto do asilo foi apresentado e votado por aclamação, todos adoram e aprovaram o projeto sem ressalvas.

A segunda grande reunião seria realizada e registrada no livro Ata do dia 7 de agosto de 1943. Nessa reunião a Dra. Camila Furtado Neves refere-se a um terreno imenso que tem um casarão que pertencia a uma francesa que se encontrava a venda a um bom preço, na Rua Magé no bairro da Penha. A proprietária estava pedindo C$210.000,00(duzentos mil cruzeiros). Devido a doações recebida ao longo dos anos foi possível a compra do terreno.

Terreno comprado na Rua Magé 326, foi fundado o Asilo dos cancerosos, e essa abertura foi possível graças a uma doação de Antonio Gonzaga, o asilo foi aberto com 4 pacientes incuráveis que eram mantidos mediante a doação de 5 a 10 cruzeiros/mês para cada um. O Hospital sempre foi filantrópico, sempre dependeu de doações para sobreviver, no seu início chegou a receber verbas federais, mais isso durou pouco tempo, ao longo de sua história teve que procurar ajuda a instituições privadas e ajuda do povo.

Mario Kroff e seus diretores sempre procuravam aumentar o asilo para receber mais pessoas com a doença em estágio terminal, mas ao longo dos anos, eles queriam transformar aquele asilo em um local que também pudesse tratar e curar a doença. Então em 1953 iniciou uma grande reforma e nesse mesmo ano o asilo se transformou em uma unidade hospitalar e em 1969 ampliada mais uma vez e ganha a capacidade até para fazer cirurgias.

UMA LEGIÃO DE MULHERES

A legião feminina é uma entidade particular fundada em 1951 que sempre caminhou lado a lado do hospital, ajudando com doações, realizações de eventos para arrecadar fundos e ajudando na mão de obra do hospital.  A revista Fon Fon de 1 de setembro de 1956 mostra um grande evento realizado pelas mulheres contra o câncer de mama, o intuito dessa campanha era para ensinar as mulheres mais pobre a achar os nódulos que poderia ser o câncer, também foi realizado palestrar para alertar a população em geral.

“A Tribuna de 22 de dezembro de 1993 noticiou que a legião consegue manter com todos os seus esforços, a ala destinada para o tratamento de crianças, e ressalta a importância das doações.
A legião sempre participou ativamente de tudo no hospital, participavam constantemente de programas na rádio Tupi, faziam festas no Ramos Tênis Clube, no Bonsucesso, entre outros a fim de arrecadas fundos para o hospital, promovia cursos para educação sobre o câncer, é uma ordem parceira do hospital. 


VIVENDO DE DOAÇÕES
Como já descrevi, o hospital sempre viveu de doações e infelizmente devido à falta de apoio da parte pública, já quase fechou as portas algumas vezes. Lions, Rotary, Vasco, Flamengo, Zico, todo famoso ou grande organização já ajudou um pouco o hospital.


Inúmeros exemplos são citados nos jornais de outras épocas e vemos como é interessante ver a mobilização dos envolvidos em sempre querer ajudar o hospital. O hospital já recebeu a ajuda da Associação Brasileira de Administradoras de Imóveis (doação de C$3.020.000,00 Cruzeiros), O presidente militar Médici prometeu uma ajuda ao hospital. Outro presidente militar que ajudou o hospital foi Castelo Branco que determinou que o camarote oficial para o baile de gala do carnaval da segunda feira fosse vendido e tudo arrecadado doado para o hospital. A rádio tupi em 1956 promoveu um grande show em favor do hospital, show esse com a presença de Caubi Peixoto, Emilinha Borba entre outros. (Revista Rádio 1956).

No ano de 1985 foi realizado pela Light uma campanha de arrecadação através da conta de luz e segundo o periódico “O Fluminense”, em 1983, a prefeitura de São Gonçalo fez uma boa contribuição ao hospital, fazendo campanha de arrecadação através do IPTU.


Quem ler esse pequeno artigo, procure o hospital e faça uma doação , pode ser roupa, produto de limpeza , dinheiro , visita aos doentes, o local ajuda a salvar milhares de vida e precisa do apoio da população local , vamos contribuir.


BERNADETE, QUE EXEMPLO


Paciente mais conhecida do Hospital Mario Kroeff, a professora Bernadete foi um exemplo de luta contra o câncer e uma grande ajuda aos outros pacientes.
Durante 3 anos, foi bem comum ver reportagens sobre essa mulher guerreira, ela foi internada para tratar um câncer , mas ela foi muito mais além. Vinda do nordeste buscando um tratamento para sua doença, porém bem comum ver ela propagando sua fé e ajudando outros doentes no hospital.
Ela entrou no hospital no dia 1 de setembro . com ela sua irmã Pepita para ajudar. ela rapidamente ficou conhecida pela sua força de vontade e fé inabalável.
Como uma boa Pernambucana , nunca deixou de pensar em seus conterrâneos , ela criou uma campanha para criar um hospital para tratamento de câncer lá em Pernambuco, campanha essa que virou nacional .
No dia 25 de agosto, mesmo dia que ela lançou a campanha, os médicos fecharam seu diagnóstico: A enfermidade atingiu os dois pulmões e tinha poucas chances de sobreviver, mesmo assim , ela intensificou sua atividades no hospital , ajudando ao próximo .
7 de novembro de 1957 o quadro dela se agrava muito , mensagens de todo o Brasil chegam ao hospital , o apoio do povo foi um marco para sua luta, hospital recebendo várias doações e ela tinha um último desejo : Viajar para a França visitar a capela de Nossa senhora de Lourdes. 
MESBLA TAMBÉM AJUDOU BASTANTE

A LEGIÃO FEMININA SEMPRE ATUANTE

HOSPITAL PRECISA DE AJUDA
DE ASILO A HOSPITAL EXEMPLAR

APARELHO CUSTA CARO

O HOSPITAL PEDE SOCORRO

ZICO AJUDA O HOSPITAL

CANCEROSOS INDIGENTES ABANDONADOS PELA FAMÍLIA