Cordovil:
De
fazenda Real ao bairro do subúrbio
Da ascensão a decadência
Esse Artigo é ama homenagem a minha mãe que faleceu
há quase dois anos, e como ela foi nascida e criada no bairro, está feita minha
homenagem( novamente) a D. Linda!
Imaginem a época de Portugal medieval, cheia de árabes em
suas terras, dividindo o país em dois literalmente. A nobreza portuguesa teria que fazer algo
para isso acabar, afinal, as terras era deles. Inúmeras batalhas aconteceram, e
mais conhecida dessas foi a Batalha de Ceuta onde os portugueses venceram os
árabes e conseqüentemente obtiveram suas terras. Essa vitória proporcionou que
fosse realizada uma das situações mais importantes no “pequeno mundo”
conhecido, saindo do medievalismo entrando na época moderna com seus pensadores
influenciados pelo Renascimento, e a busca de novas rotas de comércio: as expansões
marítimas (ou como alguns livros didáticos colocam Grandes navegações*). Foi
devido a essa expansão que podermos ter registros de grandes famílias
portuguesas, uns anos depois chegando ao novo mundo chamado primeiramente de
terra de Santa Cruz e Logo depois Brasil , e uma dessas famílias de grande
influência na corte portuguesa veio
parar no Brasil , onde se instalaram em terras da fazenda de Irajá e
exerceram sua influencia também aqui e teve sua importância considerada em terras
“brasilis”. Nesse segundo artigo vou abordar um pouco da História de um dos
bairros mais novos do subúrbio carioca que nasceu como um bairro promissor e
devido a muitos fatores, hoje em dia,
não passa de um bairro de classe media baixa , cercado de comunidades, mas tem
que tem sua beleza em particular.
Palavras Chave: Portugal, Século XIV, Família, Colônia,
Fazenda real, Guerra do Paraguai, Ferrovias, Dias de Hoje.
INTRODUÇÃO
Certa vez escutei de uma popular o seguinte sobre
Cordovil de antigamente:
-
Aqui era um lugar magnífico de se viver, tinha praia, segurança, um rio que se
dava para pescar, hoje acabaram com o bairro!
Popular de Cordovil
É com essa frase que eu gostaria de começar essa
minha analise com o intuito de tentar mostrar aonde foi parar aquele bairro
saudoso e promissor e o que levou a esse processo de decadência e violência que
vivemos no século XXI. Eu como morador a 20 anos vou mostrar através da
historia como uma fazenda da nobreza portuguesa
que era considerada importante em
Portugal se tornou uma localidade de violência e abandono. Como um dos
bairros mais novos do município onde existe o rio Irajá que deságua na Baía de
Guanabara onde nos anos 30 a 60 a população local tomava banho, pescava e por
incrível que pareça ia até Madureira (segundo relatos),se tornou um rio
completamente morto.
era a geografia do nosso rio .
Mas como todo nome de bairro, Cordovil tem uma origem,
um significado. Para muitos Cordovil era um nome relacionado à linguagem
indígena, mas através de estudos e leituras foi descoberto que na verdade é o
nome de uma poderosa e influente família de Portuguesa e vamos a partir de
agora aprender sobre sua existência.
As Origens em Portugal
Ante de
iniciar a contar as origens dessa família cabe ressaltar que a palavra Cordovil
significa também uma variedade de azeitona portuguesa que foi citada no livro
de Antonio Teixeira em Itinerário (cap. 29 pag. 409) sendo que a azeitona
também é conhecida como “cordovesa”. O primeiro registro do nome cordovil aparecendo
em documentos históricos é datada do ano de 1379(século XIV) uma carta
direcionada ao Rei D Fernando onde aparecia o nome de dois irmãos o Lourenço
Anes Cordovil e Gomes Anes Cordovil. Os irmãos segundo registro viviam em
Setúbal e participavam ativamente da sociedade local, onde o que tudo indica
era cavaleiros da ordem Real, onde pode se constatar que se tratavam de nobres
.
Mas as origens da família ainda estão em profundas pesquisas para sua comprovação, mas de certo, é a carta Brasão concedida pelo Rei português D. João III Affonso Cordovil, e que a mesma esta datada do dia 2 de setembro de 1553. D. Affonso era Cavalheiro da Casa Real e da Ordem de Cristo, filho de Antonio Cordovil , cavalheiro Fidalgo , neto de Francisco Cordovil e bisneto de Lourenço Cordovil que também foi fidalgo.
Houve uma importante batalha em terras portuguesas que proporcionou ao pela primeira vez a organização da nobreza portuguesa, o grande Mestre de avís D. João I(1385-1433) após a vitória na batalha de Aljubarrota no dia 14 de agosto de 1385, organizou sua corte, o que proporcionou uma nova nobreza, onde aparece já a família Cordovil atuando na batalha.
Cordovis no Brasil, uma família influente
Não se
sabe ao certo quando a chegada da família no Brasil, mas segundo documentos
históricos Bartolomeu de Sequeira, que era natural de Alvito, em Èvora ,
nascido em 1640, casou se com Nathalia Fróes que era moradora da mesma
vila.Dessa união nasceu o dono das terras do Ofício de Provedor da Fazenda Real(bairro
de Cordovil atualmente) Francisco Cordovil da Sequeira que foi casado cm Dona
Maria Pacheco Ayró.
Dessa união
nasceu Bartolomeu Cordovil, em Lisboa no ano de 1677,casou se no Rio de Janeiro
no dia 19 de fevereiro de 1707 na capela do Engenho pertencente á noiva em
Irajá , noiva essa Dona Margarida Pimenta de Mello.
O casal
teve um filho, Francisco Cordovil de Sequeira e Mello, que desde dezembro de 1734,
a pedido do pai, assumiu a administração da fazenda Real e com a morte do pai
em 3 de janeiro de 1738 a propriedade do Ofício de Provedor da fazenda Real ,
conforme carta régia de 14 de março de 1743. Dede dessa época, a fazenda real
era a maior em extensão dentre os treze engenhos existentes na freguesia de
Irajá.
Bartolomeu
foi o primeiro Cordovil de destaque em terras brasileiras, onde no Rio de
Janeiro foi secretário do Governo da capitania em 1705, antes exerceu os cargos
de soldado, cabo de esquadra, Sargento Superior e Alferes da Companhia do
Mestre de Campo Jorge Lopes Afonso, na Capitania de Pernambuco.
O Dr.
Francisco Cordovil de Sequeira e Mello, filho de Bartolomeu foi um dos homens
mais importantes do Brasil colônia, pois alem do provedor da Fazenda Real, ele
era Vedor da Gente de Guerra da Capitania do Rio de Janeiro. Francisco além do
cargo de Provedor da Fazenda Real, foi ainda Provedor da Santa Casa de
Misericórdia do Rio de janeiro, no período de 1760/ 1761, substituindo Gomes
freire de Andrade. Francisco ainda foi irmão ministro da venerável Ordem de São
Francisco da Penitência no período de 1746 a 1749.
Durante
toda a existência da família, muitos Cordovis contribuíram de alguma forma com
o Império (também tiveram atuação destacada na República), sendo uma família de
extrema importância , muitos deles cresceram, estudaram em Coimbra, tiveram
cargos no governo e se tornaram influentes.
O Maior dos Cordovil: Herói Nacional, seu nome é
Maurity
Filho
de uma união Jacob Maria Maurity e Joaquina Eulália Cordovil Maurity, o futuro
Almirante Joaquim Antônio Cordovil Maurity nasceu no dia 13 de Janeiro de 1844
e já desde cedo mostraria uma talento nato para liderança e se destacou devido
a isso. Joaquim foi o aluno numero um de sua turma na Escola Naval, foi
promovido a Guarda marinha em 1860 aos
anos e tenente por bravura em 1867 e ascendeu a Almirante em 1903 participou
ativamente e bravamente na Guerra do Paraguay nos combates de Itapuru, Passo da
Pátria curuzu, Curupaiti , Angustura e Humaitá a mais famosas delas e foi no
Humaitá , que é considerada um marco na marinha brasileira, onde Cordovil se
destacou ajudando a esquadra
brasileira vitória e onde lhe rendeu
homenagens inclusive do Visconde de Ouro Preto, que o citou em sua obra “A
Marinha de Outrora”. Cordovil recebeu homenagens e sitaçoes de Visconde de Inhaúma,
Eneas lintz em seu livro “Ultimos dias do Humaitá ”(Rio 1918) e Garcia Júnior,
no seu trabalho “Divisas e Bordados”(Rio 1938).
Depois
da brilhante passagem na guerra, continuou mostrando a tradição de influencia
da família perante o governo brasileiro.
Em 1889 foi o escolhido para representar o Brasil em Washington, no Congresso
Nacional dos Marítimos. O Almirante ainda chefiou a Comissão Brasileira na
Exposição Colombiana em Chicago. Mesmo depois da queda do Império manteve sua
importância e permaneceu ao lado dos republicanos o que lhe rendeu uma viagem a
Europa para acompanhar a construção de um navio para a Armada brasileira,
chegando a ser Chefe do Estado Maior da Armada Brasileira.
Uma
vida intensa, cheia de honrarias, seu corpo desgastado com o tempo de luta veio
a falecer em sua casa na Rua Haddock Lobo n 135 e sepultado no cemitério São
Francisco Xavier. Foi casada com a Dona Lúcia Brett Maurity e tiveram seis
filhos, vários jornais da época destacaram sua morte e renderam várias
homenagens ao herói e patriota. Maurity tem seu nome citado quase todos os dias
nos jornais da época, por seu um homem de destaque das forças armadas e muito
influente, inclusive com encontros com Pedro II e com presidentes da República.
O
jornal Annuário das Estações Esportivas cita que o Presidente Affonso Pena
chegava ao local onde estavam diversas autoridades, incluindo em destaque, o
velho Almirante. O jornal “A Ilustração Brasileira” dedica uma página inteira
para homenagear seus feitos na guerra do Paraguai, descrevendo detalhe por
detalhe o que o fez herói.
Cigarro em homenagem ao herói .
Foto do Sempre militar !
O Bairro Nasce!
Como
se deu o processo de transformação da fazenda Real no bairro? Para começar o
nome do bairro foi uma homenagem a família que por quase dois séculos tinha a
fazenda nessas terras. A pedido do Imperador D. Pedro II foi construída a linha
férrea que era para fazer a ligação entre o centro da cidade a Petrópolis para
levar a família real até a cidade imperial, a parada em Cordovil, ou o que
seria a futura estação foi inaugurada no dia 23 de outubro de 1886. Em 1902 a
família Cordovil vendeu as terras para Visconde
de Moraes, que o loteou a partir de 1912 . Para alguns pesquisadores o bairro
nasceria oficialmente com a inauguração da estação em 5 de outubro de 1910 e
reconhecido por projeto de lei número 989/2002, da vereadora Rosa Fernandes que
nada mais é que uma vereadora que aparece apenas em época de eleição , faz meia
dúzia de obras para pedir fotos, não tem ligação nenhuma com o bairro.
As terras foram vendidas em 1902
pela necessidade de um uso regular do trem que poderia servir de transporte, já
que nunca existiram os famosos bondes em Cordovil, com o propósito de levar a
família real para Petrópolis, na republica poderia ser um meio de transporte,
pelo lucro da empresa que assumiu a organização dos trens( E. F. Leopoldina 1886-1975),
houve a necessidade do loteamento do bairro.
houve a necessidade do loteamento do bairro.
Curiosidades:
Há anos todos os moradores de Cordovil andam pela estrada do porto velho sem
saber por que do nome ou suas origens. A estrada do Porto velho nada mais era
no período Colonial uma estrada que lavava ao porto que tinha no final do caminho
(atualmente mercado São Sebastião). A função desse porto era embarcar carne
bovina e exportá-la para a cidade. Os Monges Beneditinos atravessava quase o
Rio de Janeiro inteiro trazendo dezenas de bois para esse porto, ele saiam da
onde conhecemos atualmente a Barra da Tijuca( era uma fazenda que pertencia ao
Beneditino) através da estrada que já no século XX seria conhecida como Estrada
dos Bandeirantes. Os monges matavam os bois na beira do Rio e deixavam escoar o
sangue elo rio. Também a estrada, com a criação da freguesia de Irajá, passou a
ser a principal via de acesso para o Porto de Irajá, a estrada vazia ligação direta
com a estrada do Quitungo, que era a estrada usada para quem vinha da região da
igreja do Irajá.
O bairro
a apresentava nas décadas de 20 a 60, um
crescimento populacional considerável, mais consegui preservar seu ar de bairro
do interior, belas casas, os moradores com um bom convívio, o Rio Irajá era
bastante usado para banhos em família, pesca de peixes e alguns antigos
moradores dizem que se chegava em
Madureira pelo rio, os moradores colocavam pequenas embarcações e conseguiam ir
remando até Madureira, pois esse rio tem sua nascente na serra de Madureira.
Mas esse quadro de tranqüilidade veio a mudar a partir do início dos anos 70 e
vamos ver isso agora.
A luta de um povo nasce a Cidade Alta
Antes de fazer o registro na criação da cidade Alta,
tenho que voltar um pouco no tempo e mostrar a todos da onde vieram todas as
pessoas e por que foram parar ali. As pessoas com mais de 60 anos já ouviram
falar da Praia do Pinto, em Ipanema onde ficava a comunidade do Pinto. Essa
favela foi criada por volta de 1910 por pescadores e operários que trabalharam
na construção do Jóquei Clube do Brasil, que receberam permissão do governo (
prestem bem atenção nisso) para residir no local e seu primeiro morador chegou
no ano de 1913.Anos depois, uma reportagem do Jornal do Brasil feita a um dos moradores mais antigos, constatou que a
comunidade que estava em formada na época da desocupação foi a união de três
outras pequenas comunidades , Praia do Meio, Praia-Mar e Favela da Lagoa, essa
se impondo em numero de moradores sobre as outras, e por ser oriunda da Lagoa
Rodrigo de Freitas, era comum dizer que a lagoa era a “praia” onde os pintos
tomavam banho para se refrescar que também fico conhecida como Praia dos Pintos(“Praia
do Pinto acaba e deixa Ipanema que ajudou a construir” Jornal
do Brasil, 11/05/1969).
Os anos estavam se passando, o crescimento da Favela
do Pinto estava cada vez mais
perceptível , e foi facilitado pela linha de bondes que na época, chegou ao
subúrbio do Leblon (que também estava crescendo) onde estava a comunidade.
Esses moradores ajudaram muito no crescimento tanto do Leblon tanto de Ipanema,
ajudaram com usa mão-de-obra na construção de prédios e da infra-estrutura
urbana como o sistema de esgoto.
Por volta dos anos 60, se iniciou um grande programa
de remoção do Rio,a maior já realizada , o órgão responsável por essas remoções
foi o CHISAM- Coordenação de Habitação de Interesse Social
da Área Metropolitana- autarquia
do governo federal em conjunto com o Governo da Guanabara removeu 175 mil
moradores de 62 favelas, transferindo essas pessoas para 35.517 unidades
habitacionais , chamados de conjuntos, localizadas na Zona norte e Oeste como
Cidade Alta, Quitungo, Guaporé e Cidade de Deus. A Justificativa do governo para
a remoção era para socializar a família favelada , transformar de família
invasora para família dona de sua terra, de sua casa .
“…invasora de
propriedades alheias _ com todas as características de
marginalização
e insegurança que a cercam_ em titular de casa própria. Como conseqüência,
chegar-se-ia
à total integração dessas famílias na comunidade, principalmente no que se
refere
à forma de habitar, pensar e viver.”(CHISAM, 1971: 16).
Mas, vamos voltar um pouco o
texto , lembra que eu escrevi que o governo autorizou a instalação deles no
local? Então onde essas pessoas estavam não era terras invadidas, eram terras
doadas pelo próprio governo e que essas pessoas pagaram por esse pedaço de chão
com seu suor e trabalho.
Segundo o Governo da época, esses
conjuntos habitacionais construiria um novo tipo de cidadão, um cidadão não
favelizado e integrado com a sociedade, pagador de impostos, incorporado ao
sistema , respeitador das leis e com bons hábitos( como se moradores de favelas
não tivessem) e tinham de denegrir a
imagem da favela, transformar a comunidade em um lugar ruim de viver.
“O
ambiente é sem dúvida desfavorável. (…) É
difícil, senão extremamente
impossível,
recuperar homens, mulheres e crianças em ambiente como o das favelas. Pelo que
optamos
pelo árduo, mas frutífero, trabalho de erradicação.”
(CHISAM, 1971: 31).
Então no dia 23 de março de 1969 se iniciou o
processo de remoção das famílias para os conjuntos habitacionais, na manhã
desse dia as famílias deveriam já estar prontas com suas coisas e pertences arrumados,
que os funcionários da CHISAM e os assistentes da Secretaria de Serviços
Sociais ajudariam no processo de remoção, mas claro que também estavam as
tropas da polícia Civil e Militar para combater qualquer tipo de protestos, re-
ocupação e roubos, além de imprensa e curiosos. Já nesse dia desde cedo, a
mando da CHISAM , nenhuma casa da favela tinha luz ou água.
O Departamento de
Limpeza Urbana (DLU) ficou responsável em derrubar as casas e limpar o terreno
e deixa limpo para novo uso. Depois de 5 dias , a Cidade Alta estava recebendo
seus primeiros moradores e teve data de inauguração dia 28 de março de 1969.
Bem, o governo colocou todo aquele povo na cidade
alta, arrumados nos prédios com água e luz, mais como sempre, não se preocupou
com uma parcela da população que chegava do nordeste e/ou simplesmente perderá
sua habitação devido a esses programas do governo. Se iniciou uma imigração
para a Cidade Alta e a construção de barracos, não houve qualquer controle por
parte do governo, o que ocasionou ligação clandestina de luz e o que contribuiu
para matar o Rio Irajá, a ligação clandestina de água e o despejo de resíduos
humanos no rio , ao passar dos anos o
Rio que era limpo , foi morrendo, claro não foi só culpa da cidade alta, mais
também de todas as comunidades que o cercam desde Madureira.
Lembrança de um Cordovil
Charmoso!
Entrevista com a Senhora Lindamarival Certo Toste,
nascida dia 16/11/1948, Criada desde pequena em Cordovil, foi constatado um
Cordovil antigo, charmosos com parques de diversão, carnavais marcantes,
fábricas, etc... Um Bairro em crescimentos que tinha tudo para ser um bairro do
subúrbio, mas como exemplos de Vista Alegre e Vila da Penha, um bairro bom,
aliás, melhor de se morar! Esses relatos são totalmente verdadeiros e vocês
iram conhecer o que era Cordovil numa época que não vota mais.
A linha de trem na
década de 60 já era toda murada para evitar acidentes, a estação não é
no mesmo local de hoje, a pequena plataforma era um pouco mais para o lado de
Lucas onde existia uma cancela para passagem de pedestres e Carros. Essa
cancela não existe mais, sua localização é onde atualmente em frente a loja de
máquina de costura. Já tivemos algumas fábricas de grande porte como a Fábrica
de ônibus da Cifferal , Tintas Cordovil e Bioquímica, todas localizadas na Rua
Antonio João. Atualmente existe um posto de gasolina, mas a muito tempo atrás
,no lugar desse posto tinha um parque de diversões onde o povo brincava todos
os dias;
O morro aonde os prédios do governo foram
construídos para abrigar a população da comunidade de Ipanema era apenas barro
e mato e toda vez que chovia se formava um lago natural onde os moradores se
deliciavam tomando banho e fazendo de piscina e há relatos que havia caminhões
subiam ate lá para pegar água, possivelmente existia uma cachoeira ou um
córrego que descia La de cima do morro;
Ainda nesse tempo existia a praia da moreninha,
aonde a comunidade se reunia para pegar sol e se divertir;
No início da Porto Velho hoje em dia vemos a escola
Roraima, o Clube Cordovilhense e uma pequena comunidade, mas em 1960 existia no
local um campo de futebol que pertencia a o Clube Vasquinho, um time criado
pelos moradores, possivelmente em homenagem ao time do Vasco;
O Rio Irajá não tinha esse tamanho todo em sua
margem, ele era bem mais estreito , o que proporcionava toda vez que chovia ,
transbordava de tal maneira que inundava quase todo o bairro;
Aonde vemos hoje uma loja de construção e fábrica de
materiais, era antigamente um consultório médico;
Não existia ônibus na porto velho, as pessoas
deveriam atravessar a linha do trem pra poder se locomover para outras regiões,
apenas depois do aparecimento da cidade alta que introduziram uma linha de
ônibus que fazia o trajeto Cordovil x Tiradentes (Atualmente 335);
A Rua ferreira franca mudou de nome para Rua Laércio
Mauricio da Fonseca, pois ele era um fiscal das feiras e policial que residia rua , como era um cara
muito conhecido, em sua homenagem depois de morto, batizaram a rua .Ali passava uma linha de
ônibus Penha x Lucas;
Cordovil já teve famosos ilustres morando aqui como
Wagner Paula Pinto (Radialista) e Wanderlèia(Cantora) .
O Carnaval em Cordovil tem sua tradição, quem
Organizava era o senhor. Oswaldo Bonavita , ele fechava a Porto Velho ,
arrumava tudo, colocava coretos feitos por ele,enfeitava rua ,contratava bandas e artistas, fazia
concursos. Morava na Paulo Bregário atrás da farmácia do seu Lima, ao lado da
casa da Wanderlèia;
A rua que leva ate Brás de pina, o lado da Igreja Santa
Cecília era deserto e perigoso, mas era comum os casais, irem para namorar e a
rua ficou conhecido como rua do pecado.
Figura 4Aqui existia
uma escola
Conclusão
Uma
terra mal habitada por habitantes pré- colônias, de lugar de praias e um porto
a fazenda de uma família poderosa, de venda das terras a um bairro suburbano
abandonado pelos poderes governamentais. Cordovil teve seu momento próspero,
teve seu momento bairro bom e nobre,mas a violência, o descaso das autoridades
e a falta de cuidado de sua própria população , nos dias de hoje não passa
apenas de um bairro de baixa renda, de grande maioria de pessoas pobres, mais
muito boas de coração e capazes de levantar cedo para pegar o trem e o ônibus
para ir trabalhar. Parabéns Cordovil , tú es um bairro querido e amado e quem
mora tem orgulho de dizer, morro em Cordovil.
Time de futebol do bairro
Bibliografia
Pires Cordovil,W.F.Cordovil : Suas origens , a
família. O bairro. 1.ed. Rio de Janeiro:True produção e Designs,2000.
Artigo
“MEMÓRIAS DA REMOÇÃO: O INCÊNDIO DA PRAIA DO PINTO E A 'CULPA'”
DO
GOVERNO
Mario
Sergio Brum*
WWW.memoria.bn.br