domingo, 29 de março de 2020

Cordovil: o carnaval esquecido!

 “ Cordovil e sua população já nascem cantando em ritmo de samba” A frase escrita pelo repórter Silas Neves do Diário Carioca de 1960 traduz bem o quando a festa mais popular do mudo mexia com o brilho da população.  Nos dias atuais não vemos nem sombra do que já foi o carnaval do bairro.
Muito desse abandono é devido a fatores sócias como a violência, mas eu atribuo grande parte do fim do carnaval de Cordovil com o fechamento da escola de samba do bairro, o Independentes de Cordovil. Nesse novo texto vou mostrar um pouco da história dessa extinta agremiação.
Mas não há como falar da Independente de Cordovil sem falar da Independentes do Leblon.  A Cidade Alta recebeu pessoas da velha favela do Pinto, uma comunidade que existia no Leblon que foi destruída pelo poder público. Como toda a comunidade que se prese, ali existia uma escola de samba que teve uma trajetória curta, mas foi campeã.

A ESCOLA DE SAMBA DO LEBLON

A escola de Samba Independentes do Leblon, como citado acima, ficava na antiga e extinta comunidade do Pinto e foi inaugurada no dia 20 de junho de 1946 e já no ano seguinte participava dos desfiles cariocas junto com escolas tradicionais e de mais nome. Na sua curta existência, já que foi extinta em 1970, dando lugar a escola de Cordovil. Participou de 24 desfiles, todos por séries inferiores e ganhou 1 título no grupo 3 em 1962, com o enredo “As coisas belas da primavera” . A escola era associada pelas extintas AESB e CBES que desfilavam na Praça XI.

Algumas curiosidades dessa escola foram registradas em jornais de época, uma que seria interessante destacar foi o não desfile em 1969. Já no processo de remoção para Cordovil, a escola não desfilou nesse ano devido a problemas internos. A transição do Leblon para Cordovil não foi tranquila, muita confusão afetou a diretoria e a escola que não conseguiu mostrar para que veio. Essa crise acompanhou a escola de samba até o início dos anos 90, já com o nome de Independentes de Cordovil. Outra campanha marcante da antiga escola do Leblon foi o 4 lugar no grupo II em 1965, que teve como campeão a Vila Isabel.

A FAVELA DO PINTO

Antes de entrar para falar da escola em Cordovil, preciso situar para os leitores, os problemas que aconteceram na comunidade do Pinto. O governo carioca já planejava a remoção da favela da zona nobre da cidade. A programa da COHAB tinha a função justamente de remover as pessoas das zonas de risco e dar dignidades as mesmas, com apartamentos novos, distribuídos por bairros como Cordovil, Braz de Pina, e outros da Zona Oeste. Assim que nasceu a cidade Alta.

As remoções começaram aos poucos e muitos ainda resistiam a política do governo. Muitas famílias brigavam para ficar no local, até que na madrugada de 11 de maio de 1969, enquanto se realizavam os preparativos para a remoção dos moradores para outros bairros, ocorreu um incêndio que destruiu mil barracos e deixou mais de 9 000 pessoas desabrigadas (na época, a favela abrigava 15 000 habitantes). Para os antigos moradores, o incêndio foi criminoso provocado por soldados do governo. O incêndio acelerou os trabalhos de remoção da população para conjuntos habitacionais em Cordovil, Cidade de Deus, Cruzada São Sebastião e para abrigos da Fundação Leão XIII e posteriormente zona oeste como escrito acima.

A Praia do Pinto surgiu como uma vila de pescadores e operários que trabalhavam na construção do Jóquei Club, na Zona Sul do Rio de Janeiro. Existem registros do local datados da década de 1910. Com o passar dos anos e a valorização natural dos bairros ao entorno, a Praia do Pinto começou a despertar o interesse de investidores imobiliários. Como acontecia em várias regiões da cidade, nascia ali, em 1946, uma escola de samba: o G.R.E.S. Independentes do Leblon, que nasceu azul e amarelo. Os cinco primeiros desfiles foram disputados no Primeiro Grupo das Escolas de Samba, com resultados sempre de meio de tabela. Mas isso pouco importava, a escola estava entre as grandes e levava aos moradores da favela alegria que no resto do ano faltava. Curiosamente, em 1954 a agremiação defendeu o enredo “Urbanização das Favelas”, no equivalente Segundo Grupo daquele ano. Depois de 1952, a escola só desfilaria entre as grandes escolas novamente no Carnaval de 1968, sendo rebaixada.( site Medium.com



A HISTORIA CONTINUA ATÉ O FIM




Com essa política de remoções, a Cidade Alta seria inaugurada no dia 28 de março de 1969, e mesmo contra a maioria da população, os milhares de moradores chegavam aos montes na cidade alta. Os primeiros anos, a escola viveu uma crise sem fim, com os problemas das remoções, muitos desistiram da escola e poucos queriam desfilar, e a população de Cordovil não abraçou a causa. Um homem foi decisivo para a escola continuar e virar uma potência nas divisões inferiores: PINGUIM.
Segundo o “Jornal dos Sports “ de 1970, Pinguim era o homem forte do carnaval e contra tudo e contra todos, não deixaria a escola morrer, mesmo depois da remoção. Valdir Gomes da Silva era um homem do meio do samba, conhecido pelos sambistas mais famosos, lutou não apenas pela nova escola, pela memória da antiga e brigou muito para conseguir uma quadra digna para sua agremiação. Pinguim praticamente recriou o carnaval do no bairro, que andava, segundo a moradora Rosangela, “Muito Chato”.









A Independentes do Leblon seria extinta em 1970 e nesse momento nascia a Independente de Cordovil, com muitas dificuldades e um começo com muitos problemas, a escola aos poucos se consolidaria e teria seu brilho nos anos 80, quando seus desfiles podiam ser vistos na Globo e na CNT.
A escola tem como agremiação madrinha a Vila Isabel, e era bem comuns grandes nomes da Vila como Martinho da Vila e, serem vistos na quadra da escola. E toda a dedicação deles rendeu uma homenagem ao Martinho em 1984, quando a escola suburbana desfilou com o Enredo: Terreiro, Sala e salão”, mesmo nome de uma das músicas de Martinho.

A escola já desfilou em várias “passarelas “ do samba, por exemplo, em 1975, desfilou na Avenida Graça Aranha, Avenida Rio Branco e Praça XI. Um momento bem inusitado foi quando a escola desfilou no carnaval de Duque de Caxias, a convite da escola Grande Rio.

O ano de 1985 foi o mais marcante da escola, pois ela conquistaria seu único título. A escola faturou o grupo 2-A, tendo como vice-campeã a União de Jacarepaguá e no ano de 1986, desfilaria na 1-B. O enredo campeão foi “Sangue, Suor e Lágrimas”, um protesto bem-humorado contra o governo. Já em 1986, na série 1-B, a escola mais uma vez brilhou e quase foi campeã, ficando em terceiro lugar. Houve uma grande festa na sua quadra para celebrar os componentes pelo feito.

1987, a escola já estava consolidada e era conhecida por ter um desfile descontraído e que era um verdadeiro SHOW na avenida. Era muito belo e aceito pela crítica ver a escola desfilando. Suas quinze alegorias e seus 3 mil componentes fizeram uma festa maravilhosa e marcante. Ela foi a última escola a desfilar e teve como homenageado Jorge Amado com o enredo: “Amado Jorge Amante”. Apesar dos elogios de quem viu, a escola ficou apenas na sétima colocação, a campeã foi a Unidos da Tijuca. Nesse mesmo ano a escola ganharia um presente. Sergio Cabral Pai iniciou um projeto em toda a cidade que constava a união de jovens de comunidade em prol do esporte, e a quadra da escola foi reformada de graça para receber o projeto.

Em 1995, dois anos antes de fechar as portas devido a problemas de brigas internas e a violência, a escola homenageou a cantora Sandra de Sá. O desfile na Marques da Sapucaí foi considerável “lamentável” pela crítica especializada. A escola enrolaria sua bandeira depois do desfile de 1997, com o enredo “Pega na Mentira”. Esperamos que um dia a escola retorne.

NÚMERO DE DESFILES
01 desfile no Grupo B da AECRJ
01 desfile no Grupo 1B da AESCRJ
05 desfiles no Grupo 2 da AESCRJ
07 desfiles no Grupo 2A da AESCRJ
01 desfile no Grupo 3 da AESCRJ
04 desfiles no Grupo A da AESCRJ
01 desfile no Grupo B da AESCRJ
01 desfile no Grupo C da AESCRJ
02 desfiles no Grupo 2 da AESEG
02 desfiles no Grupo 2 da AESEG e CBES
01 desfile no Grupo A da LIESGA

CAMPEONATOS

1985 - Sangue, suor e lágrimas
GRUPO 2A | AESCRJ | AV. RIO BRANCO
































BIBLIOGRAFIA


1-https://esporte.ig.com.br/colunas/ultima-divisao/2019-03-01/httpsesporteigcombrcolunasultima-divisao2019-03-01quando-carnaval-e-futebol-se-misturam.html                                  
Acessado 27/01 as 14:20

2-https://oglobo.globo.com/esportes/futebol-carnaval-escola-de-samba-as-historias-dos-clubes-extintos-do-carioca-1-24195749
Acessado 27/01 as 14:24

3- https://www.terra.com.br/esportes/lance/carnaval-e-futebol-paixoes-nacionais-se-encontram-na-avenida,850081acf943de5151eba1e6d405e1ecpc7yi1qw.html

Acessado 27/01 as 14:30
4- Biblioteca Nacional
Acessado : 29/01 13:18
Acessado: 02/02 as 14:31
7-http://www.galeriadosamba.com.br/escolas-de-samba/independentes-de-cordovil/
Acessado dia 28/03 as 12:00
8- https://medium.com/instandarte/era-domingo-de-dia-das-m%C3%A3es-11-de-maio-de-1969-quando-os-moradores-da-praia-do-pinto-no-cora%C3%A7%C3%A3o-35e81d4769d0
Acessado dia 29/03 as 20 : 00 hrs


quarta-feira, 18 de março de 2020

     O       RESERVATÓRIO ESQUECIDO !
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 Outro problema apontado na região da Leopoldina e grande Leopoldina é a falta de água. Em algumas regiões, a falta desse elemento essencial é constante. A população reclama que as contas chegam, mas a água não! Acabamos de sofrer com o problema da água suja, podre e sem condições de consumir, mas a ausência de água é registrada desde a época do surgimento do reservatório, mas isso iremos retratar mais para frente.

Será que um reservatório tão perto desses bairros esquecidos pelo poder público resolveria o problema de nossa localidade? Não há uma explicação plausível por parte da Cia. De àguas da cidade para explicar como parte de alguns bairros como Penha e Bráz de Pina falte água nos dias atuais. Mas onde está esse reservatório que nunca vimos Paulo?
FOTO PÁGINA PENHA RJ

Da Avenida Braz de Pina fica impossível ver o velho, porém para ter acesso ao local você deve ter disposição e uma dose de coragem, pois o local é dominado pelo tráfico. A Cedae é responsável pela manutenção e preservação do local, mas pelo que foi constatado, a muito tempo não aparece por lá, já que existe construções dentro do terreno do reservatório e constantemente é notado a presença de meliantes usando drogas no local. Subindo a Rua Lobo JR, acompanhando a calçada do hospital Getúlio Vargas. Seguindo pela rua ao dobrar para a esquerda vemos um muro bem longo prolongando pela rua Afonso Costa, apensar que o endereço dele aparece com rua Flora Lobo 306. O velho reservatório é tão esquecido que no mapa da Google não aparece identificado.

Acredite se quiser, mas o tal reservatório que se encontra em total abandono por parte do poder público e pelo descaso dos “guardiões da história”, ele é um bem tombado, na verdade é um tombamento provisório e bem antigo, é datado de 9/12/1998, o processo é : Processo de Tombamento: E-18/001.542/98, ou seja, desde 1998 , não se há uma posição concreta sobre o bem e como muitos monumentos que contam nossa história, o tempo e o tráfico vai destruindo esse bem maior do subúrbio. O órgão responsável pelo tombamento é o INEPAC – Instituto Estadual do Patrimônio Cultural.

Conjunto significativo de vinte e cinco equipamentos urbanos – caixas-d’água, reservatórios e represas – localizados nos municípios do Rio de Janeiro e Niterói. Este elenco de artefatos não é apenas uma amostra representativa do processo de evolução da captação, tratamento, armazenamento e distribuição de água nos dois municípios. É também um espelho da própria história da metrópole carioca, pois reflete, através da expansão dos sistemas, o processo de ocupação do território e o adensamento das áreas urbanas nos últimos 150 anos. Além disso, esses equipamentos são testemunhos da evolução tecnológica da engenharia nacional, tanto no âmbito das teorias da hidráulica, como do cálculo estrutural e das técnicas construtivas.


2- Contexto e Construção
Antes de falar da construção, preciso situar os leitores sobre as condições que a população local vivia e o porquê da necessidade da construção da grande “Caixa d’água”.

Os bairros em volta da linha de trem da Leopoldina forma surgindo no final do século XIX, início do XX. Claro que a presença de pessoas já era registrada, porém com o advento da república e a reorganização geográfica, foi se estabelecendo localidades onde o povo decidia construir sua vida. Um grande erro, ao meu ver, é ter atribuído o aniversário desses bairros aos surgimentos das estações de trem, que sim, ajudaram a expansão dos mesmos, mas não significa que foi um fator primordial para a chegada da população. Estou indo em contraponto a grandes pesquisadores que relacionam o surgimento dos bairros com a construções de suas estações. Foi um fator marcante, mas não decisivo. Um dos fatores que ao meu ver significou uma maior importância foi o preço e as facilidades das vendas de casas e terrenos, por um custo mais baixo, os antigos moradores foram atraídos pela tranquilidade do lugar e acesso fácil as praias (pouco ainda frequentada), pequenos portos e expansão do comércio, fora a facilidade que se tinha em comer um bom peixe, que era pescado nos rios da região.

Os loteamentos trouxeram pessoas, mas faltou o poder público entrar na “jogada” e ajudar na infraestrutura. As pessoas compravam lotes para construir suas casas ou compravam já feitas, mas o governo municipal no começo, não se preocupou com obras de infraestrutura, esgoto e encanamento de água, salvo algumas localidades onde o poder social da população era maior, lugar esse onde a classe média habitaria.

Usando como base dos estudos os bairros de Cordovil e Braz de Pina, a população dos anos 10 e 20 dessas localidades sofriam de mais com a falta de água, constante eram as reclamações e protestos nas ruas do bairro devido ao descaso. Muitos desses moradores usavam as águas do rio Arapogi e Irajá para tomar banho, beber água, se banhar e lavar suas roupas. 


LARGO DO BICÃO - ANOS 20


Mas uma ação conjunta entre o governo municipal e o Lobo Jr tentaria resolver esse problema. Toda a região do subúrbio carioca era abastecida por bicas públicas, bicas essas que eram responsáveis não apenas para salvar a vida das pessoas, mas para fornecer água para cavalos, meio de transporte muito usado em nossa região. A bica mais famosa ficava no Largo do Bicão e para se chegar nela você poderia ir pelo caminho do Quitungo ou pela estrada da Bica (Atual Braz de Pina).


CORONEL LOBO JR- FOTOS CEDIDAS PELOS FAMILIARES- fotos cedidas pelos familiares e melhorada por Cleydson Garcia

Na região da Penha, morava um homem de influência ímpar dentro do governo municipal, visto para muitos como benfeitor e amigo da comunidade, Lobo Jr sempre olhou para região com um olhar de progresso. Foi graças a ele que a Penha teve luz, asfalto, estação de trem, entre outros benefícios. Percebendo a falta de água, começou a trabalhar para essa realidade mudar. È importante ressaltar que o velho Coronel morava onde hoje está o parque Ary Barroso, local chamado de Chácara das Palmeiras, lugar esse com capela, campo de futebol, lugar para festas e uma grande área para plantio. O terreno onde fica o reservatório da penha foi desmembrado da chácara das Palmeiras no dia 08/08/1911, lembra quando eu disse que Lobo Junior trouxe água para a Penha?  Não foi apenas para Penha, esse reservatório abasteceu Bonsucesso, Ramos, Olaria, Penha, Brás de Pina, Cordovil e Vigário Geral. O reservatório foi inaugurado em 1914 e era considerado um verdadeiro marco da engenharia e uma inovação, pois usou uma técnica nova, o concreto armado, ele era totalmente descoberto, tinha forma tronco-cônica, dividido em dois compartimentos. Ao centro um grande poço cilíndrico com aparelhos de manobra com capacidade de 2.000 metros cúbicos d’água. O reservatório está na serra da misericórdia- hoje morro da caixa d’água- e ocupa uma área de 2.449,30 metros quadrados. Foi desativado no final dos anos 80.




Durante as obras houve um acontecimento, uma explosão vitimou um trabalhador. O senhor José Lourenço Fernandes foi vítima do seu próprio descuido ao manusear uma mina, ela explodiu levando o “infeliz”( termo usado pelo jornal da época) a ficar gravemente ferido e o mesmo foi removido para a Santa Casa, vindo a óbito dias depois.

È importante lembrar que o encanamento era totalmente em ferro e com o longo do tempo foi sendo substituído. A obra em sua totalidade demorou mais de 10 anos para ficar pronto, iniciou-se antes da compra do terreno em 1910 e foi concluída em 1927. A primeira água canalizada para o seu abastecimento foi do morro em Vicente de Carvalho, possivelmente águas da nascente do Irajá. Foram construídos linhas de abastecimento até a velha Praia do Galeão. O reservatório possuía também sistema de captação de água das chuvas. Informações essas tiradas dos “Annais da Câmara dos Deputados”.

Numa pesquisa recente, descobrimos que o reservatório abastecia também uma parte da Tijuca, Rio Cumprido, Andaraí, Santa Alexandria e Vila Isabel. Essa descoberta foi analisada após a leitura de uma reportagem do “Jornal do Commércio” do ano de 1921, onde a reportagem relata um rompimento da encanação devido à grande pressão e o cano que se rompeu foi justamente que fornecia água para essa região. 

3 – Os primeiros anos: problemas sem fins

O que era para ser solução, acabou se tornando um problema. Com a inauguração do reservatório e a captação de algumas nascentes para seu abastecimento, a população esperava que o problema não voltaria a assolar nossa localidade. Como a minha fonte de pesquisa se concentra entre Cordovil e Penha, irei me atentar mais sobre essas localidades, porém há registros dos problemas em toda a extensão da cobertura do reservatório.

Para detalhar o descaso do poder público com Cordovil, quando foi realizado as obras do reservatório e dos encanamentos que levaria água para os bairros, o único que foi negligenciado foi justamente o bairro. O cano que levava água passava perto do povoado e acabava em Vigário Geral. Em Braz de Pina tinha um pequeno ramal para a instalação de uma bica pública já pronta, do lado da antiga estação, que ficava de frente a rua Oricá. E essa reivindicação de colocar o bairro no circuito das águas foi um esforço de Vicente Piragibe, que solicitou essas obras várias vezes no ano de 1915, percebam, o reservatório foi inaugurado em 1914 e simplesmente ignoraram o povoado de Cordovil.
Em 1921, ouve um grande rompimento devido a pressão dentro da encanação, bairros como Penha, Ilha e Tijuca ficaram sem água potável durante um tempo. O poder público tentou agir rapidamente e usou carroças dos bombeiros para levar água para os moradores e interrompeu o abastecimento. Após ter resolvido o problema, o abastecimento no bairro de Cordovil foi fatalmente prejudicado, sendo alvo de muitas reclamações de seus moradores. Desse ano do acidente até 1931, o bairro ficou praticamente seco, a água chegava pouco e quando chegava não era o suficiente para as necessidades. 







Os rios eram bastante usados para o uso pessoal. O problema só foi “parcialmente resolvido “ depois da inauguração de uma Bica Pública em 1931, perto do Porto do Gama, mais precisamente na praça da Estrada do Porto Velho, do lado da Rua Ipameri.

FOTO DA BICA PÚBLICA 1931



Mas pelo que foi constatado não resolveu o problema. No ano de 1935 choveu reclamações dos moradores de Cordovil sobre as dificuldades de obter água, principalmente quem morava do lado contrário da Porto Velho. A petição por uma bica pública cresceu e o problema foi levado ao governo que, a princípio nada fez. 



1935- O POVO RECLAMANDO DA FALTA DE ÁGUA

Outro problema que apareceu no ano de 1928 foi a explosão de pessoas no subúrbio. Já nesse ano, o poder público já tinha percebido que o pequeno reservatório já tinha se tornado obsoleto, não em seu maquinário que ainda era avançado para seu tempo, mas ele já não conseguia suportar abastecer o número de pessoas. Segundo a Revista “Estrada de Ferro”, já morava na região, mais de 100 mil habitantes, e o reservatório não suportava esse número, pois ouve registro de vários rompimentos dos canos devido ao aumento de pressão para que se pudesse capitar mais água, levando ao esgotamento do cano e assim a seu rompimento. Uma grande obra só seria realizada no governo Lacerda, nos meados dos anos 60 e uma grande festa foi armada para a “Reinauguração “ do reservatório.





1963- REVITALIZAÇÃO DO VELHO RESERVATÓRIO FEITA POR CARLOS LACERDA 




4- Considerações finais
Quando o sistema de Guandu foi criado, todos os nossos reservatórios foram sendo desativados aos poucos e toda a água consumida pelos cariocas saem desse sistema. O problema que quando há uma crise hídrica como vimos esse ano com a água poluída ou com os reservatórios abaixo da capacidade, não temos um plano “b”, e se alguns desses reservatórios tivessem em pleno funcionamento, creio que o problema pudesse ver minimizado.







  




BIBLIOGRAFIA

10-    

FOTO DA PÁGINA PENHA RJ

Quando passamos pelo bairro da Penha circular, observamos grandes construções que saltam aos nossos olhos, ou pela sua magnitude ou pelo seu abandono. Hospital Getúlio Vargas, Viaduto João 23 e Parque Ary Barroso, todas essas construções convivem com o abandono do poder público e o descaso da população . Mas entre eles, temos um monumento que poderia contar muito a história do local. Logo acima do velho parque, existe um reservatório que foi responsável pela distribuição de água para vários bairros da região suburbana.

Entre a comunidade da Caixa d’água e o Parque, existe um reservatório desativado nos anos 80 que era responsável pelo abastecimento de água dos bairros de Vigário, Lucas, Cordovil, Brás de Pina, Penha, Ramos, parte da Vila da Penha e Ilha do Governador. Inaugurado graças a uma doação da família Lobo, foi uma solução e uma maldição para os moradores. Vamos conhecer essa relíquia da nossa região.

1-ATUALIDADE




A Penha Circular já apresentou números alarmantes enquanto a segurança pública, apesar de ter apresentado diminuição dos níveis de violência. Em 2011, segundo a revista “Exame”, a Penha circular era o 17 lugar no ranking de bairros mais violentos da cidade. Grande parte disso devemos atribuir ao complexo da Penha, mais precisamente na região dos morros da fé e Caixa D’àgua.