quinta-feira, 6 de agosto de 2020

O ABANDONO DO CEMITÉRIO – IRAJÁ PEDE SOCORRO!


Esse pequeno texto que vou escrever vai ter um conteúdo retirado de uma reportagem do ano de 1953, onde o periódico “A ÙLTIMA HORA” descreve o total abandono do cemitério de Irajá, com foco de doenças, animais por todos os lados e roubos de sepulturas. Vamos voltar ao tempo e entender que o resgate de nossa história passa pelo presente, entendendo-o como um processo histórico que se arrasta por vários anos. Claro que vou mudar e transcrever com palavras atuais e colocando um pouco da minha visão sobre o assunto.

No final vou postar  a reportagem na integra, infelizmente as fotos do jornal está ruim.

 

O visitante do cemitério de Irajá ao entrar no local, logo constata o estado de completo abandono a que está o sagrado terreno. O capim cresce de forma assustadora e não é aparado a algum tempo, chegando a um metro de altura. Se as sepulturas majestosas ficaram tampadas, imagina as mais modestas, desapareceram.

Do lado da Lendária Igreja, o que estaria um cemitério ou uma Fazenda? Dependendo da avaliação do leitor, aposto que entrando no local, você adoraria plantar algo e não enterrar ninguém.

Mas tu pensas que era apenas o capim que incomodava? Erro feio! Se tu tentasse se aventurar para achar o túmulo da pessoa que ama tinha que enfrentar outro problema: OS CABRITOS. Era comum ver os animais comendo as flores e velas colocadas nos túmulos das pessoas- Segundo o jornal dos Sports , até registro de ataques teve- .

Deveria existir um muro cercando o cemitério né...Mas a muito tempo, parte desse muro está rompido em várias partes , e por esses buracos entravam cabritos, galinhas, porcos e acreditem bois. Durante o dia, parecia que estávamos visitando uma bela fazenda ou chácara, remetendo as fazendas que existiam na velha freguesia. Se não fosse os crucifixos espalhados no meio do mato, juraríamos que era uma fazenda linda.

Essa situação muito chata poderia ser facilmente evitada se os moradores vizinhos do cemitério não deixassem seus animais soltos por ai. ( abrindo uma observação- Olha em plenos anos 60, o bairro de Irajá ainda preservava um pouco da sua ruralidade, a herança da zona rural ainda estava presente num bairro que já tinha comércio e certos avanços, nos faz pensar que o novo e o antigo conviviam lado a lado, ou podemos considerar isso como um atraso?) As pessoas deixavam até os seus cavalos, que com fome, invadia o terreno atrás de um capim delicioso. Os cavalos quebravam os túmulos e os cabritos cavavam os túmulos e deixavam expostos restos de corpos humanos, que exalavam um cheiro terrível e atraia animais como rato e escorpião.

Como já não bastasse a invasão dos animais devido ao descuido da população, a alguns dias, um pobre e velho cavalo acabou morrendo em cima de um dos túmulos. A 5 dias o cavalo está no túmulo que dá para a rua Pirangi. O fedor estava indo longe, o pobre animal velho e doente entrou em decomposição rapidamente. Alguns moradores suportaram de forma “heroica” o fedor, mas não aguentaram o odor por muito tempo, e fizeram reclamação com a administração do cemitério. O jornal também recebeu inúmeras reclamações sobre o caso, foram ao local e constataram que a carcaça foi devorada pelos urubus, ou seja, mais um animal para a “fazendinha cemitério de Irajá”.

E os ladrões de sepulturas a solta pela fazenda! HÁ anos o sr. Mario Guimaraes administra o local, conta com um efetivo de 12 funcionários que não dão conta de fazer tudo no gigantesco terreno. Na atual situação, era necessário no mínimo 150 homens para colocar tudo 100% e o secretário da Aviação só mandou 15 homens para socorrer o local.  Os moradores relatam movimentações durante na noite, e o roubo das artes sacras está constante e é motivo de preocupação dos mesmos.