sábado, 27 de junho de 2020

Vigario Geral , a história esquecida !

A VERDADEIRA E LONGA HISTÓRIA DE VIGÁRIO GERAL



Pra quem acha que Vigário Geral se resume ao triste episódio da chacina, senta que lá vem muita história...


Como bom suburbano, sempre fiquei intrigado com a falta de informação dessa região, seja na literatura, seja oral. Por conta disso gostaria de compartilhar essa pesquisa que tenho feito há algum tempo, com todos aqueles que valorizam a RENEGADA memória suburbana. Com a escassez de fontes no último século, foi necessário se aprofundar em literaturas bem antigas, assim como registros cartoriais centenários. Pequenos fragmentos dessa rica história, que formam um grande quebra cabeça... Vamos lá!

Totalmente esquecido pela história, o Engenho de Nossa Senhora da Graça, também chamado Engenho do Vigário Geral, se envontrava dentro dos limites da imensa Freguesia de Nossa Senhora da Apresentação do Irajá, que abrangia vários bairros do subúrbio. 


Quando o Arraial de Nossa Senhora da Apresentação do Irajá foi elevado a freguesia em 1644, um tal "Gonçalo de Pontes" foi relacionado como senhor de dois dos vinte e cinco engenhos que existiam na região. Esse era Gonçalo de Pontes de Labrit, dono do Engenho de Nossa Senhora da Graça. Portanto, de acordo com essa data, o engenho foi fundado no mínimo há 387 anos, haja vista não ter acesso a sua data de fundação. Por esse motivo, já no início do século XIX esse engenho também passou a ser chamado de Engenho Velho, tamanha sua antiguidade.





O registro mais antigo que encontrei foi uma escritura de venda do primeiro ofício de notas, com data de 06/03/1662, na qual os herdeiros de Gonçalo de Pontes de Labrit vendem o engenho:

"Escritura de venda de um engenho que fazem Antonio Muniz de Menezes e sua mulher Dona Ana de Pontes, e assim mais Dona Isabel e Gonçalo, órfãos [de Gonçalo de Pontes de Labrit e de sua mulher Dona Margarida de Albuquerque] e irmãos da vendedora, ao Capitão Manoel de Barcelos Machado – de invocação NOSSA SENHORA DA GRAÇA, [sito em Irajá], com casa de vivenda, casa de purgar, ermida, olaria, com suas pertenças de terras, cobres, com sua fábrica, com seis escravos do gentio de guiné e 31 bois de roda e carro, havido de herança." (1º Ofício de Notas, disponível no Arquivo Nacional)

Desta feita, se torna propriedade do Capitão Manoel de Barcelos Machado que logo, de acordo com outros registros encontrados, passa a ser propriedade de membros da família Homem. A saber, Fernão Faleiro Homem, Francisco Machado Homem e Salvador Correia Homem.

Importante citar que nesta época, as adjacências do atual bairro de Vigário Geral eram terras realengas. Isto é, de uso público e que pertenciam a câmara do senado. Nos documentos primitivos eram chamados "campos realengos de Irajá". Não se sabe ao certo quando se tornaram propriedade da câmara do senado, pois segundo Haddock Lobo, no livro Tombos das Terras Municipais de 1886, os documentos desse período foram perdidos no incêncio da câmara em 1790, no prédio vizinho ao arco do teles. Contudo um registro que será mostrado mais a seguir, sugere que foi através de carta de sesmaria doada por Salvador Correia de Sá e Benevides que o senado da câmara passou a ser dono dos campos realengos de Irajá, só não se sabe quando. 

Já em Antiqualhas e Memórias do Rio de Janeiro encontra-se um relato do Dr. José Vieira Fazenda de 1907, afirmando que em 1683, parte dessas terras realengas referentes ao Engenho de Nossa Senhora da Graça, foram aforadas pela câmara do senado a outro membro da família Homem, o capitão Luiz Machado Homem, pela quantia de 6$000. Não se sabe como, mas o capitão logo se torna o próprietário definitivo das terras. Talvez o capitão, que também era almotacé da câmara, obteve alguma regalia nessa questão.

Atravéz de mais registros em cartório, também disponíveis no Arquivo Nacional e na Biblioteca Nacional, consegui estabelecer a cronologia do Engenho de Nossa Senhora da Graça / Engenho do Vigário Geral.  Esses registros, somados a literaturas bem antigas, todas com mais de 100 anos, me permitiram montar o quebra cabeça em quase sua totalidade.

Digo quase, devido a não conseguir chegar a data fiel do momento em que as terras chegam as mãos da câmara do senado. Tudo indica que  foi logo após a família Labrit vender o engenho para a família Homem. Consultando livros de aforamentos da prefeitura do Rio, os campos realengos de Irajá sempre aparecem como "s/ data".  Além disso, apesar da afirmação do Dr. José Vieira Fazenda sobre o aforamento em 1683, há um registro cartorial anterior, de 06/11/1674, confirmando que as terras já eram propriedade do capitão Luiz Machado Homem nessa época:

"Escritura de dinheiro a razão de juros com hipoteca de bens que faz o Capitão Luiz Machado Homem ao Juízo dos Órfãos – O devedor hipoteca um engenho que possui, de invocação NOSSA SENHORA DA GRAÇA, sito em Meriti (Rio Meriti)." (1º Ofício de Notas, disponível no Arquivo Nacional)

Chegado 22/05/1685, o capitão Luiz Machado Homem vende a propriedade ao capitão Gaspar Azedias Machado:

"Escritura de venda [...] de um engenho que fazem o Capitão Gaspar de Azedias Machado e sua mulher Clara Barreta de Brito [...] sito em Mereti (Rio Meriti), de invocação NOSSA SENHORA DA GRAÇA [...] o qual houve por título de compra feita ao Capitão Luiz Machado Homem em 22/5/1685." (4º Ofício, disponível na Biblioteca Nacional)

Em 12/09/1712, o capitão Gaspar Azedias Machado, vende a propriedade ao capitão Manoel Freire Alemão de Cisneiros:

"Escritura de venda de um engenho que faz o Capitão Gaspar de Azedias Machado ao Capitão Manoel Freire Alemão de Cisneiros – de invocação NOSSA SENHORA DA GRAÇA, com casas de vivenda, igreja, senzalas, caldeiras e casa de purgar, sito no rio de Meriti, partindo de uma banda com o dito rio de Meriti e da outra com terras de Manoel Barbosa de Lima e de Rafael de Figueiredo, correndo o sertão até entestar com os campos de Irajá [...] realengos, cuja data de terras consta de uma carta de sesmaria passada pelo Governador Salvador Correia de Sá e Benevides, cuja data foi comprada ao Capitão Luiz Machado Homem..." (2º Ofício de Notas, disponível no Arquivo Nacional)

Note no fim desse registro, onde foi citada a sesmaria doada pelo governador Salvador Correia de Sá e Benevides. Tanto Haddock Lobo quanto outros autores antigos não conseguiram acesso aos documentos referentes a essa sesmaria, pois como falado, foram perdidos no incêndio da câmara do senado em 1790. Entende-se que o Capitão Luiz Machado Homem compra as datas de terra pertencentes a câmara do senado, que por sua vez a receberam através de sesmarias concedidas pelo governador. 

Posteriormente, o capitão Manoel Freire Alemão de Cisneiros vende a propriedade a Lourenço da Silva Borges, conforme mais um registro em cartório de 01/04/1716:

"Escritura de venda de uma fazenda que faz o Capitão Manoel Freire Alemão de Cisneiros a Lourenço da Silva Borges [...] que de uma banda partem com terras de Manoel Barbosa de Lima e da outra com o rio de Meriti, como na carta de sesmaria se declara, com tudo o que direitamente lhe pertencer de matos, terras, caminhos, entradas e saídas, a qual fazenda houve por título de compra que dela fez ao Capitão Gaspar de Azedias Machado e sua mulher por escritura feita nesta nota" (2º Ofício de Notas, disponível no Arquivo Nacional)

Nessa altura, as áreas do Engenho de Nossa Senhora da Graça iam do Rio dos Cachorros, no atual Jardim América, até o meandro do Rio Meriti, nos fundos da atual Vigário Geral. Quando o novo proprietário, Lourenço da Silva Borges, passa a comprar terras vizinhas, que ficavam entre seu engenho e o engenho do provedor da moeda Francisco Cordovil de Siqueira e Melo (atual bairro Cordovil) e as terras dos Figueiredos. Ou seja, terras nas atuais Parada de Lucas / Vista Alegre / Trevo das Margaridas, além de terras pras bandas da Pavuna, sempre fronteiriças ao seu engenho, como forma de expandir sua propriedade. Essas terras menores foram compradas de Maria Tourinha, de José Furtado de Mendonça e etc, que serão citadas mais a frente. A partir de então, os limites do Engenho de Nossa Senhora da Graça, agora vasto, vão do Porto Velho de Irajá, na foz do Rio Meriti (que ficava na região entre o atual trevo das missões e trevo da linha vermelha - tudo aterrado hoje - ver imagem em anexo) até a região próxima ao Rio Pavuna. Por isso lembro de um artigo onde o memorialista Brasil Gerson falou que esse engenho se tornou "dilatado" e "de mais complicada história", devido ao seu tamanho e aos desdobramentos das transações feitas ao longo dos séculos.

Ocorre que as áreas vizinhas incorporadas ao Engenho são reclamadas por moradores da Freguesia de Irajá, pois também eram terras realengas. Ou seja, do governo e de uso público. Nestas áreas ficava o gado vindo das regiões limítrofes ao Rio de Janeiro. 

Para que fique claro sobre os campos realengos de Irajá, em Annaes do Rio de Janeiro de 1834, Balthazar da Silva Lisboa nos diz:

"...que se augmentassem as pastagens, e que fossem despejados os que se havião senhoreado dos campos realengos de Irajá, para servirem de pastagem do gado..."

Haddock Lobo, no livro Tombos das Terras Municipais de 1886, confirma a utilidade:
"É tambem facto averiguado, que essas terras foram ao principio destinadas a uso público, e especialmente á pastagem e descanso dos gados, que de cima da serra desciam para o consumo da cidade; sendo que por esta razão tiveram, e tem ainda hoje, o nome de realengas."

A existência desses campos é bem primitiva, como cita o Dr. Felizberto Freire, em Memórias da Cidade do Rio de Janeiro de 1912:

"A pastagem do gado para o consumo dos habitantes da cidade, era feita até então nos campos de Irajá . Mas todos se convenceram de que era grande a distancia a percorrer para ser abatido nas proximidades dos açougues da cidade. A Camara tomou então a resolução de mudar a sede da pastagem para o campo da propria cidade em 1649..." 

Inicia-se então uma briga da câmara do senado com Lourenço da Silva Borges. Descobre-se que tanto Maria Tourinha, como José Furtado de Mendonça e outros proprietários locais, ao contrário do capitão Luiz Machado Homem, não eram proprietários da terra. Isto é, foram considerados invasores (já naquela época!). Desta forma a câmara do senado passa a exigir que Lourenço da Silva Borges abra mão dessas terras incorporadas ao Engenho de Nossa Senhora da Graça.

PRESTE BEM ATENÇÃO, pois agora entra em cena o tal "VÍGÁRIO GERAL"...

Ocorre que em meio a essa batalha, Lourenço da Silva Borges morre. As terras e o engenho ficam abandonadas por um breve intervalo de tempo. É A PARTIR DAQUI que começa a HISTÓRIA DO VIGÁRIO GERAL, quando seu neto, o reverendo cônego LUIZ DA SILVA BORGES E OLIVEIRA, através de seu direito de herança, se torna o novo proprietário do engenho por volta de 1740. O reverendo era homem letrado, carioca formado Doutor pela Universidade de Coimbra, desembargador e tesoureiro-mór da Sé do Rio de Janeiro e que, segundo Monsenhor Pizarro em Memórias Históricas do Rio de Janeiro, foi o VIGÁRIO GERAL do Rio de Janeiro entre 1752 e 1755. 

Segue registro cartorial de 31/03/1760, que atesta a propriedade do reverendo e seus limites com o Engenho do Cordovil:

"Escritura de venda de um engenho que fazem o Doutor Provedor Francisco Cordovil de Siqueira e Melo, cavaleiro professo na Ordem de Cristo, e sua mulher Dona Catarina Vaz Moreno, a José de Souza Andrade - de fazer açúcar, moente e corrente, da invocação de Nossa Senhora do Bonsucesso, com capela aparamentada, 53 escravos, 164 bois, vacas e novilhos, 56 ovelhas e carneiros, 1 barca, 1 saveiro e uma casa de vivenda anexa à capela, sito no porto da freguesia de Nossa Senhora da Apresentação do Irajá, partindo de uma banda com terras do engenho de Brás de Pina e da outra com terras do engenho do Reverendo Doutor e Cônego LUIZ DA SILVA BORGES E OLIVEIRA (Vigário Geral)..." (1º Ofício de Notas, disponível no Arquivo Nacional).

O livro Tombo das Terras Municipais, também confirma a localização do Engenho de Nossa Senhora da Graça já na época do reverendo Luiz da Silva Borges e Oliveira, assim como a batalha judicial:

"...as terras realengas de Irajá situadas junto de uma estrada geral, pela qual se comunicava, e ainda se communica a cidade com as Provincias centraes; e de serem além disso margeadas pelo grande rio de Merity, confirma-me na segunda opinião. Como quer que seja, o certo é que a Illustrissima Camara possue uma importante data de terras na Freguezia de Irajá cuja posse lhe tem sido reconhecida, e cujo dominio lhe tem sido acceito em uma immensidade de titulos e documentos, cujas datas se contam por dous seculos [...] Em uns autos que encontrei no Archivo existe um termo feito aos 13 de Agosto de 1741 pelo escrivão da Camara, que então era Miguel Rangel de Souza Coutinho, e assignado pelo Reverendo Dr. LUIZ DA SILVA BORGES E OLIVEIRA, proprietario do ENGENHO DE N. S. DA GRAÇA, que confinava com as terras realengas de Irajá. Consta esse termo de uma cessão e traspasse, expontaneamente feito ao senado da Camara pelo referido Dr. Silva Borges, para uso público dos moradores d’esta cidade, e de seu reconcavo, de toda a acção, direito, posse, dominio e senhorio que ele podesse ter nas ditas terras, que confinavam com o seu Engenho; que eram as mesmas que seu avô, Lourenço da Silva Borges, tinha comprado em 1716 a D. Maria Tourinha e outros, e que por esse facto se achavam incorporados ao referido Engenho [...] Com quanto n’este termo se diga que a sessão foi feita espontaneamente, todavia tal espontaneidade não existio. Tendo o Senado ido em vistoria a Irajá por causa de queixas e reclamações que a tal respeito lhe haviam sido feitas pelos moradores do lugar, reconheceo-se que taes terras faziam parte dos campos realengos, e não pertenciam ao Dr. Silva Borges, embora seu avô as tivesse comprado como allodiaes; porquanto a pessoa que as vendêo nada mais era do que um simples intruso. Então o Dr. Silva Borges entendêo, que, para se furtar a um pleito em que não podia ter ganho de causa, o recurso era praticar um acto de generosidade, abrindo mão d’aquillo de que apenas era illegitimo detentor."

Fica evidente que o reverendo abriu mão das terras, sabendo que não poderia vencer o pleito junto a câmara, mesmo seu avô Lourenço da Silva Borges tendo pago aos invasores pelas mesmas. 

Além das terras de Maria Tourinha mencionadas nessa última citação, as terras de José Furtado de Mendonça chamadas CAPÃO DO FURTADO ou SÍTIO DO QUIFANGOMBE, também foram comprados por Lourenço da Silva Borges. Comparando outros registros e suas cordenadas, tudo leva a crer que o Capão do Furtado se localizava nos arredores de Parada de Lucas / Vista Alegre / Trevo das Margaridas. Sobre essas terras, segue trecho do livro Tombos da Terras Municipais de 1866:

"...existe uma certidão [...] na qual se lê, que em 13 de Agosto de 1782 José Furtado de Mendonça assignára termo, no livro de obrigações e fianças, de reconhecer ao Senado da Camara, d’aquella época em diante, como directo senhorio das terras do seu sitio denominado – Capão do Furtado – e antigamente sitio de Quifangombe, promettendo pagar o fôro que se lhe arbitrasse. Finalmente no segundo livro de vereações do Senado da Camara a fl. 144, encontra-se o Accórdão de 6 de Julho de 1793, pelo qual se mandou aforar em hasta pública uma porção de terrenos em Irajá, que se achavam devolutos, e que constavam de 315 braças de testada pela divisa do Engenho de N. S. da Graça, indo da cerca do Capão do Furtado para as margens do rio Merity."

Sobre as terras de Maria Tourinha, levando em conta que ela era proprietária do jurássico Engenho da Pavuna, provavelmente as terras realengas vendidas ficavam entre seu engenho e o engenho do Vigário Geral. Em Primeiras Famílias do Rio de Janeiro de Carlos G. Rheingantz, cita Maria Tourinha, seu esposo João Velho Barreto e seu Engenho da Pavuna:

"Notícia do engenho da Pavuna, do Licenciado João Velho Barreto e de Dona Maria Tourinha Maciel" 
 
Esse mesmo Engenho da Pavuna em alguns documentos e mapas antigos é também chamado de Engenho de João Velho. Nessas terras surgiram depois o Engenho de Nossa Senhora do Desterro da Pavuna e depois a Fazenda de Nossa Senhora da Conceição da Pavuna. Portanto, tudo leva a crer que essas outras terras realengas incorporadas ao Engenho de Nossa Senhora da Graça / Engenho do Vigário Geral, é a localidade que vai dos fundos do atual Jardim América após o Rio dos Cachorros, passando pelo atual Rio Acari, pelo início da Pavuna (comunidade da Ficap e Beira Rio), até o atual Parque Colúmbia, fazendo limite com a atual Acari (chamada de Areal no passado). Ou seja, fazendo fronteira com a terras do Engenho da Pavuna e com outras terras realengas onde depois surgiu o Engenho de Botafogo. Infelizmente muitos engenhos ou engenhocas da região não aparecem em mapas antigos, ao contrário do Engenho de Nossa Senhora da Graça / Engenho do Vigário Geral, que aparece em alguns mapas as margens do Rio Meriti, como no mapa da capitania do Rio de Janeiro de 1767 (ver imagem em anexo), porém sem nome, somente abreviado como "Ingº".

A localizaçâo deste outro engenho de Maria Tourinha, chamado de Santo Antônio e nas margens do Rio Meriti, fica evidente nessa outra escritura de de 26/04/1722:

"Escritura de ratificação de dote que faz Maria Tourinho Maciel [...] a João de Andrade Veiga, para se casar com sua filha Maria Tourinho Maciel – Ratifica o dote de [...] mil cruzados, entrando aí a legítima paterna, a saber, as terras do engenho velho, começando do rio da Pabuna por um córrego acima, onde [...] figueira grande da parte de cima do outeiro de Santo Antonio e dali [...] o alto que lhe chamam Amatohy (?), irá buscando uma grota onde [...] o rio (ilegível), e irá por ele abaixo até o rio Meriti [...] para a parte do porto, com todas as suas vertentes, entradas e saídas livres, com o partido de cana que na dita terra está, com 180 carros de cana, que tudo lhe dá em preço de 4.000 cruzados e mais os escravos seguintes que vão com seus preços [...]"

Ou seja, do Rio Pavuna até o antigo leito do Rio Meriti (localização aproximada do atual Rio Acari), só nos resta a região já mencionada, que vai dos arredores da atual Av. Coronel Phidias Tavora, que é a comunidade da Ficap e Beira Rio, na Pavuna, até o Parque Colúmbia. Neste local ficava aproximadamente a confluência dos Rios Pavuna e Meriti, localidade que nos séculos passados se chamava Três Barras, que era um dos pontos limites da Freguesia de Irajá com a Freguesia de São João Baptista do Merity (anterior São João Baptista de Trairaponga). 

Já a localização exata da casa SEDE do Engenho de Nossa Senhora da Graça / Engenho do Vigário Geral original, que friza-se também chamado de Engenho Velho devido a sua antiguidade, era exatamento onde hoje está a COMUNIDADE DE VIGÁRIO GERAL, na altura da Estação de Vigário Geral, pela parte de dentro dos muros da linha férrea, que no final do século XIX ao ser inaugurada era chamada de Parada do "VELHO ENGENHO", não em vão. A casa sede ficava bem nas margens do Rio Meriti (ver imagem em anexo).

Confusas seriam essas informações se não recordar que o Rio Meriti ORIGINAL (sinuoso), nada tem a ver com o o Rio Meriti atual (retificado em linha reta), pois houveram diversas obras de saneamento que ao longos dos anos mudaram o curso original do mesmo. Conforme imagem em anexo, o curso baixo do Rio Meriti passava por trás das atuais Comunidades de Vigário Geral e Parada de Lucas e desaguava próximo ao atual trevo da linha vermelha na atual Rod. Washington Luiz. O Porto de Irajá, que nos mapas de meados do século XIX já era chamado de Porto VELHO de Irajá (Irajá, pois essa região de Cordovil também pertecia a Freguesia de Irajá), devido também a sua antiguidade, ficava entre esse mesmo trevo da linha vermelha e o trevo das missões, no início da atual Rod. Washington Luiz. Na imagem em anexo, percebe-se que restou uma porção de águas, que dividem as duas comunidades com a área militar e que era justamente o trecho final do Rio Meriti. 

Por isso também há referências do Engenho de Nossa Senhora da Graça como "Engenho do Porto de Irajá". Justifica-se, pois por um lado do Rio Irajá eram as terras do engenho do reverendo, onde ficava o porto, do outro lado o engenho dos Cordovil e o engenho dos Figueiredo (Rafael de Figueiredo, herdeiro de Margarida Pinta).

Após a morte do cônego Luiz da Silva Borges e Oliveira, seu sobrinho, o juiz da alfandega Antônio Martins de Brito, que era seu testamenteiro, pediu autorização ao Rei Dom José, para poder comprar por um valor mais em conta o engenho, incluído no inventário, para poder saldar dívidas de seu tio. É neste requerimento que o engenho é citado como "Engenho do Porto de Irajá". No relatório do Marques do Lavradio de 1778, também aparece um tal "porto do juiz da alfândega", se tratando do sobrinho e herdeiro do Vigário Geral. 

Dessa forma, Antonio Martins de Brito se torna proprietário do Engenho de Nossa Senhora da Graça / Engenho do Vigário Geral e assim como Lourenço da Silva Borges e o reverendo Luiz da Silva Borges e Oliveira, também compra algumas terras vizinhas, conforme mais escrituras que não serão citadas para não aloangar ainda mais o texto. Concluindo que o "dilatado" Engenho de Nossa Senhora da Graça, conforme apelidou Brasil Gérson, chegou a ter terras que iam desde o Porto Velho de Irajá, nos arredores do atual trevo das missões, até a região fronteiriça a Pavuna. 

Após Antonio Martins de Brito, a propriedade passou pelas mãos de seus herdeiros e outros donos no início do século XIX. Sobre esse período, até então não encontrei muitas informações, senão sobre uma briga judicial entre os herdeiros Antonio Martins de Brito com os herdeiros de José Furtado de Mendonça, cujo o sobrinho do reverendo saiu vitorioso, após provar que seu tio havia pago pelas terras. Curioso é que no final das contas era sobre aquelas terras realengas citadas anteriormente e que a câmara do senado, real proprietária, não havia sido comunicada do novo processo. Estavam lutando pela propriedade da invasão, que foi novamente retomada pela câmara do senado. O processo foi em vão. Esse fato foi relatado ainda em Tombos da Terras Municipais, de 1866:

"Em 1800 os proprietarios do Engenho de N. S. da Graça, que foram herdeiros de seu pai Antonio Martins de Brito, que tambem o fôra do Dr. Luiz da Silva Borges e Oliveira, tencionavam incorporar ao seu Engenho este sitio, em virtude de uma sentença que obtiveram contra um dos successores de José Furtado de Mendonça; e isto sem que o Senado fosse sabedor, ou tivesse sido chamado á autoria."

Após esse período, em meados do século XIX a terra chega aos mãos de Pedro de Mello Alcanforado, outro vigário. Sobre ele, encontrei uma preciosa carta onde oferece a propriedade ao governo imperial (original anexo nas imagens). Curioso e muito interessante! 

Apesar de um pouco ilegível e de difícil compreensão, consegui transcrever uma boa parte. Assim diz o documento disponível no Arquivo Nacional (erros de português por conta do autor - desconsiderar possíveis erros de interpretação meus):

"Ilmo Exmo Senhor

A fasenda de N. Senª da Graça, vulgarmente conhecida pela do Vigario Geral, acha-se situada as margens dos rios Pavuna e Mirity, na Freguesia de Iraja, que a banhão e dividem pelo lado do norte, e fica distante algumas braças da nossa Bahia. He huma sesmaria de meia legua de frente e huma de fundo, e tem mais duas atrações anexas, [como tudo?] comta das [ilegível] em nosso poder. 
      As terras são fartas e a cinco annos ha que nao sao trabalhadas. Tem diversas collinas todas e toda fazenda cobertas de excellentes matas para as construções necessarias, e que querendo se cortar para lenhas, darao muitas centenas de [carvão?] tem excelentes pastagens e grandes vallas para os rios por onde entrao os barcos, que exportao os productos pª a Corte, e isso n'uma viagem de duas horas e meia, alem de ficar ao curto espaço d'uma legua da Estação de Cascadura da Estrada de Ferro de D. P 2º.
      Não me sendo possível, atento a falta de braços e ao meu estado [ilegível] inteiramente a agricultura. (possuil-a?), offereco-a em venda ao Governo Imperial, podendo-se m' a pagar a vista, a prasos, ou como o Governo melhor intender: certo de não haver particular que possa e queira dispor fundos com terras e convencido de que o Governo não poderá incontrar junto a Corte huma fasenda com tantas vantagens, que deva de dia em dia augmentos de valor.
Corte, 25 de Nov de 1861

Vigario Pedro de Mello Alcanforado"

Percebe-se, pelas medidas e descrição, que nessa época de 1861, as terras do Engenho Nossa Senhora da Graça / Engenho do Vigário Geral estavam novamente reduzidas ao que era em seus primórdios, que são os atuais bairros de Vigário Geral e parte do Jardim América. As colinas citadas na carta são os chamados "tobogãs" pelos atuais locais. Após um século da morte do reverendo Luis da Silva Borges e Oliveira, das terras incorporadas, todas foram vendidas e as ditas realengas já haviam sido retomadas pela câmara do senado, que após muitos anos foram aforadas em hasta pública por se echarem devolutas, sendo ocupada por novos donos. 

Logo depois, em 1874, chega a Estrada de Ferro Leopoldina e surge a Parada do "Velho Engenho" (atual Estação de Vigário Geral). As terras são divididas pelo leito ferroviário. Décadas depois veio, paralela a este leito, a Variante Rio Petrópolis, que hoje é o trecho da rua Itabira continuado pela Av. Bulhões Marcial. Não confundir essa Variante com a Nova Variante, que em meados do século XX era o nome da atual Av. Brasil, construída sobre inúmeros aterros sobre a orla praiana de todo o subúrbio.


Não encontrei registros do que ocorreu com a propriedade do Vigário Pedro de Mello Alcanforado e até quando ficou em suas mãos. Sabe-se no entanto, que no início do século XX, o Doutor Bulhões Marcial (que deu nome a avenida) adquire as terras da fazenda, as loteia e aí inicia-se a história mais recente do Bairro de Vigário Geral. Poucas décadas depois vem os conjuntos habitacionais e a história já conhecida por muitos, a qual não irei abordar nesta pesquisa.

Vale aqui lembrar que a ESTRADA DO VIGÁRIO GERAL é um caminho bem antigo, que já aparecia em mapas antigos (ver imagem em anexo). Era o caminho que o Vigário Geral percorria a cavalo até a sede da Freguesia de Nossa Senhora da Apresentação do Irajá, na igreja matriz, ao lado do atual cemitério. Antes da construção da Avenida Brasil, a Estrada do Vigário Geral original não havia sido "cortada" ainda. Portanto, o trecho final da Estrada do Vigário Geral, após ser dividida, recebeu o nome de Av. Hanibal Porto, hoje em Irajá.

Como não é de hoje que a memória do subúrbio é renegada, infelizmente não restou nem uma poeira da casa sede do Engenho de Nossa Senhora da Graça / Engenho do Vigário Geral. Tudo foi perdido!

Essa é a longa e riquíssima história de Vigário Geral... 

AINDA DIZEM QUE O SUBÚRBIO NÃO TEM HISTÓRIA!!!

(Se você leu até aqui, você é um amante da memória suburbana! Muito obrigado!)

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*Texto e pesquisa de minha autoria: Hugo Delphim, concluída em Junho de 2020.
*Todas as fontes de pesquisa e informações se encontram citadas no próprio texto.

segunda-feira, 25 de maio de 2020

         O CEMITÉRIO DA PENHA -                         PRECISAMOS DE UM!

1955- TRIBUNA DE IMPRENSA - FASES DA IGREJA DA PENHA



Quando pensamos em sua importância, um cemitério nada mais é que a última morada, o local de descanso eterno de nossos parentes, amigos e conhecidos. Entender o que foi esse projeto que não deu certo, é necessário transportar nossa mente para a época que vamos estudar, entender as mazelas e dificuldades de um povo que vivia no limite, sem transporte, sem infraestrutura, sem saneamento básico e com poucas opções de diversão

O início do subúrbio é uma história longa que não cabe colocar aqui no momento, mas efeitos de conhecimento, o novo modelo de cidade aplicada na cidade, graças as influencias francesas de remodelação do centro trouxe uma nova perspectiva de cidade, onde os pobres foram tirados do centro e jogados para a antiga zona rural, lugares sem a estrutura necessária para uma vida digna. Diferente do modelo americano, que concentrou os trabalhadores nos centros perto de seus trabalhos, o modelo carioca expandiu a cidade para dose, vinte, quarenta quilômetros para longe do núcleo financeiro.

Lugares onde apenas o trem era o meio de transporte, houve a necessidade de criar linhas de bondes para ajudar no transporte, o que ao meu ver, não ajudou muito pois eles continuavam com superlotação e com histórico gigantesco de acidente, isso estou contanto com os bairros que possuíam esses dois meios de transporte, mas e os bairros que nem isso tinham?

O fato é que a população dessas localidades cresceu muito em pouco tempo. Antes da reformulação da cidade, as freguesias rurais já apresentavam crescimento assustador imagina o pós Belle époque. Traduzindo em números, pegando como base a freguesia de Irajá- freguesia suburbana-, percebemos o crescimento assustador. Em 1890, a população da freguesia era de 13.113 pessoas. A população da freguesia em 1906 era de 27.410 pessoas. Dez anos depois, em 1920, a população saltou para 99.586, um crescimento de 263%. O que mexeu também na densidade demográfica da região que em 1910 era de 212 de habitantes por quilometro quadrado, saltando em 1920 para 770 de habitantes por quilometro quadrado. ( números tirados do livro EVOLUÇÃO URBANA DO RIO DE JANEIRO – MAURICIO A. ABREU .)

Precisava mostrar um pouco do subúrbio na época que se acontece a discussão sobre o cemitério da Penha.



Mas o pedido dos moradores só viria novamente a ser estudado pelo governo municipal em 1926. Durante o governo do interventor Antonio Prado Junior(1926-1939), o sr. Arthur Menezes apresentou no Conselho Municipal algumas indicações de obras e construções em uma delas foi o cemitério com o custo de 340 conto. E pelo jeito deu certo, pois o jornal O PAIZ divulgou que o presidente do Conselho autorizou a construção do cemitério e solicitou a comissão da obra uma intervenção junto a irmandade da Penha, solicitando a autorização para a construção do cemitério em terrenos pertencentes a mesma. O decreto autorizando a construção foi o 3.157 de 21 de outubro de 1926. Um encontro entre representantes do governo municipal e a irmandade selaram o acordo e a ordem religiosa realizou a doação do terreno para a construção, que teria 500 metros de comprimento e 10 de largura.




Artigo único: Fica o prefeito autorizado a criar um cemitério na localidade denominada “Arraial da Penha” no distrito de Irajá, podendo desse fim entrar em acordo com a irmandade N. Sr, da Penha...inclusive promover a desapropriação do terreno...abrir créditos...”





Mas o projeto ao que parece foi arquivado, não se falou mais nele. Tudo indicava que a população mais uma vez seria esquecida. Mas essa ideia voltou a ser ventilada alguns anos depois. A população da região já passava das 260 mil pessoas em 1937, e essa necessidade por um local para os mortos começou a ecoar novamente dentro do governo, então o secretário de saúde da época, o senhor Irineu Malagueta se reuniu com o Monsenhor da igreja José Maria da Rocha e colocaram novamente em pauta o plano da construção. O valor da construção continuava o mesmo e só precisavam a autorização do prefeito para fazer as obras. Rapidamente, enxergando a necessidade do cemitério, através de um decreto, o prefeito Henrique Dodsworth ( 1937-1945) autorizou a construção. O negócio foi fechado em definitivo num almoço nas dependências na igreja para boa parte dos representantes do governo municipal e amigos do Monsenhor.


Em uma bela manhã, Henrique e seus conselheiros e fiscais fizeram uma visita ao terreno doado, ao contrário do noticiado antes, o tamanho do terreno era de 1.275 metros. Aproveitando a visita, o povo pediu melhoramento para o Largo da Penha e ruas em volta que a tempos não eram melhoradas. O interventor prometeu acelerar as coisas para tudo ficar pronto o mais rápido possível. Logo depois foi apresentada a planta das obras e isso foi notícias em vários jornais: A Penha ai ter sua morada eterna!
As obras se iniciaram em 1939, o cemitério ficaria ao final da rua Nossa Senhora da Penha, pegaria uma parte do morro, descendo pela outra lateral da rua até encostar na avenida Principal. Seria um dos mais belos cemitérios da cidade. 1700 metros de terreno foram demarcados, um muro foi levantado de 100 metros de comprimento, um prédio começou a ser levantado, o que seria a parte administrativa do cemitério até que todos os operários sumiram e a obra parou. As pessoas passavam atônitas olhando para tudo aquilo parado, as rodas de fofoca nos domingos de missa eram grandes. Muitos se perguntavam o que aconteceu?










A prefeitura da cidade descobriu que houve um grande desvio de verbas, dinheiro destinado a obra desapareceu e não tinha como continuar. A prefeitura não quis liberar mais e pelo jeito não investigou o que houve, então o sonho de construção da necrópole da Penha caiu no esquecimento. No local, anos mais tarde, cresceria a comunidade do proletariado, onde o terreno foi todo loteado e vendido a funcionários públicos  e o prédio foi aproveitado e nos dias atuais é um colégio .







No ano de 1955, o periódico “ A TRIBUNA DE IMPRENSA” , fez uma grande reportagem mostrando alguns aspectos do que seria o cemitério , o que a Penha e a irmandade perdeu . No lugar do cemitério, a Penha ganhou uma favela e a irmandade perdeu seu terreno, ninguém foi preso pelos desvios. A irmandade perdeu muito de seu terreno, não apenas devido ao cemitério, mas a irmandade doou as terras para a construção da estrada de ferro, abriu inúmeras ruas e cedeu outros pedaços para prédios públicos, isso nos dias atuais se ainda tivesse domínio dessas terras, poderia render uma boa grana a igreja.
Um cemitério na Penha , imagina como seria hein !




domingo, 17 de maio de 2020

A ESCOLA QUE FEZ MARTINHO: APRENDIZES DA BOCA DO MATO.

1971 MARTINHO DA VILA



O Carnaval carioca é a maior festa carnavalesca do mundo, são várias escolas divididas em várias divisões lutando pelo título, acesso a divisões superiores e mostrando tudo que tem de belo. Blocos de ruas espalham alegria por toda a cidade e festas de bairros patrocinados pelos comerciantes locais, a cidade para durante quatro dias de festejos, amores, decepções e aventuras.

No mundo das escolas de samba, o campeonato ganho vai muito além de um troféu, é mostrar todo o orgulho da escola de samba e de sua comunidade que soa sangue o ano todos para que o carnaval saia perfeito. Mas o que leva uma escola a fechar as portas? Usando como exemplo escolas próximas, a Tupy de Braz de Pina e a Independentes de Cordovil, entre outros fatores, teve como principal a questão de brigas internas e a violência crescente. Outras escolas não de adaptam ao novo e ficam presas ao passado ou até mesmo por questões financeiras.
Mas a questão aqui não é resgata o fim, mas mostrar como uma escola nasce, desfila e mostra todo seu glamour e como ela é capaz de doar ao mundo do samba e a música brasileira, alguém tão importante como o MARTINHO DA VILA.

A escola que iremos abordar certamente foi esquecida por milhares de pessoas do mundo do samba, mas Marinho sempre fez questão de mostrar e falar o nome dela como ponto decisivo em sua vida. Antes da Vila Isabel entrar na sua vida, os primeiros passos foram dados nessa escola e vamos mostrar um pouco da trajetória dessa escola sempre associando o nome do Martinho, pois 90% do que foi achado nos jornais antigos sobre a escola, envolve o nome do sambista da vila.

O BLOCO, A ESCOLA, O SONHO!

Tudo tem um começo e um fim, nunca a história do “ALFA e do OMEGA” fez tanto sentido. Assim como o Universo onde tudo que se inicia chega ao fim em algum momento, a APRENDIZES DA BOCA DO MATO foi uma desses cometas que passam pelo céu, rasgando a noite e caindo no esquecimento.
Antes do surgimento da escola, havia um bloco na localidade chamada BOCA DO MATO, um bairro não oficial na região do Lins de Vasconcelos onde um funcionário que trabalhava na empresa de energia elétrica Light organizou um pequeno bloco para os amigos e vizinhos que começou a crescer por toda a localidade. Não há um registro exato de quando esse bloco iniciou, mas segundo reportagem com o bloco já se chamando Boca do Mato, creia-se que o antigo bloco se iniciou entre os anos 10 e 20. O apelido do bloco era bloco do ABERLADO FUMO E BLOCO DO BURRINHA. Segundo o jornal CORREIO DA MANHÃ, o bloco já se chamava BOCA DO MATO , como é descrito na reportagem abaixo :

“ Na rua Lins de Vasconcelos, uma festa promovida pelas famílias e comerciantes locais , uma gigantesca batalha de confete e lança perfume . A festa foi dedicada a imprensa e realizada pelo Bloco Boca do Mato, que também seria homenageado “. (CORREIO DA MANHÃ- 1929)

Com o crescimento e o sucesso do bloco, um grupo de pessoas decidiu já construir o embrião da escola de samba e nascia assim o BLOCO BOCA DO MATO e esse bloco tinha como escola inspiradora o APRENDIZES DE LUCAS. A admiração era tanta pela escola que o nome, as cores e o estilo de samba forma copiados da agremiação de Lucas. È nesse momento que Martinho da Vila iniciava sua história no bloco, que começou a frequenta-lo com apenas 15 anos de idade e rapidamente caiu nas graças da diretoria, um jovem que morava na Serra dos Pretos Forros começava ali sua estrada de sucesso!

Com o sucesso do bloco, no início dos anos 50 um grupo de pessoas começou a se organizar para fundar a escola de samba, que aconteceu em 1954 e tendo autorização para desfilar no mesmo ano.

Martinho da Vila teve seu primeiro samba- enredo ganhador em 1957 com o tema sobre Carlos Gomes, que levou a escola ao sétimo lugar no grupo dois. Em 1959 ganhou o samba enredo novamente com o tema sobre MACHADO DE ASSIS, que colocou a escola em segundo lugar no grupo dois, um grande feito para a época. O último samba enredo que Martinho ganhou foi em 1960, com o enredo sobre RUI BARBOSA, deixando a escola em sétimo lugar do grupo um. Antes de ser o grande compositor da escola, Martinho foi ritmista, passista, presidente de ala, diretor de harmonia até chegar a compositor.

O primeiro desfile da escola foi em 1954 e a escola ficou no décimo terceiro colocado com 134 pontos e a campeão desse ano foi a Beija Flor e seu desfile foi na antiga e esquecida praça XI. Em 1955, ficou em sétimo lugar e a campeão foi a Unidos da Paz e Amor. Em 1956, ficou em décimo lugar e a campeão foi a Flor de Lins.

A escola apresentou um crescimento muito rápido, seus ensaios eram realizados na Rua Caparaó número 77 e além de desfilar na Praça XI, desfilou também na Avenida Presidente Vargas.

Outros resultados da escola estão logo abaixo.

Aprendizes da Boca do Mato- colocação nos carnavais


1954  13.º lugar             
1955  7.º lugar       
1956  10.º lugar     
1957  7.º lugar       
1958  17.º lugar    
1959  2.º lugar
1960  7.º lugar
1961  13.º lugar
1962  13.º lugar
1963  4.º lugar       
1964  5.º lugar       
1965  9.º lugar       
1966  10.º lugar     
1967  16.º lugar     
1968  17.º lugar     



Infelizmente devido a problemas financeiros e de brigas internas, a escola encerrou as atividades em 1968 para nunca mais voltar

DESFILES E ASSOCIAÇÕES

6 desfiles no campeonato pela AESB e CBES
2 desfiles no campeonato intermediário na AESB e CBES
4 desfiles no grupo 3 na AESB e CBES
1 desfile do supercampeonato de AESB e CBES
3 desfiles no grupo 3 pela AESEG e CBES

LINKS DO SAMBA ENREDO DA ESCOLA BOCA DO MATO DE 1959

BIBLIOGRAFIA
Carnaval.fandom.com
Farofafacartacapital.combr
Biblioteca nacional 

quinta-feira, 23 de abril de 2020

O BERÇO DO SAMBA DA ZONA LEOPOLDINENSE : RAMOS , SEU SAMBA É SUA PAIXÃO 

1928 ESTANDART DO PARASITAS DE RAMOS



HÁ uma discussão enorme de qual foi a primeira escola de samba formado a partir dos velhos ranchos. A história da cidade se confunde diretamente com a construção social da cidade do Rio de Janeiro. A perseguição aos sambistas, a música negra presente nas festividades da Penha, a reunião na casa da Tia Ciata, o samba tem várias origens e mitos que rondam seu surgimento. Os negros e sua batucada transformaram a praça XI no reduto musical e foi o espaço dos primeiros desfiles de carnaval. Antes da criação da Avenida Marquês de Sapucaí, projeto de Oscar Niemeyer, tantos outros lugares testemunharam a evolução do samba. Avenida Rio Branco, Bonsucesso e tantas outras ruas que receberam desfiles de várias escolas de inúmeras divisões. Escolas ficaram mundialmente conhecidas, escolas com pouco ou quase nenhuma tradição e escolas extintas, todas elas já sentiram o gosto de desfilar para milhares de cariocas e estrangeiros.

FOTO GOOGLE - TIA CIATA

Antes das escolas de samba, os ranchos dominavam o cenário carnavalesco carioca. Os ranchos nada mais era que a base da estrutura do que viria a ser as escolas de samba, tinham:
1-      Um porta Standart
2-      Um mestre Sala
3-      Ala das baianas
4-      Pastoras – passistas
5-      Músicas típicas
6-       Fantasias 


1932 - RANCHO PARASITAS DE RAMOS


A onda chamada carnaval não ficaria “preso” apenas pelo centro, com a expansão do subúrbio, é claro que essa musicalidade, já presente no local com a festa da Penha, teria seus representantes.

Penha ou Ramos, onde seria o berço do samba no subúrbio? A festa da Penha registra desde épocas imperiais a presença de negros batucando uma espécie de samba primitivo chamado JONGO, muito apoiada pelo padre Ricardo, grande abolicionista que chegou a comprar uma chácara atrás da Igreja para receber escravos fugidos. Mas Ramos já nasceu sobre o batuque do carnaval, já que as primeiras atividades do carnaval são datadas dos anos de 1910, vejam que interessante, se pegarmos os primeiros registros de moradores pós o loteamento das primeiras ruas como Professor Lacê, Euclides Farias, Aureliano Lessa, são datados dessa mesma época, ou seja, o carnaval de Ramos nasceu junto com o bairro.


Para ser mais exato, o primeiro grupo a promover o carnaval no bairro foi o grupo de foliões da sociedade “Ameno Heliotrópio”. Pouco tempo depois o “Ponto de Ramos” que mais tarde se transformou no Teatro Ramos Club. No dia 13 de maio de 1914, foi fundada os “ENDIABRADOS DE RAMOS “ e com isso Ramos ficou conhecido como “capital do Samba na Leopoldina”. Os endiabrados realizavam seus bailes que ficaram muito famosos. O velho clube sempre estava presente nos noticiários dos jornais, sempre estavam anunciando as festas realizadas pelo clube que atraiam pessoas de todas as localidades. Os “endiabrados” erma tão atuantes e importantes que em 1936 a sua diretoria fez uma singela homenagem a diretoria do Clube de Regatas Vasco da Gama, a qual sua diretoria compareceu em peso. A Avenida dos Democráticos testemunhou vários desses bailes de carnaval.





Um rancho que também apareceu foram os “PARASITAS DE RAMOS e “ UNIDOS DA BARREIRA” . Os parasitas “rivalizavam “ diretamente com os “endiabrados”, apenas de ambos se apoiarem em todos os sentidos, o carnaval do velho rancho atraia muita gente o que provocava certos ciúmes da outra galera. O rancho ocupava também muitas páginas dos velhos jornais. Os parasitas também chegaram a ter um time de futebol amador e disputava os campeonatos locais. As festas promovidas pelo rancho geralmente eram no Ramos club. 

1933 - componentes da recreio de ramos 



Todos essas sociedades carnavalescas e ranchos teve influência direta na formação do RECREIO DE RAMOS.  A velha escola que ficava situada na rua Paranapanema número 52, foi fundada em 1931, uma escola que em poucos anos de criada, saboreou o gostinho da vitória, o que seria algo normal depois que alguns componentes anos depois fundaria a Imperatriz Leopoldinense. A escola ganhou o campeonato de 1934, dividindo o título com a Estação Primeira de Mangueira. Esse campeonato que teve duas campeãs foi curioso. Quem premiava a campeã era dois jornais, “O PAÍS E A HORA “ e cada um deu o título para uma escola, a primeira deu para a Mangueira e a segunda para a escola de Ramos.





A escola de samba foi fundada por dois verdadeiros mestres de carnaval, lendas do mundo do samba que contribuíram demais para a musicalidade. Mano Décio e o mestre Marcal. Inclusive o Mano foi fundador de outra escola: Império Serrano.  A escola seria extinta nos anos 50 e alguns de seus componentes vieram a funda a Imperatriz.



https://enciclopedia.itaucultural.org.br/pessoa436721/mano-decio-da-viola
Descreveu assim o Mano Décio :

Com menos de 1 ano de idade, muda- se com a família para Juiz de Fora, Minas Gerais, onde é registrado, e pouco depois vai para o Rio de Janeiro, para morar no Morro de Santo Antonio, no Largo da Carioca. Em 1916, muda-se para o Morro da Mangueira e, em 1922, vai para a Rua Tuíba no Morro da Serrinha, e lá desfila no Bloco Vai Como Pode, que dá origem à Portela. Trabalha como jornaleiro no Largo da Carioca e ingressa na Escola de Samba Recreio de Ramos, presidida por seu patrão, Norberto Marçal, o "Mango".

Em 1934, volta a residir na Serrinha e ingressa na Escola de Samba Prazer da Serrinha, quando recebe o apelido "Mano Décio da Viola", por conta de seu instrumento, o cavaquinho. Nesse mesmo ano sofre um acidente de trabalho, descarregando latas de creolina no cais do porto, e fica cego de um olho. Sobre essa experiência compõe o samba Cego e Surdo. No ano seguinte, leva o então professor de português de um colégio de subúrbio, Silas de Oliveira, para a escola da Serrinha, onde ambos ficam até 1947, quando saem após um desentendimento e fundam, com outros sambistas, a Escola de Samba Império Serrano.

Seu primeiro trabalho gravado é de 1935, Vem Meu Amor, na voz de Almirante, realizado sobre a melodia da valsa Os Patinadores, de Emile Waldteufel, que Mano escuta em um filme. Mas, como é comum entre os compositores pobres ligados às escolas de samba do Rio de Janeiro da primeira metade do século XX, como Nelson Cavaquinho e Cartola, de quem é amigo, Mano Décio vende boa parte de suas composições ou divide a parceria com algum amigo que pagasse, por isso parte de sua obra se perde ou é gravada sem os devidos créditos. No caso desse samba, que é vendido para um amigo chamado Baúza e repassado para Bide e João de Barro, o Braguinha, seu nome é grafado no selo como Delson Carlos.


Se quiser saber essas e outras curiosidades sobre carnaval é só acessar a página no Youtube FALANDO DE CARNAVAL , DA  amiga e Historiadora Carolina Grimião .

https://www.youtube.com/channel/UCcZQqznpdHsCqw0tOQL5lfg

quarta-feira, 22 de abril de 2020

Pinheiro – a parte do continente que era uma ilha.
FOTO CEDIDA GENTILMENTE PELO COLABORADOR MARCOS BORGES

Quem anda muito por Bonsucesso, está acostumado a dividir a calçada com ambulantes e as ruas com diversas vans de transporte alternativo, vans essa que nos leva para diversas localidade. Cidade Alta, Bananal e uma em especial nos leva em direção a uma ilha, a Pinheiros. Para quem não sabe, na região da comunidade da Maré tem uma localidade chamada Pinheiros e ali nobres amantes da cidade, era uma ilha, que guardava a história de nossa orla. Vamos conhecer um pouco sobre essa ilha e como ela foi anexada ao continente.





A geografia da cidade do Rio é peculiar. A cidade é espremida entre uma cadeira de montanhas e o mar e nossa gigantesca Baía é lotada de pequenas ilhas que já foram ou são habitadas. È devido a essa geografia que a cidade vive sofrendo com as chuvas de março e as chuvas de verão, acabamos crescendo sem nenhum planejamento e suprimindo e destruindo bacias hidrográficas e mangues, importantes sistemas da natureza. Quem quiser saber um pouco mais sobre o assunto é só acessar: http://educacao.globo.com/artigo/geografia-do-rio-de-janeiro.html







 Ilha faz parte de um conjunto de pequenas ilhas que estão espalhadas pela Baía de Guanabara, ela já foi considerada um paraíso, um lugar de morada e descanso para seus donos. O Primeiro registro achado da ilha foi no jornal “Sete d’ Abril “ do ano de 1839, noticiando o leilão da ilha e fazendo uma descrição minuciosa de como era a ilha naquele ano: “Leilão da Ilha do Pinheiro – Possuí uma casa com oratório, bonito jardim dando vista para o morro do Castelo. Pé de caju, laranja, melão, laranja, cocos, etc... uma pequena fonte de água numa pequena colina e a ilha é cercada por mangue.  Nesse mesmo periódico nos mostra que os franceses tiveram pela ilha entre os anos de 1555 e 1557. 

Como toda a sociedade, os antigos donos da ilha eram donos de escravos, na ponta do Caju foi achado um escravo de nome João, de 70 anos, que fugiu a nado até o local, mas foi rapidamente capturado pelas autoridades e devolvido ao seu dono.

JORNAL SETE D' ABRIL DE 1839



Pelos registros a ilha sempre foi local de moradia, pois sempre aparecia em reportagens nos jornais de época, muitas vezes nas páginas policiais com afogamentos e assassinatos. Mas um dado bem curioso foi constatado. Sabia que a ilha quase teve um matadouro? O tenente Coronel João Frederico Russel propôs a construção do matadouro da cidade na ilha, isso em 1872, mas o projeto não foi para frente.  

E quem diria que o começo do Clube de Regatas Vasco da Gama está também ligado a ilha.  Em 1898, as primeiras canoas usadas pelo clube para os treinos e competições de remo foram construídas na Ilha, devido ao espaço e a ótima madeira fornecida no local. 
 Retornando para as páginas policiais, a ilha sempre apareceu nessa parte do jornal, não era considerado um lugar perigoso, mas os crimes eram constantes como sempre foi na região suburbana. “O Radical” de 1933 mostrou que um homem de 40 anos apareceu esfaqueado no mangue que cercava a ilha, já em 1912, o jornal “O Século” traz uma denúncia grave: O pescador Joviano Pinto levou uns tiros enquanto pescava calmamente na pequena ilha e a investigação estava sobre os cuidados da Polícia da Marinha.
1941 CORREIO DA MANHÃ



È muito difícil descobrir quem foram os donos da ilha nesse longo período de registros históricos, mas um dos donos descobertos era o sr. Eugênio Meyer, que nos anos 20 desejava vender a ilha e se livrar ela. Ao que consta ela foi comprada tempos depois pelo instituto Oswaldo Cruz.

Projetos também rodeiam a história da ilhota. Dois projetos cercaram o imaginário da ilha, projetos esses que tinha como objetivo transformar a ilha num ponto turístico e criar um complexo de ilhas ligadas ao continente. Em 1932, existiu uma ideia de construir pontes de concreto armado ligando as ilhas do Raimundo, Sapucaia e Pinheiro, transformando o local num santuário para a vida, a diversão dos locais e estudos sobre a vida na Baía de Guanabara. Já em 1966, a ideia era incorporar a Ilha ao fundão e a Ilha do Raimundo, criando um grande centro de recreação e estudos e ainda envolvia a criação de duas praias artificiais ao custo de 170 bilhões de Cruzeiros. Nem preciso dizer que os dois projetos não vingaram, ou por falta de verba ou por não interesse público na obra. No projeto original da união das ilhas para formação do fundão, ela estava inclusa no projeto , mas faltou verba para anexa-la , o que deixou a velha ilha de fora do projeto final .

1945 CORREIO DA MANHÃ



Possuidora de vegetação exuberante, foi utilizada no início do século XX como laboratório a céu aberto do Instituto Oswaldo Cruz, como viveiro de primatas. O laboratório foi instalado no local em 1939 e serviu muitos anos para pesquisas para descobrir vacinas e estudos da vida marinha. A raça dos macacos usada para os estudos era os Rhesus e ajudaram muito na criação da vacina antiamarílica. Os pesquisadores começaram a notar que a partir dos anos 50, a vida em volta da ilha foi desaparecendo aos poucos, muitas das reportagens dos anos posteriores mostram a grande invasão do lixo e esgoto jogados sem tratamento na Baía de Guanabara. Era comum os pesquisadores colocar a culpa no canal do Cunha e no Faria Timbó, que segundo eles, eram os poluidores mais próximos da Ilha. Era comum achar animais mortos e lixo caseiro por todos os lados.




1945- SUPLEMENTO A NOITE

Um relato bem interessante é que na região, as águas eram violentas e traiçoeiras, passava pelo local uma corrente marítima que costumava carregar tudo que vinha pela frente. Há registros de naufrágios em frente e na região da ilha e alguns dizem que chegar com qualquer embarcação da região e ao porto de Inhaúma, que ficava de frente a ilha, era um verdadeiro sacrifício e para poucos.
Camarões, nossa Baía era cheia dos mais deliciosos camarões. Uma reportagem do “CORREIO DA MANHÔ DE 1972, registrou a poluição em volta da ilha e como isso afetava a produção de camarões, e segundo a mesma reportagem, a praia de Inhaúma era produtora desses camarões, mas a poluição simplesmente estragou a produção e fez desaparecer aos poucos os animais.


1981- REVISTA MANCHETE




Aterrada na década de 1980 pelo Projeto Rio, do Governo Federal, em função da urbanização do Complexo da Maré, atualmente é um parque ecológico: o Parque Ecológico dos Pinheiros, também denominado como Parque Municipal Ecológico da Maré ou, simplesmente, como "a mata". A construção foi feita através de aterros que anexou a ilha ao continente, criando 35 hectares de terra por cima da região do mangue e da assoreada Baía de Guanabara. Esse grande projeto ainda realizou dragagem do canal do Cunha e obras na saída do Faria Timbó. Ainda foi aterrado um pedaço com o total de 300 hectares que vinha da ponta do Caju até o Pinheiro, no total 334 hectares de terra foram criadas e assim a comunidade da Maré, parte da antiga Praia de Benfica e um pedaço da praia do Caju desapareceu.

Nos anos de 1990, pelo Governo do Estado, um pomar, com dezenas de árvores frutíferas, com fins didáticos (identificação de espécies) e ecológicos. A área ganhou, na ocasião, uma área de lazer com churrasqueira, palhoças e mesas para piquenique

FOTOS PARA CURTIR E ADMIRAR !
ACERVO OSWALDO CRUZ- FOTO DA ILHA ANOS 40
ACERVO OSWALDO CRUZ ANOS 40 - TANQUE DE CRIADOURO DE ANIMAIS MARINHOS



FOTO DA ILHA VISTA DO PORTO DE INHAUMA - 1945