domingo, 1 de setembro de 2019


A revolta do povo: Vamos quebrar tudo



ESTAÇÃO DE OLARIA COMPLETAMENTE DESTRUÍDA 



Uma das grandes reclamações nos dias atuais dos cariocas é o transporte público. Sendo justo, o sistema de trens da cidade foi o transporte que mostrou maior evolução na questão horário e conforto, apensar de estar longe do ideal. Atrasos das composições, acidentes, quebras repentinas e paralisações devido a tiroteios são fatores de maior reclamação dos usuários. 




A relação histórica entre o trem e o Rio de Janeiro é tão profunda que podemos dizer que o subúrbio só existe devido ao trem. Grande historiadores já verificaram que a abertura de loteamento nas terras da antiga zona rural se deu devido a linha férrea passar pela localidade, enxergaram que poderiam obter lucro com trabalhadores que poderiam usar o serviço para chegar ao destino dos empregos, Mauricio de Almeida Abreu disse:


...a abertura do subúrbio ao proletariado, foi decorrência direta da entrada em funcionamento, nas décadas de 1880 e de 1890, de três ferrovias (Leopoldina, Rio D’Ouro e Melhoramentos do Brasil)...(Abreu, 2003).


Ligado historicamente, essa relação já teve milhares de momentos bem conturbados, talvez o mais famoso tenha sido o acidente em 2001 ainda na antiga estação Leopoldina, onde um trem entrou com tudo no terminal, ferindo algumas pessoas e fechando a estação de vez.  Mas um incidente grave estremeceu essa relação ainda no período de lua de mel em 1919, vamos conhecer esse caso?

FOLHA UOL



 O periódico comentava no início da reportagem dizia que o mesmo fez cobranças ao ministro da Viação sobre a construção de viadutos em São Cristóvão para a passagem do trem, a fim de melhorar o transito no local e cobraram também a melhoria do serviço da companhia de trem que julgava péssima pelo serviço que era cobrado. A população da zona suburbana reclamava muito dos horários e das péssimas condições dos trens, a empresa claro que tentou se defender de todas as formas.





Eventos ocorridos entre as estações de “Bomsucesso” e Penha Circular marcaria de forma pesada a indignação do povo. A população dessa região se sentia menosprezada, abandonada pelo poder público e da companhia de trens, sentia-se abandonada pela sorte e resolveu agir de forma brutal. Homens se juntaram em vários bairros, em comum acordo. Relatos de desprezo das reclamações por parte da empresa deixaram a população ainda mais revoltada.


Inevitável a explosão de ódio e raiva da população depois de tantos maus tratos, as reclamações da Estrada de Ferro Leopoldina era tantas e nada foi resolvido, trens imundos, constante falta de carro para suprir os horários e/ou substituir carros quebrados, falta de carros para transporte de mercadorias, e todo esse ódio estourou primeiro na estação da Penha.

Tinham muita gente para entrar na composição, a estação estava mais cheia do que de costume, pessoas revoltadas esperaram o trem chegar e uma voz ecoou do meio da multidão:

- Vamos lá, a Leopoldina merece uma lição!

Enquanto alguns carregavam fogo, outros procuravam na cabine dos bilhetes, os responsáveis pelo local, acharam alguns funcionários mais de nada adiantariam eles, pois eram meros executores das ordens da mãe Leopoldina. O povo revoltado começou o quebra-quebra e colocou fogo na composição.



BOMBEIROS TENTANDO APAGAR O FOGO  : AS DUAS PRIMEIRAS FOTOS É DE RAMOS E A ÚLTIMA NA PENHA


EM OLARIA...
Na estação de Olaria havia o mesmo estado de indignação por parte dos moradores da localidade, os atrasos, as péssimas condições da estação e dos trens estavam deixando os moradores extremamente irritados. As notícias dos acontecidos na Penha chegaram rapidamente a Olaria, isso foi o gatilho para a revolta se instalar por lá. Como não havia um trem para queimar, as pessoas começaram a destruição pela estação mesmo, primeiro quebraram ela toda, depois atearam fogo.

RAMOS...

Mesma tensão dos outros lugares, sendo que lá o bairro, eles destruíram os ferros da linha férrea, impossibilitando a passagem do trem.






Na PENHA CIRCULAR, o coitado do trem que pagou o pato, vindo da Praia da Formosa em direção a Minas Gerais, ele foi parado na Penha Circular e ateado fogo, dando um grande prejuízo para a companhia. Alguns minutos depois, com o trem em chamas a polícia chegou e tentou prender os populares que correram em direção as lideranças do movimento, o quartel general do movimento: a Estação da PENHA, onde outros estavam lá coordenando as ações. Na Penha, o povo colocou fogo no trem, nos armazéns e na estação, os funcionários fugiram correndo.

Mas a solução estava a caminho, a turma dos bombeiros, nossos heróis foram chamados para apagar o fogo e tentar salvar o que restava das construções Ao chegar nos locais dos acontecimentos se depararam com um problema “simples”: Não tinha água! Mas os bravos bombeiros lutaram contra o fogo com o que tinham na mão (a reportagem não relata como foi esse processo).





Durante o ocorrido, os trens eram parados na estação de Triagem que ali ficaram, parados em fila, até os distúrbios passarem. Os ânimos se acalmaram depois da chegada da brigada militar que se posicionaram em todas as estações onde aconteceram os protestos.
Os relatos de incidentes também foram registrados em VIGÁRIO GERAL, PARADA DE LUCAS E BRÁZ DE PINA, em todos essas estações houveram registros de incidentes, mas não da magnitude do que ocorreu em outras estações. Mas a revolta foi percebida por toda a região da Leopoldina.

Foram registrados feridos em todos os lugares, todos encaminhados para a Santa Casa. Três meliantes foram presos por incitar e ser os acusados dos líderes do movimento. O tráfego ficou prejudicado durante alguns dias, e o transporte para Petrópolis e Teresópolis apresentou problemas, as estações ficaram fechadas e o povo obrigado a ficar em condições ainda piores para a espera do trem.

Segundo conferido em jornais depois do ocorrido, houve uma melhora, mas nada significativo, ou seja, houve todo um quebra-quebra e nada mudou de fato.







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