A revolta do povo: Vamos quebrar tudo
ESTAÇÃO DE OLARIA COMPLETAMENTE DESTRUÍDA |
Uma das grandes reclamações nos dias atuais dos cariocas é
o transporte público. Sendo justo, o sistema de trens da cidade foi o
transporte que mostrou maior evolução na questão horário e conforto, apensar de
estar longe do ideal. Atrasos das composições, acidentes, quebras repentinas e
paralisações devido a tiroteios são fatores de maior reclamação dos usuários.
A relação histórica entre o trem e o Rio de Janeiro é tão
profunda que podemos dizer que o subúrbio só existe devido ao trem. Grande
historiadores já verificaram que a abertura de loteamento nas terras da antiga
zona rural se deu devido a linha férrea passar pela localidade, enxergaram que
poderiam obter lucro com trabalhadores que poderiam usar o serviço para chegar
ao destino dos empregos, Mauricio de Almeida Abreu disse:
...a abertura do subúrbio ao
proletariado, foi decorrência direta da entrada em funcionamento, nas décadas
de 1880 e de 1890, de três ferrovias (Leopoldina, Rio D’Ouro e Melhoramentos do
Brasil)...(Abreu, 2003).
Ligado historicamente, essa relação já teve milhares de
momentos bem conturbados, talvez o mais famoso tenha sido o acidente em 2001 ainda na antiga estação Leopoldina, onde um trem entrou com tudo no terminal,
ferindo algumas pessoas e fechando a estação de vez. Mas um incidente grave estremeceu essa
relação ainda no período de lua de mel em 1919, vamos conhecer esse caso?
FOLHA UOL |
Eventos ocorridos entre as estações de “Bomsucesso” e Penha
Circular marcaria de forma pesada a indignação do povo. A população dessa
região se sentia menosprezada, abandonada pelo poder público e da companhia de
trens, sentia-se abandonada pela sorte e resolveu agir de forma brutal. Homens
se juntaram em vários bairros, em comum acordo. Relatos de desprezo das
reclamações por parte da empresa deixaram a população ainda mais revoltada.
Inevitável a explosão de ódio e raiva da população depois
de tantos maus tratos, as reclamações da Estrada de Ferro Leopoldina era tantas
e nada foi resolvido, trens imundos, constante falta de carro para suprir os horários
e/ou substituir carros quebrados, falta de carros para transporte de
mercadorias, e todo esse ódio estourou primeiro na estação da Penha.
Tinham muita gente para entrar na composição, a estação
estava mais cheia do que de costume, pessoas revoltadas esperaram o trem chegar
e uma voz ecoou do meio da multidão:
- Vamos lá, a Leopoldina merece uma lição!
Enquanto alguns carregavam fogo, outros procuravam na cabine
dos bilhetes, os responsáveis pelo local, acharam alguns funcionários mais de
nada adiantariam eles, pois eram meros executores das ordens da mãe Leopoldina.
O povo revoltado começou o quebra-quebra e colocou fogo na composição.
BOMBEIROS TENTANDO APAGAR O FOGO : AS DUAS PRIMEIRAS FOTOS É DE RAMOS E A ÚLTIMA NA PENHA |
EM
OLARIA...
Na estação de
Olaria havia o mesmo estado de indignação por parte dos moradores da
localidade, os atrasos, as péssimas condições da estação e dos trens estavam
deixando os moradores extremamente irritados. As notícias dos acontecidos na
Penha chegaram rapidamente a Olaria, isso foi o gatilho para a revolta se
instalar por lá. Como não havia um trem para queimar, as pessoas começaram a
destruição pela estação mesmo, primeiro quebraram ela toda, depois atearam
fogo.
RAMOS...
Mesma tensão
dos outros lugares, sendo que lá o bairro, eles destruíram os ferros da linha
férrea, impossibilitando a passagem do trem.
Na PENHA CIRCULAR, o coitado do trem que
pagou o pato, vindo da Praia da Formosa em direção a Minas Gerais, ele foi
parado na Penha Circular e ateado fogo, dando um grande prejuízo para a
companhia. Alguns minutos depois, com o trem em chamas a polícia chegou e
tentou prender os populares que correram em direção as lideranças do movimento,
o quartel general do movimento: a Estação da PENHA, onde outros estavam lá coordenando as ações. Na Penha, o
povo colocou fogo no trem, nos armazéns e na estação, os funcionários fugiram
correndo.
Mas a solução
estava a caminho, a turma dos bombeiros, nossos heróis foram chamados para
apagar o fogo e tentar salvar o que restava das construções Ao chegar nos
locais dos acontecimentos se depararam com um problema “simples”: Não tinha
água! Mas os bravos bombeiros lutaram contra o fogo com o que tinham na mão (a
reportagem não relata como foi esse processo).
Durante o
ocorrido, os trens eram parados na estação de Triagem que ali ficaram, parados
em fila, até os distúrbios passarem. Os ânimos se acalmaram depois da chegada
da brigada militar que se posicionaram em todas as estações onde aconteceram os
protestos.
Os relatos de
incidentes também foram registrados em VIGÁRIO GERAL, PARADA DE LUCAS E BRÁZ DE
PINA, em todos essas estações houveram registros de incidentes, mas não da
magnitude do que ocorreu em outras estações. Mas a revolta foi percebida por
toda a região da Leopoldina.
Foram
registrados feridos em todos os lugares, todos encaminhados para a Santa Casa.
Três meliantes foram presos por incitar e ser os acusados dos líderes do
movimento. O tráfego ficou prejudicado durante alguns dias, e o transporte para
Petrópolis e Teresópolis apresentou problemas, as estações ficaram fechadas e o
povo obrigado a ficar em condições ainda piores para a espera do trem.
Segundo
conferido em jornais depois do ocorrido, houve uma melhora, mas nada
significativo, ou seja, houve todo um quebra-quebra e nada mudou de fato.
Parabéns Paulo pela matéria, muito interessante, show!
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