sábado, 19 de dezembro de 2020

CINE LUCAS: A POEIRA DO TEMPO LEVA EMBORA A HISTÓRIA DO CINEMA
O que significa esquecimento? Pegando no dicionário a palavra é definida como: -Substantivo masculino 1. Ato, processo ou efeito de esquecer; olvido. 2. Falta de memória.
O esquecer da nossa história é algo bem presente e podemos dizer que é cultural por parte de nossos governantes e, por que não dizer, do povo? Quantos prédios antigos e históricos, que contam a nossa história estão sendo dizimadas pelo tempo, sendo invadidos e depredados ou se tornando igrejas? Apesar de que sendo Igreja, pelo menos a arquitetura não é muito modificada na boa parte das vezes, mas a história do local é esquecida ou simplesmente abandonada.
O Cine Lucas pode ser considerado um caso de total esquecimento por parte de todos. Hoje ele não passa de um depósito de móveis, todo empoeirado e sujo, mas ali, muitos suburbanos leopoldinenses desfrutaram horas de diversão e emoção com belíssimos filmes. Com o nome de Cinema São Lucas, foi aberto em 12-10-1959 e fechou as portas em 29,06.1980, com 338 lugares.
Em seu início temos logo de cara uma pequena polêmica: Segundo o ótimo livro “Palácios e Poeiras: 100 anos dos cinemas no Rio de Janeiro”, o autor coloca como único dono o Sr Adelson Marge, porém, pesquisando em jornais de época , mas precisamente o periódico “DIARIO CARIOCA” do dia da inauguração , as 20 hrs o cinema abriria com uma festa realizada pelos donos , sr Henrique Ramos de Almeida e Manuel Pimenta Ramos. Possivelmente pouco tempo depois eles devem ter vendido o cinema para o Adelson.
Poucas notícias sem tem sobre o cinema, mas muitas lembranças dos moradores que frequentavam o local. Mas alguns acontecimentos foram marcantes e importantes para a história. Já em 1960, no local houve um evento para dar posse a comissão que ajudaria a chapa Lott- Jango nas eleições daquele ano. Sabemos que o presidente JK tem uma ligação bem bacana com o bairro de Parada de Lucas, já que anos depois já como presidente da República visitou o parque da revista Manchete, que ficava no local.
Mas nem tudo era festa, em 1964, o cinema sofreria um golpe. Vários cinemas do Rio, inclusive o cine Lucas, levaram uma multa da delegacia Regional da SUNAB, por se negarem a fornecer elementos para orientação daquele órgão fiscalizador, sobre a elaboração dos seus preços. O cinema já nas mãos do Adelson levou uma multa de C$2.700.000.000 Cruzeiros. O local também foi usado como local de comício de seu dono que concorreu a vaga de deputado estadual perdeu a eleição, mas conseguiu a vaga de suplente , mas posteriormente assumiu o cargo no lugar do titular e depois conseguir por voto popular. Inclusive tem alguns periódicos que apontam que o nobre deputado era dono de vários cinemas no subúrbio.

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