quinta-feira, 23 de abril de 2020

O BERÇO DO SAMBA DA ZONA LEOPOLDINENSE : RAMOS , SEU SAMBA É SUA PAIXÃO 

1928 ESTANDART DO PARASITAS DE RAMOS



HÁ uma discussão enorme de qual foi a primeira escola de samba formado a partir dos velhos ranchos. A história da cidade se confunde diretamente com a construção social da cidade do Rio de Janeiro. A perseguição aos sambistas, a música negra presente nas festividades da Penha, a reunião na casa da Tia Ciata, o samba tem várias origens e mitos que rondam seu surgimento. Os negros e sua batucada transformaram a praça XI no reduto musical e foi o espaço dos primeiros desfiles de carnaval. Antes da criação da Avenida Marquês de Sapucaí, projeto de Oscar Niemeyer, tantos outros lugares testemunharam a evolução do samba. Avenida Rio Branco, Bonsucesso e tantas outras ruas que receberam desfiles de várias escolas de inúmeras divisões. Escolas ficaram mundialmente conhecidas, escolas com pouco ou quase nenhuma tradição e escolas extintas, todas elas já sentiram o gosto de desfilar para milhares de cariocas e estrangeiros.

FOTO GOOGLE - TIA CIATA

Antes das escolas de samba, os ranchos dominavam o cenário carnavalesco carioca. Os ranchos nada mais era que a base da estrutura do que viria a ser as escolas de samba, tinham:
1-      Um porta Standart
2-      Um mestre Sala
3-      Ala das baianas
4-      Pastoras – passistas
5-      Músicas típicas
6-       Fantasias 


1932 - RANCHO PARASITAS DE RAMOS


A onda chamada carnaval não ficaria “preso” apenas pelo centro, com a expansão do subúrbio, é claro que essa musicalidade, já presente no local com a festa da Penha, teria seus representantes.

Penha ou Ramos, onde seria o berço do samba no subúrbio? A festa da Penha registra desde épocas imperiais a presença de negros batucando uma espécie de samba primitivo chamado JONGO, muito apoiada pelo padre Ricardo, grande abolicionista que chegou a comprar uma chácara atrás da Igreja para receber escravos fugidos. Mas Ramos já nasceu sobre o batuque do carnaval, já que as primeiras atividades do carnaval são datadas dos anos de 1910, vejam que interessante, se pegarmos os primeiros registros de moradores pós o loteamento das primeiras ruas como Professor Lacê, Euclides Farias, Aureliano Lessa, são datados dessa mesma época, ou seja, o carnaval de Ramos nasceu junto com o bairro.


Para ser mais exato, o primeiro grupo a promover o carnaval no bairro foi o grupo de foliões da sociedade “Ameno Heliotrópio”. Pouco tempo depois o “Ponto de Ramos” que mais tarde se transformou no Teatro Ramos Club. No dia 13 de maio de 1914, foi fundada os “ENDIABRADOS DE RAMOS “ e com isso Ramos ficou conhecido como “capital do Samba na Leopoldina”. Os endiabrados realizavam seus bailes que ficaram muito famosos. O velho clube sempre estava presente nos noticiários dos jornais, sempre estavam anunciando as festas realizadas pelo clube que atraiam pessoas de todas as localidades. Os “endiabrados” erma tão atuantes e importantes que em 1936 a sua diretoria fez uma singela homenagem a diretoria do Clube de Regatas Vasco da Gama, a qual sua diretoria compareceu em peso. A Avenida dos Democráticos testemunhou vários desses bailes de carnaval.





Um rancho que também apareceu foram os “PARASITAS DE RAMOS e “ UNIDOS DA BARREIRA” . Os parasitas “rivalizavam “ diretamente com os “endiabrados”, apenas de ambos se apoiarem em todos os sentidos, o carnaval do velho rancho atraia muita gente o que provocava certos ciúmes da outra galera. O rancho ocupava também muitas páginas dos velhos jornais. Os parasitas também chegaram a ter um time de futebol amador e disputava os campeonatos locais. As festas promovidas pelo rancho geralmente eram no Ramos club. 

1933 - componentes da recreio de ramos 



Todos essas sociedades carnavalescas e ranchos teve influência direta na formação do RECREIO DE RAMOS.  A velha escola que ficava situada na rua Paranapanema número 52, foi fundada em 1931, uma escola que em poucos anos de criada, saboreou o gostinho da vitória, o que seria algo normal depois que alguns componentes anos depois fundaria a Imperatriz Leopoldinense. A escola ganhou o campeonato de 1934, dividindo o título com a Estação Primeira de Mangueira. Esse campeonato que teve duas campeãs foi curioso. Quem premiava a campeã era dois jornais, “O PAÍS E A HORA “ e cada um deu o título para uma escola, a primeira deu para a Mangueira e a segunda para a escola de Ramos.





A escola de samba foi fundada por dois verdadeiros mestres de carnaval, lendas do mundo do samba que contribuíram demais para a musicalidade. Mano Décio e o mestre Marcal. Inclusive o Mano foi fundador de outra escola: Império Serrano.  A escola seria extinta nos anos 50 e alguns de seus componentes vieram a funda a Imperatriz.



https://enciclopedia.itaucultural.org.br/pessoa436721/mano-decio-da-viola
Descreveu assim o Mano Décio :

Com menos de 1 ano de idade, muda- se com a família para Juiz de Fora, Minas Gerais, onde é registrado, e pouco depois vai para o Rio de Janeiro, para morar no Morro de Santo Antonio, no Largo da Carioca. Em 1916, muda-se para o Morro da Mangueira e, em 1922, vai para a Rua Tuíba no Morro da Serrinha, e lá desfila no Bloco Vai Como Pode, que dá origem à Portela. Trabalha como jornaleiro no Largo da Carioca e ingressa na Escola de Samba Recreio de Ramos, presidida por seu patrão, Norberto Marçal, o "Mango".

Em 1934, volta a residir na Serrinha e ingressa na Escola de Samba Prazer da Serrinha, quando recebe o apelido "Mano Décio da Viola", por conta de seu instrumento, o cavaquinho. Nesse mesmo ano sofre um acidente de trabalho, descarregando latas de creolina no cais do porto, e fica cego de um olho. Sobre essa experiência compõe o samba Cego e Surdo. No ano seguinte, leva o então professor de português de um colégio de subúrbio, Silas de Oliveira, para a escola da Serrinha, onde ambos ficam até 1947, quando saem após um desentendimento e fundam, com outros sambistas, a Escola de Samba Império Serrano.

Seu primeiro trabalho gravado é de 1935, Vem Meu Amor, na voz de Almirante, realizado sobre a melodia da valsa Os Patinadores, de Emile Waldteufel, que Mano escuta em um filme. Mas, como é comum entre os compositores pobres ligados às escolas de samba do Rio de Janeiro da primeira metade do século XX, como Nelson Cavaquinho e Cartola, de quem é amigo, Mano Décio vende boa parte de suas composições ou divide a parceria com algum amigo que pagasse, por isso parte de sua obra se perde ou é gravada sem os devidos créditos. No caso desse samba, que é vendido para um amigo chamado Baúza e repassado para Bide e João de Barro, o Braguinha, seu nome é grafado no selo como Delson Carlos.


Se quiser saber essas e outras curiosidades sobre carnaval é só acessar a página no Youtube FALANDO DE CARNAVAL , DA  amiga e Historiadora Carolina Grimião .

https://www.youtube.com/channel/UCcZQqznpdHsCqw0tOQL5lfg

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