sexta-feira, 31 de julho de 2020
Pavuna e os portos da região
terça-feira, 28 de julho de 2020
UM
CAMPEONATO NO SUBÚRBIO – AS MOTOS RONCAM EM ALTA VELOCIDADE
E se eu falasse para meus queridos leitores que as ruas do
subúrbio já serviram de pista para uma corrida de moto? O campeonato de Turismo
foi realizado em 1919, e ocorreu em algumas regiões da zona norte da cidade.
Vamos ver o que e como aconteceu esse fato...
A reportagem será descrita conforme o português da época.
“Realizou-se no dia 30
de Março com um grandioso e inesperado brilhantismo, a disputa do 1 (primeiro) Campeonato de Turismo, organizado
pelo Club Motocyclista Nacional, uma das mais importantes sociedades brasileira
de motocyclismo.
O enorme êxito, o
grande sucesso alcançado com esta última corrida do C.M. foi uma prova
incontestável do seu valor, pois é um dos clubs que tem conseguido aqui no
Brazil arrancar aplausos dos admiradores do motocyclismo e levar a effeito
verdadeiras corridas de motocycletas que despertam o máximo enthusiamos, dando
nome aos motocyclistas e motocycletas vencedoras.
No entanto, o tempo
parece que temeu semelhante resolução, motivo este por que a manhã do dia da
importante prova estava bella e prateada por um sol majestoso, por um sol
brasileiro.”
Inicialmente o campeonato foi marcado para o dia 23 de
março, porém nesse dia, caiu uma chuva torrencial na cidade e impediu que o
campeonato prosseguisse. Em reunião com pilotos e diretoria, foi remarcado para
o dia 30, pois daria tempo de ficar bom e o chão secar, já que passariam por
regiões que se formavam pistas com muitos quilômetros de lama.
O dia chegou , o povo se reunia feliz e em grande
aglomeração , várias regiões da cidade festejavam o campeonato, uma corrida que
foi amplamente divulgada e que atraiu milhares de curiosos. As 8 e pouco , de
um dia ensolarado e lindo as motos se
aliaram em frente a Praia Pequena, foi chamado por ordem os pilotos que
participariam da corrida:
1-Delico de Aguiar: Motosacoche
2-Mario Bianchi: Henderson
3-José A. Reis : Henderson
4-José Kistemann- Indian
5-Diogo Santos- Indian
6-Mario Vasconcelos- Indian
7-Jorge Guimarães: Motosacoche
8-Socrates Floriano Peixoto: Motosacoche
9-Melandri Patier: Harley
Os diretores estavam aliando os concorrentes, três campeões
das motos concorriam ao troféu – o periódico não descreve quem eram os mesmos-
as bancas de apostas apostavam para as motos Henderson pela sua potência e por
que eram conhecidas como as melhores motos da época. Alguns apostavam que as
motos não aguentariam os terrenos que enfrentariam, já a Indian estaria mais
preparada para o tipo de terreno.
Os concorrentes pousam para as fotos e um dos diretores
passam as últimas instruções. A revista AUTO-PROPULSÃO colocou a disposição
vários fotógrafos para registar esse maravilhoso evento.
De Bonsucesso a Penha, a estrada estava péssima (Rua Uranos),
tinha areia, pedra, lama, cascalho, etc, tudo para dificultar a passagem das
motos. Os corredores desceram pela Penha, passando por Braz de Pinna- onde as
estradas melhoraram bastante- numa disputa emocionantes, todos juntos e ninguém
conseguia se desgrudar muito, mas damos destaque Jorge, Delcio e Bianchi que
estavam disputando os primeiros lugares. As estradas eram tão ruins que teve
relatos de Délcio atolado em um metro de lama.
Depois de Braz de Pina, se encaminharam a Vicente de
Carvalho, a estrada de frente a estação do trem estava maravilhosa, ótima para
a pratica do esporte e foi ali que a disputa apertou de vez. Em grande
velocidade, se dirigiram até o Engenho do Mato. Dali a Pilares eles reduziram a
velocidade devido a estrada está em más condições. De Pilares a fazenda Capão
do Bispo, as acrobacias rolavam soltas devido as ondulações da Pista. De Del
Castilho ao ponto final na Praia Pequena, a estrada permitiu as motos a
chegarem a 120 km/h.
Quando os espectadores viram Bianchi chegando e olharam para
o relógio, viram que ele completou a primeira volta em 29 minutos, algo
inimaginável para todos. Após Bianchi, passou Kistemann e José Reis.
A banca de apostas mudou e Bianchi e Kistemann tomaram a
dianteira da possibilidade de levar o caneco. A segunda volta manteve as colocações
da primeira volta, sem surpresas. Bianchi e Kistemann dividiam a liderança
durante toda a segunda volta e a melhor batalha aconteceu em Vicente de
Carvalho.
Mas uma surpresa aconteceu no final: Com o corpo cheio de
Lama, moto toda suja e nas últimas e para a surpresa de todos, José Reis em um
determinado trecho em Pilares passou os dois e assumiu a liderança, duas
voltas, quarenta quilômetros em menos de uma hora e 2 minutos. Logo atrás
chegou Bianchi e em terceiro Kistemann.
O povo surpreso e em delírio pega José Reis nos braços e
comemora a vitória inesperada.
COLOCAÇÃO FINAL
1-
José Reis : 1 h 2 m.
2-
Bianchi: 1h 2m 9 seg.
3-
Kistemann: 1h 6 min.
4-
Vasconcelos: 1h 10 min.
5-
Floriano : sem tempo marcado
Os outros competidores abandonaram a competição e não registraram
tempo.
quarta-feira, 8 de julho de 2020
ILHA DA
POMBEBA: A ILHA QUE NASCEU SUJA!
O que mais o
subúrbio tem (ou teve) é ilha e praia. Se eu for enumerar as praias e ilhas,
ficaria aqui escrevendo o dia todo, mas minha intenção é mostrar a todos os
leitores que precisamos resgatar a história suburbana, precisamos tecer essa
concha de retalhos e montar um lençol histórico mostrando o que vivemos e o que
perdemos.
Relatos de
antigos (história oral) é uma fonte belíssima (claro que realizando a devida
análise) de informações de o que perdemos em nome de um tal progresso. A
Avenida Brasil, a favelização e a falta de preservação do poder público contribuíram
para que perdêssemos nossa flora, fauna e geografia privilegiada.
Diversas
pesquisas sobre as praias e as ilhas estão todos os dias explodindo pelas
academias e pelas redes sociais. Estamos a cada dia descobrindo um “novo Rio de
Janeiro”, ou seria um Rio esquecido? O compromisso de todos que pesquisamos o
subúrbio é trazer até você leitor, tudo que desapareceu dos nossos olhos e está
esquecido na nossa história.
Os campeonatos de remo realizados na Ponta do
Caju tinham como fundo a ilha de Pombeba. Conhecida como a “ilha dos urubus”, é
uma ilha artificial (6contestável), formada a partir de dejetos de matérias de
drenagem das obras do Porto do Caju. No local a natureza se refez, nasceu um bosque
e no local atualmente possuí inúmeros pássaros e animais. O mais interessante
que a ilha tem CEP próprio que é 21180-070. Infelizmente a ilha acumula muita
sujeira e lixo por todos os lados. Seu tamanho atual é de 9.800 metros quadrados.
Como a ilha
nasceu para despejo de sujeira, ela nada mais é que um reduto de doenças. A
população do Caju reclamava isso já em 1918, onde o periódico “A Rua” mostra
uma reportagem completa sobre isso.
A ilha
durante anos foi usada por uma empresa como depósito de carvão e produção de
gás. A Belmiro Rodrigues & Cia. Foi uma empresa grande e que durante anos
manteve a ilha como depósito e ajudou a despejar produtos químicos em volta da
ilha.
Antes da
Baía de Guanabara virar um grande depósito de lixo a céu aberto, era comum
pequenos barcos fazerem transportes por dentro dela. Pessoas pegavam barcos na
Praça XV para ir para Maria Angú, Porto de Inhaúma e tanto outros lugares. Um
dos itinerários dessas embarcações passava justamente em frente a ilha, já que
a ponta do Caju era usada como parada de barcos.
De onde vem
esse nome Pombeba? Segundo especialistas a palavra tem alguns significados como:
“ A mão chata”, “A fibra”, “Cipó chato”. O que me faz pensar que existia um
pequeno pedaço de terra. Uma reportagem de 1865 aponta um leilão de uma ilha de
mesmo nome no Caju e que nela existia uma pequena fábrica de sabão, ou seja,
ela não é artificial, ela tinha uma pequena parte em terra e foi aumentada
devido a detritos das obras do porto. A ilha teve seu nome oficializado em
1965, no governo Lacerda.
A ILHA QUER SER COMPRADA- BROCOIÓ
Se a ilha
fosse uma cidade, seria mais velha que o Rio de Janeiro. Local de residência de
veraneio do Governador do Estado, atualmente a ilha se encontra abandonada e
não se tem notícias que conseguiu vender. Com a crise do governo, o velho
casarão luta contra o tempo e a maresia.
A ilha faz
parte do arquipélago de Paquetá, onde outras 14 ilhas fazem parte, ficando na
parte noroeste da ilha mãe, á exatos 300 metros de distância e não está aberto
a visitação.
Quem
descobriu a ilha foi a expedição francesa comandada por Villegagnon em 1555 e
inclusive foi sua última morada antes de voltar para a França. Ela ficou
abandonada durante alguns anos, sendo usada apenas para local de parada de
embarcações.
No século
XIX, DR. Thomaz Pinto se estabeleceu na ilha e ali abriu uma fábrica de Cal,
ficando ali uns anos e conseguindo se estabelecer de tal forma que mandou
trazer toda sua família.
Tempos
depois, a ilha passou a pertencer a Senhora Maria Albertina Saraiva de Souza, condessa
de São Tiago de Lobão do “Rio de Janeiro City Improvements.” Para quem se
pergunta que empresa é essa: A The Rio de Janeiro City Improvements Company Limited era uma empresa que
ficou responsável pelo esgoto da cidade a partir de 1857 com capitais
estrangeiros (ingleses).A The Rio de Janeiro City Improvements Company Limited,
conhecida depois como City, para a qual o contrato de Russel e Lima Junior foi
transferido, em maio de 1863; Essa empresa mais tarde se transformaria na nossa
CEDAE.
Essa empresa
teve inúmeros problemas com o governo carioca, constantemente era comum ver
reportagens sobre brigas judiciais com o governo municial. Usando como exemplo,
no ano de 1919, ouve uma crise do carvão na cidade do Rio, e a empresa queria
devastar a ilha e outros locais, derrubando árvores para produzir carvão. Essa
briga chegou até o Supremo. A prefeitura alegando que a empresa não pagaria os
impostos e que também faria um desmate sem precedentes. O supremo deu razão a
prefeitura.
Nos anos de
1930, a ilha foi comprada por Octávio Guinle, que a urbanizou, aumentou seu
tamanho. Sua casa foi construída em estilo Normando e o projeto foi feito pelo
arquiteto Joseph Gire, o mesmo que fez o Copacabana Palace. Nos primeiros anos
da ilha, as festas se tornaram lendários, muitos dos ricos cariocas
participavam das festas que “varavam” a noite e acabavam dentro de seus
luxuosos barcos. Era comum ver mulheres de políticos fazerem pic-nics finais de
semana. A ilha era descrita como a mais bela de todas com árvores centenárias ,
galinhas, marrecos e frutas para todos os lados.
Após o óbito
de sua mãe em 1936, o então presidente do Brasil, Getúlio Vargas passou alguns
dias na ilha com sua esposa, para descansar a mente e se retirar em sinal de
respeito a sua mamãe. Um detalhe importante são reportagem a partir dos anos de
1938 relatando o abandono da ilha, sabemos que ouve uma crise financeira por
parte da família e talvez a ilha ficou com um custo muito alto para a nova
realidade, o que ocasionou seu completo abandono por parte da família.
A ilha
recebeu inúmeros visitantes ilustres que ficaram hospedados na ilha, tais como:
Madame Chiang Kai-Sheik, Getúlio Vargas; os atores Errol Flynn e Tyrone Power e
o duque de Windsor.
Em 1944 Foi
adquirido pela prefeitura municipal por 6 milhões de cruzeiro pelo então
prefeito da cidade Henrique Dodsworth, posteriormente repassado ao estado.
Para ajudar
na preservação, a casa foi tombada pelo IPHAN em 1965.
Devido a
crise financeira vivida pelo Estado, a ilha encontra-se a venda por R$45
milhões de reais, foi feito dois leilões mais sem nenhum lance foi dado.
É bem verdade que detalhes da
propriedade em Brocoió nunca foram divulgados, mas o pouco que se sabe é
suficiente para afirmar que se trata de uma propriedade em que o exotismo
predomina. Em 1937, o jornalista Magalhães Correa traçou um perfil do local:
“cenário fantástico, sonho materializado e castelo de fadas”. Ao fim do artigo,
decretou: “Brocoió é, sem favor, a mais bela e encantadora das ilhas da
Guanabara.” Retirado
trecho da página Intriseca.
Outra coisa
que atrapalha muito a venda é a poluição da Baía de Guanabara e o forte cheio
que na margem do local tornando o local
pouco atrativo.A ilha nunca foi aberta ao público. Hoje, ela está praticamente
abandonada por seu atual proprietário, o Estado do Rio de Janeiro. A mídia só a
menciona de raro em raro, e quando o faz é para lembrar os custos de manutenção
de um bem que não serve para nada.
BIBLIOGRAFIA
https://www.cedae.com.br/tratamento_esgoto/tipo/historia-do-tratamento-de-esgoto
vejario.abril.com.br
http://bndigital.bn.gov.br/hemeroteca-digital/