Significado literal (dicionário)
Como você mencionou:
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Substantivo masculino.
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Ato, processo ou efeito de esquecer — quando algo deixa de ser lembrado;
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Falta de memória — incapacidade momentânea ou duradoura de recordar algo.

O esquecimento da nossa história é algo muito presente e, podemos dizer, até cultural, tanto por parte de nossos governantes quanto — por que não dizer? — do próprio povo.
Quantos prédios antigos e históricos, que contam a nossa trajetória, estão sendo dizimados pelo tempo, invadidos, depredados ou transformados em igrejas?
Apesar de que, sendo igreja, pelo menos a arquitetura não é muito modificada, na maioria das vezes; ainda assim, a história do local é esquecida ou simplesmente abandonada.

O Cine Lucas pode ser considerado um caso de total esquecimento por parte de todos. Hoje, ele não passa de um depósito de móveis, empoeirado e sujo, mas foi ali que muitos suburbanos leopoldinenses desfrutaram horas de diversão e emoção com belíssimos filmes.
Com o nome de Cinema São Lucas, foi inaugurado em 12 de outubro de 1959 e fechou as portas em 29 de junho de 1980, contando com 338 lugares.
Em seu início, já surge uma pequena polêmica. Segundo o ótimo livro “Palácios e Poeiras: 100 anos dos cinemas no Rio de Janeiro”, o autor indica como único dono o Sr. Adelson Marge.
No entanto, pesquisas em jornais da época — mais precisamente no periódico “Diário Carioca”, no dia da inauguração — indicam que o cinema abriria às 20h com uma festa realizada pelos donos, Sr. Henrique Ramos de Almeida e Manuel Pimenta Ramos. Possivelmente, pouco tempo depois, eles devem ter vendido o cinema para Adelson.
Poucas notícias existem sobre o cinema, mas há muitas lembranças dos moradores que frequentavam o local. Alguns acontecimentos, porém, foram marcantes e importantes para a história.
Já em 1960, o cinema sediou um evento para dar posse à comissão que apoiaria a chapa Lott-Jango nas eleições daquele ano. Sabemos que o presidente JK tinha uma ligação especial com o bairro da Parada de Lucas, já que, anos depois, como presidente da República, visitou o Parque da Revista Manchete, que ficava naquela região.
Mas nem tudo era festa. Em 1964, o cinema sofreria um golpe.
Vários cinemas do Rio — inclusive o Cine Lucas — receberam uma multa da Delegacia Regional da SUNAB por se negarem a fornecer informações solicitadas pelo órgão fiscalizador sobre a elaboração de seus preços.
O cinema, já nas mãos de Adelson, foi multado em C$ 2.700.000.000 (dois bilhões e setecentos milhões de cruzeiros).
O local também foi usado como palco de comícios de seu proprietário, que concorria a uma vaga de deputado estadual. Ele não venceu inicialmente, mas assumiu o cargo posteriormente como suplente e, mais tarde, conquistou o mandato por voto popular.
Alguns periódicos da época apontam que o nobre deputado era proprietário de vários cinemas nos subúrbios.















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