Não é o Bellini?
A famosa estátua do zagueiro do Vasco da Gama, Bellini, segurando a Taça do Mundo de 1958, na verdade... não é exatamente do Bellini. Pouca gente sabe, mas a escultura tem uma origem bastante curiosa.
O artista Matheus Fernandes, do Instituto Municipal de Belas Artes, estava originalmente esculpindo uma peça de 9 metros em bronze em homenagem ao cantor Francisco Alves, conhecido como “O Rei da Voz”. A obra havia sido encomendada por uma rede de lojas que levava o nome do cantor e patrocinava a escultura.
No entanto, com a conquista da Copa do Mundo de 1958 e sob forte pressão do Jornal dos Sports, que exigia uma homenagem digna aos campeões do mundo, decidiu-se que a estátua deveria ser dedicada à Seleção Brasileira — e o local escolhido foi justamente em frente ao maior estádio do mundo: o Maracanã.
O artista então fez uma “adaptação” e transformou a figura do cantor no zagueiro Bellini, eternizado no gesto simbólico de erguer a taça. Mas se você olhar com atenção... o rosto não é o do Bellini. É o do cantor da época.
1. Já teve o maior público da história do futebol
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Em 16 de julho de 1950, durante a final da Copa do Mundo entre Brasil e Uruguai (o famoso "Maracanazo"), o estádio recebeu cerca de 200 mil pessoas. Oficialmente, foram registrados pouco mais de 173 mil pagantes, mas estima-se que o número real ultrapassou os 199 mil.
Historiografia do Estádio Mário Filho – Maracanã
O Estádio Jornalista Mário Filho, conhecido popularmente como Maracanã, é um dos monumentos mais emblemáticos do futebol mundial e uma peça-chave na história urbana, esportiva e cultural do Brasil. Sua trajetória, iniciada ainda na década de 1940, entrelaça-se com momentos decisivos do século XX e XXI, sendo palco de eventos que transcendem o esporte.
A ideia de construir um grande estádio no Rio de Janeiro surge no contexto da escolha do Brasil como sede da Copa do Mundo de 1950. O país vivia um período de otimismo desenvolvimentista no pós-Segunda Guerra Mundial, e o governo federal, juntamente com o então Distrito Federal (Rio de Janeiro), via no evento uma oportunidade de projetar uma imagem moderna do Brasil ao mundo.
Sob a liderança do jornalista Mário Filho — defensor fervoroso da construção do estádio no bairro do Maracanã — e enfrentando resistência de setores da elite que preferiam a Zona Sul carioca, iniciou-se em 1948 a construção do estádio. A obra, conduzida em ritmo acelerado, envolveu diversos arquitetos, como Waldir Ramos e Raphael Galvão, e mobilizou grande contingente de trabalhadores. O custo elevado, os atrasos e os debates políticos em torno da obra marcaram esse período inicial.
Ao longo das décadas seguintes, o Maracanã consolidou-se como o principal palco esportivo do país. Clubes como Flamengo, Fluminense, Botafogo e Vasco da Gama fizeram do estádio sua casa, promovendo clássicos históricos. Diversos jogadores lendários brilharam em seu gramado, como Zico, Pelé, Garrincha e Romário.
O estádio também foi cenário de momentos icônicos, como o milésimo gol de Pelé, em 1969, e conquistas nacionais e internacionais de clubes cariocas. Com sua arquitetura monumental e atmosfera única, o Maracanã ganhou reputação internacional, tornando-se referência entre estádios do mundo.
Mais do que um estádio, o Maracanã é um espaço carregado de significados políticos, sociais e culturais. Recebeu shows históricos, como os de Frank Sinatra, Madonna, Paul McCartney e Tina Turner, e serviu de palco para manifestações políticas e eventos religiosos. É também símbolo de resistência popular — em torno de sua preservação e contra os impactos sociais das reformas, como a remoção da antiga comunidade da Aldeia Maracanã e do Museu do Índio.
Você sabia que o Maracanã quase foi construído em Jacarepaguá? Sim, meus amigos! A construção do estádio não escapou das disputas da política nacional.
Um dos principais nomes da época, o político Carlos Lacerda — que era adversário do então prefeito do Rio de Janeiro — se opôs fortemente à construção do estádio no bairro do Maracanã. Para Lacerda, o estádio deveria ser construído em Jacarepaguá, pois havia espaço de sobra para um projeto daquela magnitude.
O problema é que Jacarepaguá, naquela época, não contava com infraestrutura de transporte adequada. Seria necessário abrir grandes avenidas, implantar linhas de trem e criar rotas de ônibus. Tudo isso tornaria a obra praticamente inviável do ponto de vista financeiro.
Infelizmente, nem tudo foram flores na história lendária do Maracanã. Um grave acidente ocorrido em 1992, durante o segundo jogo da final do Campeonato Brasileiro entre Flamengo e Botafogo, vitimou três pessoas e deixou outras 82 feridas. O incidente aconteceu quando uma parte da estrutura cedeu, fazendo com que torcedores caíssem da arquibancada superior em direção à inferior.
Foram 13 metros de grade que, simplesmente, não suportaram o peso e se romperam.
O estádio permaneceu fechado por sete meses para realização de obras. No dia do jogo, que reuniu mais de 150 mil pessoas, havia apenas seis médicos e oito enfermeiros — número claramente insuficiente para atender a um acidente daquela magnitude.
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