segunda-feira, 16 de junho de 2025

ANIVERSÁRIO DO MARACANÃ

75 ANOS DO ESTÁDIO DO MARACANà

Hoje é aniversário de 75 anos do Maracanã, mas a história esportiva da região é bem mais antiga. Este ano o antigo Derby Club, que cedeu seu terreno para o atual estádio Mário Filho, completaria 140 anos.
A própria estação Maracanã já teve outro nome: Derby Club. Inaugurada em 1885 e, de acordo com o relatório Estrada de Ferro Central do Brasil (EFCB) de 1902, tratava-se de uma plataforma utilizada em dias de corrida no Derby Club – que ficava ao lado da estação – , onde era praticado o Turfe, como é conhecido o esporte de corrida de cavalos.


Abaixo uma imagem de jóqueis que disputaram páreos no Derby Club, em 1911, trajando as fardas com as cores de seu haras e coudelarias.
Cabine de controle da estação Derby Club em 1941.

Não é o Bellini?

A famosa estátua do zagueiro do Vasco da Gama, Bellini, segurando a Taça do Mundo de 1958, na verdade... não é exatamente do Bellini. Pouca gente sabe, mas a escultura tem uma origem bastante curiosa.

O artista Matheus Fernandes, do Instituto Municipal de Belas Artes, estava originalmente esculpindo uma peça de 9 metros em bronze em homenagem ao cantor Francisco Alves, conhecido como “O Rei da Voz”. A obra havia sido encomendada por uma rede de lojas que levava o nome do cantor e patrocinava a escultura.

No entanto, com a conquista da Copa do Mundo de 1958 e sob forte pressão do Jornal dos Sports, que exigia uma homenagem digna aos campeões do mundo, decidiu-se que a estátua deveria ser dedicada à Seleção Brasileira — e o local escolhido foi justamente em frente ao maior estádio do mundo: o Maracanã.

O artista então fez uma “adaptação” e transformou a figura do cantor no zagueiro Bellini, eternizado no gesto simbólico de erguer a taça. Mas se você olhar com atenção... o rosto não é o do Bellini. É o do cantor da época.



Com a obra ainda inacabada e cheia de andaimes, a seleção de São Paulo venceu a do Rio de Janeiro por 3 a 1, embora o gol inaugural tenha sido de Didi, que jogava pelo Rio. Sete dias depois, o Maracanã foi palco da abertura da Copa do Mundo de 1950, na partida entre Brasil e México.


Porém, o entorno ainda não havia sido devidamente urbanizado. Podemos ver a favela do Esqueleto, atual Uerj. Esse prédio era para ser um hospital que ajudaria a ampliar a rede de saúde da cidade e serviria como local para escoar qualquer problema em relação a Copa do Mundo. 


Maracanã - 17.05.1963. A rua São Francisco Xavier foi projetada em 1952 e inaugurada dez anos depois, após a remoção de 495 barracos da antiga Favela do Esqueleto. A Favela do Esqueleto surgiu na década de 30, após a paralização na construção de um hospital do Instituto de Aposentadoria e Pensões (IAP)




CURIOSIDADES DO MARACANà

1. Já teve o maior público da história do futebol

  • Em 16 de julho de 1950, durante a final da Copa do Mundo entre Brasil e Uruguai (o famoso "Maracanazo"), o estádio recebeu cerca de 200 mil pessoas. Oficialmente, foram registrados pouco mais de 173 mil pagantes, mas estima-se que o número real ultrapassou os 199 mil.

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2. Já virou palco de grandes shows

  • Além do futebol, o Maracanã já recebeu artistas de renome mundial, como:

    • Frank Sinatra (1980) — um dos primeiros megaeventos musicais no estádio.

    • Madonna (1993), com público de mais de 120 mil pessoas.

    • Paul McCartney, Rolling Stones, U2, entre outros.

    • Em 1991, Ayrton Senna até desfilou com um carro da Fórmula 1 no gramado durante um evento de comemoração.


🏆 3. É o único estádio a sediar duas finais de Copas do Mundo

  • Foi sede das finais da Copa do Mundo de 1950 (Brasil x Uruguai) e da Copa do Mundo de 2014 (Alemanha x Argentina).


🤯 4. Já teve até uma “chuva de rádios”

  • Em 1950, após a derrota do Brasil para o Uruguai, torcedores revoltados começaram a arremessar seus rádios das arquibancadas, simbolizando o desespero e frustração nacional.


🎭 5. Foi palco de velórios históricos

  • O Maracanã já foi utilizado como local de velórios públicos de ídolos nacionais, como:

    • João Saldanha (jornalista e técnico da Seleção)

    • Garrincha

    • Eusébio (ídolo português, em uma cerimônia simbólica)

    • O caixão de Pelé também foi levado ao Maracanã em 2023 para uma homenagem antes do cortejo final em Santos.


🏟️ 6. Já teve grama sintética (e isso virou polêmica)

  • Por um curto período nos anos 2000, o Maracanã testou a instalação de grama sintética, o que gerou enorme rejeição de jogadores e técnicos. A ideia foi abandonada.


🧱 7. Já teve uma comunidade indígena ao lado

  • Próximo ao estádio existia o prédio do antigo Museu do Índio, ocupado por indígenas e ativistas que lutavam pela preservação da memória indígena. Durante as obras para a Copa de 2014, o governo tentou removê-los à força. Após muita pressão, o prédio não foi demolido, mas a comunidade foi retirada.


🛠️ 8. Foi parcialmente demolido e reconstruído

  • Para a Copa de 2014, o Maracanã passou por uma reforma radical. O anel original foi demolido e o novo estádio foi construído dentro da estrutura externa histórica, com arquibancadas mais modernas e cobertas. Isso gerou críticas por descaracterizar a estrutura original.


👶 9. Teve um “batizado de gols” em sua inauguração

  • O primeiro gol da história do Maracanã foi marcado por Didi, jogador da Seleção do Rio, em um amistoso contra São Paulo, durante a inauguração parcial do estádio, em 1950.


👻 10. Alguns dizem que é “assombrado”

  • Há várias lendas urbanas sobre o Maracanã ser mal-assombrado. O “Maracanazo”, acidentes ao longo dos anos e mortes trágicas contribuíram para esse imaginário popular, principalmente entre torcedores supersticiosos.







Historiografia do Estádio Mário Filho – Maracanã

O Estádio Jornalista Mário Filho, conhecido popularmente como Maracanã, é um dos monumentos mais emblemáticos do futebol mundial e uma peça-chave na história urbana, esportiva e cultural do Brasil. Sua trajetória, iniciada ainda na década de 1940, entrelaça-se com momentos decisivos do século XX e XXI, sendo palco de eventos que transcendem o esporte.

A ideia de construir um grande estádio no Rio de Janeiro surge no contexto da escolha do Brasil como sede da Copa do Mundo de 1950. O país vivia um período de otimismo desenvolvimentista no pós-Segunda Guerra Mundial, e o governo federal, juntamente com o então Distrito Federal (Rio de Janeiro), via no evento uma oportunidade de projetar uma imagem moderna do Brasil ao mundo.

Sob a liderança do jornalista Mário Filho — defensor fervoroso da construção do estádio no bairro do Maracanã — e enfrentando resistência de setores da elite que preferiam a Zona Sul carioca, iniciou-se em 1948 a construção do estádio. A obra, conduzida em ritmo acelerado, envolveu diversos arquitetos, como Waldir Ramos e Raphael Galvão, e mobilizou grande contingente de trabalhadores. O custo elevado, os atrasos e os debates políticos em torno da obra marcaram esse período inicial.

O estádio foi inaugurado oficialmente em 16 de junho de 1950, ainda inacabado, com um jogo entre seleções do Rio de Janeiro e de São Paulo. O ponto alto veio semanas depois, em 16 de julho, com a final da Copa do Mundo entre Brasil e Uruguai, episódio conhecido como “Maracanazo”. A derrota por 2 a 1 diante de cerca de 200 mil espectadores — maior público registrado da história do estádio — transformou o local em símbolo trágico e místico do futebol brasileiro.

Ao longo das décadas seguintes, o Maracanã consolidou-se como o principal palco esportivo do país. Clubes como Flamengo, Fluminense, Botafogo e Vasco da Gama fizeram do estádio sua casa, promovendo clássicos históricos. Diversos jogadores lendários brilharam em seu gramado, como Zico, Pelé, Garrincha e Romário.

O estádio também foi cenário de momentos icônicos, como o milésimo gol de Pelé, em 1969, e conquistas nacionais e internacionais de clubes cariocas. Com sua arquitetura monumental e atmosfera única, o Maracanã ganhou reputação internacional, tornando-se referência entre estádios do mundo.

Mais do que um estádio, o Maracanã é um espaço carregado de significados políticos, sociais e culturais. Recebeu shows históricos, como os de Frank Sinatra, Madonna, Paul McCartney e Tina Turner, e serviu de palco para manifestações políticas e eventos religiosos. É também símbolo de resistência popular — em torno de sua preservação e contra os impactos sociais das reformas, como a remoção da antiga comunidade da Aldeia Maracanã e do Museu do Índio.





Você sabia que o Maracanã quase foi construído em Jacarepaguá? Sim, meus amigos! A construção do estádio não escapou das disputas da política nacional.

Um dos principais nomes da época, o político Carlos Lacerda — que era adversário do então prefeito do Rio de Janeiro — se opôs fortemente à construção do estádio no bairro do Maracanã. Para Lacerda, o estádio deveria ser construído em Jacarepaguá, pois havia espaço de sobra para um projeto daquela magnitude.

O problema é que Jacarepaguá, naquela época, não contava com infraestrutura de transporte adequada. Seria necessário abrir grandes avenidas, implantar linhas de trem e criar rotas de ônibus. Tudo isso tornaria a obra praticamente inviável do ponto de vista financeiro.


Infelizmente, nem tudo foram flores na história lendária do Maracanã. Um grave acidente ocorrido em 1992, durante o segundo jogo da final do Campeonato Brasileiro entre Flamengo e Botafogo, vitimou três pessoas e deixou outras 82 feridas. O incidente aconteceu quando uma parte da estrutura cedeu, fazendo com que torcedores caíssem da arquibancada superior em direção à inferior.

Foram 13 metros de grade que, simplesmente, não suportaram o peso e se romperam.

O estádio permaneceu fechado por sete meses para realização de obras. No dia do jogo, que reuniu mais de 150 mil pessoas, havia apenas seis médicos e oito enfermeiros — número claramente insuficiente para atender a um acidente daquela magnitude.




FOTOS CEDIDAS PELO AMIGO E HISTORIADOR RAFAEL MATOSO. 
TEXTOS EM ITÁLICO : RAFAEL MATOSO 
TEXTOS HISTORIOGRÁFICOS: PAULO JORGE 

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