quarta-feira, 14 de outubro de 2020

 

LEOPOLDINA- PRESENTE E PASSADO

UM TEXTO EM COMEMORAÇÃO AOS 135  ANOS DA LEOPOLDINA




Essa semana navegando pelas redes sociais, me deparei com  um texto mostrando 15 pontos turísticos do centro da cidade e me veio a mente uma reportagem dos anos 30, que mostrava 15 pontos turísticos da cidade e a igreja da Penha era a única suburbana no meio de outros monumentos.

Para quem mora na região da Leopoldina, está cada dia mais difícil valorizar o local e isso se deve a inúmeros fatores, tais como o abandono do poder público, a falta de cuidados da própria população, a falta de investimentos, a desvalorização da sua história,etc.

campeonato de aeromodelismo em Manguinhos











Trabalhar com a história do subúrbio da Leopoldina é desvendar mistérios e entender como uma parte importante da cidade se desenvolveu. Sendo de maneira geral ou  abordando cada bairro numa visão micro social , é importante mostrar que alguns lugares se desenvolveram bem diferentes de outros. A estrutura e o modo de viver muda de bairro para bairro, na verdade eu me arriscaria a dizer que pode ter casos de muda de rua para rua.

Observem, quanto mais você se afasta do centro econômico da  cidade, mais os problemas sociais vão ficando mais evidentes, claro que respeitando certas particularidades e sabendo que há exceções. Quando eu falo em analisar os bairros numa visão micro, é pesquisar e fazer uma analise minuciosa de como surge as atuais estruturas e problemas, respeitando e comparando os problemas com os bairros ao lado.

Sendo mais específico, o bairro da Penha é mais desenvolvido que Braz de Pina, mas fica atrás se comparado a Ramos, por exemplo, isso realizando uma observação nas estruturas de moradia e desenvolvimento social e econômico. Assim como Braz de Pina aparece de forma mais “avançada “ que Cordovil , Lucas e Vigário Geral.

Acima de todos os problemas, nossa Leopoldina guarda verdadeiros monumentos e patrimônios de todos os tipos que contam cada um de uma forma, o passado glorioso que tivemos, mesmo com os problemas existentes na região.

A nossa Leopoldina está completando 134 anos, ou seja, a estrada de ferro estava sendo construída e inaugurada em 1886 e isso podemos confirmar em documentos oficiais onde foi construídas paradas de trens nesse mesmo anos na Penha, Cordovil , Braz de Pina entre outras localidades, ou seja, as primeiras “paradas” ou estações já apareceram desde 1886 e não em datas posteriores de “modernização” das mesmas ou criação de bairros.


reparem nas datas das paradas criadas pela empresa










A presença de pessoas nessa zona se dava muito antes disso, os trens no começo não serviram de transporte para pessoas, mas de cargas de produtos produzidos nas freguesias que cercavam as linhas férreas, com o tempo isso foi mudando e com a ajuda do bonde- em certos lugares- o subúrbio leopoldinense foi tomando forma.

Analisar a zona da Leopoldina é mais do que fazer um apanhado geral da história, a complexidade da montagem do subúrbio requer anos de estudo e aprofundamento e uma visão em micro sociedades. De homogêneo não temos nada, de bairro para bairro, mudamos de forma brutal, acabamos nos tornando pequenos “mini-países” de mesma língua mais estruturas sociais e de paisagem diferentes. Alguns locais mais desenvolvidos devido a atuação de moradores ricos, lugares mais desfavorecidos devido a não atuação do poder público, a máxima que o subúrbio muda a cada rua se faz presente.

O que dizer de nossa região com tantos problemas? Mas mudemos o foco, as belezas leopoldinenses encantam seus moradores e quem as visitam ,duvida?

Usando como base o belo mapa exposto pela página do instagran “Reoriente” (https://www.instagram.com/projeto_reoriente/?hl=pt-br) o subúrbio leopoldinense tem em sua geografia 16 bairros :

TRIAGEM – MANGUINHOS- MARÉ- BONSUCESSO- COMPLEXO DO ALEMÃO- RAMOS- OLARIA –PENHA- VILA KOSMOS-PENHA CIRCULAR-VILA DA PENHA- BRAZ DE PINA- CORDOVIL-PARADA DE LUCAS- VIGÁRIO GERAL E JARDIM AMÉRICA.

Todos esses bairros formam uma rede histórica sem precedentes, cada um com sua formação particular, cada um nasce de uma forma diferente, com classes sociais diferentes, embora os problemas são comuns a todos. Mas vejam que dentro desses bairros – banhados quase todos pela Baía de Guanabara- muita coisa existia para a diversão dos cariocas da cidade verdadeira. Os relatos de banhos na Praia da Morena e de Maria Angú, pescado em Ramos, o movimento de embarcações no Porto de Inhaúma, a visita ao mangue para caçar caranguejos, a construção de um bairro maravilha do zero, a venda dos terrenos por diversas Cia. Imobiliárias. Assunto esse que daria livros e livros de tanta informação.

Podemos listar aqui vários pontos turísticos e monumentos que contam nossa história, a maioria em péssimo estado de conservação ou completamente abandonados, mas nós estamos brigando e lutando a cada dia para resgatar a nossa dignidade, a nossa história e mostrar nosso verdadeiro valor.

Falar de cada bairro torna-se impossível para um texto pequeno, mas algumas informações podemos sim colocar para esclarecer ao caro leitor. Toda pesquisa feita por mim e tantas outras páginas são fundamentadas na busca de fontes primárias e secundárias, ficamos horas em arquivos, conversas e palestras levantando informações para passar o melhor para vocês.

Contando um pouco sobre a empresa Leopoldina Railway, a empresa se chamava RIO DE JANEIRO NORTHERN RAILWAY , também chamada de Estrada de Ferro do Norte e teve um papel importantíssimo na história. Ela passava pela região conhecida pela sua orla bela e cheia de pequenos portos que abasteciam o centro da cidade, ela ligaria diversos centros de pequenos “núcleos urbanos”( Maurício A. Abreu), isso facilitou a acessibilidade a esses locais , já que estradas mal existiam . Esses pequenos núcleos urbanos receberam poucos investimentos públicos para sua formação e em alguns lugares na verdade, quem ajudou a abrir ruas, iluminação e a busca pela água formam os moradores mais ricos e influentes que permaneceram nos locais- Lobo JR, família Rego, entre outros.






A chegada de várias pessoas de culturas e estilos diferentes ajudou a formar o subúrbio atual, claro que o governo e a classe média fez questão de destruir e denegrir a palavra subúrbio, desconstruindo seu verdadeiro significado e transformando em locais “infernais. Um projeto ideológico que se arrastou anos e sendo combatido com maior força e voz depois do advento da internet, que deu voz a nós suburbanos, para mostrar que as maravilhas da cidade não estão apenas no Centro da lá e na Nova “zona Oeste, aqui existe problemas, mas existe maravilhas e locais para serem explorados.

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