sábado, 26 de dezembro de 2020

MÉIER – UM BAIRRO DIFERENCIADO.
O bairro do Méier é um típico bairro da Zona Norte Carioca, lugar bom de viver e considerado um centro comercial devido ao grande número de lojas e movimentação e transações financeiras . Possui um grande hospital e locais de diversão e lazer. Os seus moradores se orgulham de sustentar o nome do bairro, mas poucos conhecem sua história ou suas origens. O bairro sempre foi conhecido como uma bairro mais “elitizado” , diferentes de muitos da zona suburbana da cidade. Mas os problemas são os mesmos, violência, problema com transportes, saneamento básico e tantos outros que assola parte da cidade. Moradores ou não, que conhecem o bairro, saberia me dizer o que ficou no passado do bairro que não existe mais? Alguma saudade ou lembrança? Até meus 10 anos, eu frequentava todo domingo a Rua Dias da Cruz, brincava com meus primos e andava de Charrete pelo bairro, isso entre os anos de 1990 e 1995, boa parte de minha infância foi nesse maravilhoso bairro . “Esse novo texto vou destacar uma grande reportagem do ano de 1952, do periódico “IMPRENSA POPULAR” que destaca o bairro como “ A CAPITAL SUBURBANA” , com seus problemas de cinema, escola , trânsito entre outros .Vamos viajar no Méier de antigamente. UM POUCO SOBRE O MEYER Antes de descrever a reportagem, vamos dar uma “pincelada” na história do bairro. 1-Origem do nome do bairro: Homenagem a Augusto Duque Estrada Meyer, que se destacou como acompanhante do Imperador D . Pedro II, recebendo o título de “Camarista”. 2-As terras do atual bairro faziam parte do Engenho Novo dos Jesuítas, que abrigava no início do século XIX, a extensa “Quinta dos Duques”, de José Paulo da Mata e Dulce de Castro Azambuja, avós do camarista. 3-Meyer abriu várias ruas em sua propriedade e homenageou pessoas de sua família, dando os nomes das ruas de seus amados parentes: Carolina Meyer, Frederico Meyer, Joaquim Meyer, entre outros, formando o atual bairro. 4- Os primeiros moradores da região forma escravos fugitivos que formaram o Quilombo na Serra dos Pretos- Forros. Segundo o livro “Freguesia do Rio Antigo”, a freguesia do Engenho Novo , a qual o bairro pertencia em 1890 possuía 28 mil habitantes aproximadamente, com esmagadora maioria católica e poucos protestantes, positivistas ou “sem culto” . O autor coloca a Estação do Méier é considerada uma das mais importantes dos subúrbios devido a sua renda diária que arrecada. Os Duque- Estrada Meyer surgiram da união do escrivão da Alfândega e guarda-roupa do Paço, comendador Miguel João Meyer , com Jerônima Duque-Estrada . Tratava-se de um português de origem alemã, homem de boa terra e que provavelmente chegou ao Brasil antes de D. João VI. Miguel Meyer veio a morrer em 1833 ainda com 30 anos. Augusto como Camarista do Paço, e acompanhante do Imperador Pedro II em todos os lugares, já em 1870 aparecia como dono de inúmeras porções de terra de Duque- Estrada que era seu parente. Camarista Meyer não era tão rico como seu pai, tanto é que em ocasião de sua morte, só deixou de herança para os seus um conto e novecentos e pouco mil-réis, três escravos, 4 grande chácaras e alguns outros terrenos .Uma dessas chácaras era a da Venda Velha, que ficava de frente a rua D Pedro II (hoje Arquias Cordeiro). Como já citado acima, várias ruas forma abertas em seus domínios entre elas: Rua Maria Paula- Filha Rua Carolina Meyer -filha Rua Francisca Meyer-filha - Atua rua Catulo Cearense Rua Gustavo Meyer- seu filho Rua Joaquim Meyer- Doutor e seu filho Rua Frederico Meyer- Doutor e seu filho Rua Joaquina Meyer- sua filha Rua Eulina Ribeiro- sua neta Rua Venâncio Ribeiro- Marido de sua neta Eulina Rua Adelaide – irmã de Eulina e mulher do desembargador Mascarenhas Camarista Meyer morreu em 1882 deixando uma grande contribuição para o que viria a ser a cidade do Rio de Janeiro A REPORTAGEM
O Primeiro grande problema apontado pelo jornal é o problema com o transporte. Apesar de diversas linhas passarem pelo bairro como as linhas 74 e 135 ,33,35 e 95, mas isso parecia que não era o suficiente para suprir as necessidades de quem vivia ali. Enquanto as outras linhas levavam para diversas partes do subúrbio, era muito difícil de ver a linha Meyer x Copacabana, a 133. Com horários irregulares e ônibus em péssimas condições, os moradores reclamavam de mais do serviço, pois essa mesma linha passava pelo centro.
Outra luta era o trem! O jornal descreve como um verdadeiro suplicio Apenas um trem elétrico serve ao local, com horários irregulares, parecia uma lata de sardinha, deveria ser transporte digno do trabalhador . O sofrimento era tanto que os moradores de Nova Iguaçu pegavam o 14 ou o 15, soltava no Engenho de Dentro, tomar um ônibus ou bonde até o Meyer, que era o local de parada do trem para Nova Iguaçu. Os moradores do Meyer reclamavam da super. lotação da estação , fora o quanto era perigoso viajar até a Central do Brasil devido a lotação e o empurra-empurra. Para uma população de 300.000 mil pessoa ( a reportagem provavelmente incluiu outros bairros formando o “grande Meier”), um cinema maior deveria existir. Na verdade existe 3 pequenos cinemas no bairro, porém são pequenos e desconfortáveis e o bairro merece um local de entretenimento maior e digno com a localidade.
O Bairro era servido por linhas de bondes que passavam pelas ruas Dias da Cruz e Arquias Cordeiro, mas o motivo de reclamação era um abrigo para as pessoas, principalmente estudantes. O jornal apontou que em cada ponto, mas de 20 pessoas em média, ficavam em casa ponto esperando o bonde sem nenhuma proteção contra a chuva ou contra o sol. Como no bairro existiam poucas escolas, os estudantes eram obrigados a se deslocar para outros bairros do subúrbio, e isso também superlotava o transporte. Entrando no assunto escola, foi constatado que mais de 50 mil crianças moravam no Méier e não estudavam devido a falta de escolas públicas no populoso bairro suburbano. Apesar das escolas particulares estarem em franco crescimento, as mensalidades era abusivas, e os maus-tratos eram motivos de grande reclamação. No Instituto Edson, varias professoras pediram demissão devido a esses problemas. Crianças eram castigadas de forma física, com palmatórias e correias, e pequeninos dormindo em camas sujas e cheias de bactérias. O Meier não tem viaduto, só era possível passar de um lado para o outro a pé, sendo que para isso o povo enfrentaria enormes escadas. Os carros se quisessem acessar o outro lado deveriam ir até o Engenho Novo ou a Todos os Santos, se tivesse uma pessoa doente para o lado da 24 de maio, era morte certa, pois imagine só , você tendo um infarto e passando muito mal, ir de carro até o Engenho Novo e voltar , isso se tiver sorte e não pegar transito.
Apesar do Méier ser um dos bairros mais progressista do Distrito Federal, o calçamento é um problema crítico da região , são inúmeras ruas que não calçadas ou com vários blocos de pedra mal instalados. O exemplo mais frisante é a 24 de Maio, que é a Avenida Mais importante do Méier que não tem calçamento satisfatório , quedas e acidentes são constantes no local. Outro problema ligado ao tráfego é a falta de sinalização. O cruzamento da 24 de Maio com a Avenida Dias da Cruz precisa de um sinal urgente e é uma antiga reivindicação dos moradores . A falta de fiscalização no local é um verdadeiro atentado a vida, veículos entram na Dias da Cruz em alta velocidade colocando em risco a vida de idosos e estudantes.

sábado, 19 de dezembro de 2020

CINE LUCAS: A POEIRA DO TEMPO LEVA EMBORA A HISTÓRIA DO CINEMA
O que significa esquecimento? Pegando no dicionário a palavra é definida como: -Substantivo masculino 1. Ato, processo ou efeito de esquecer; olvido. 2. Falta de memória.
O esquecer da nossa história é algo bem presente e podemos dizer que é cultural por parte de nossos governantes e, por que não dizer, do povo? Quantos prédios antigos e históricos, que contam a nossa história estão sendo dizimadas pelo tempo, sendo invadidos e depredados ou se tornando igrejas? Apesar de que sendo Igreja, pelo menos a arquitetura não é muito modificada na boa parte das vezes, mas a história do local é esquecida ou simplesmente abandonada.
O Cine Lucas pode ser considerado um caso de total esquecimento por parte de todos. Hoje ele não passa de um depósito de móveis, todo empoeirado e sujo, mas ali, muitos suburbanos leopoldinenses desfrutaram horas de diversão e emoção com belíssimos filmes. Com o nome de Cinema São Lucas, foi aberto em 12-10-1959 e fechou as portas em 29,06.1980, com 338 lugares.
Em seu início temos logo de cara uma pequena polêmica: Segundo o ótimo livro “Palácios e Poeiras: 100 anos dos cinemas no Rio de Janeiro”, o autor coloca como único dono o Sr Adelson Marge, porém, pesquisando em jornais de época , mas precisamente o periódico “DIARIO CARIOCA” do dia da inauguração , as 20 hrs o cinema abriria com uma festa realizada pelos donos , sr Henrique Ramos de Almeida e Manuel Pimenta Ramos. Possivelmente pouco tempo depois eles devem ter vendido o cinema para o Adelson.
Poucas notícias sem tem sobre o cinema, mas muitas lembranças dos moradores que frequentavam o local. Mas alguns acontecimentos foram marcantes e importantes para a história. Já em 1960, no local houve um evento para dar posse a comissão que ajudaria a chapa Lott- Jango nas eleições daquele ano. Sabemos que o presidente JK tem uma ligação bem bacana com o bairro de Parada de Lucas, já que anos depois já como presidente da República visitou o parque da revista Manchete, que ficava no local.
Mas nem tudo era festa, em 1964, o cinema sofreria um golpe. Vários cinemas do Rio, inclusive o cine Lucas, levaram uma multa da delegacia Regional da SUNAB, por se negarem a fornecer elementos para orientação daquele órgão fiscalizador, sobre a elaboração dos seus preços. O cinema já nas mãos do Adelson levou uma multa de C$2.700.000.000 Cruzeiros. O local também foi usado como local de comício de seu dono que concorreu a vaga de deputado estadual perdeu a eleição, mas conseguiu a vaga de suplente , mas posteriormente assumiu o cargo no lugar do titular e depois conseguir por voto popular. Inclusive tem alguns periódicos que apontam que o nobre deputado era dono de vários cinemas no subúrbio.

quarta-feira, 25 de novembro de 2020

  A FAVELA ESQUECIDA- O ESQUELETO 

Uma comunidade esquecida por todos que ainda permanece viva na memória dos seus antigos moradores. Quando se estuda a política de remoção das comunidades precisamos nos questionar um ponto : Interesse político e financeiro devido a especulação imobiliária ou bondade do estado que visava o bem estar do pobre?


1953 O MUNDO ILUSTRADO
1953 O MUNDO ILUSTRADO 

 

Pessoas foram removidas do Esqueleto, do pinto, de Maria Angú e de tantas outras comunidades, foram jogadas para locais longe e desconhecidos e tiveram que recomeçar suas vidas. Falando da comunidade do esqueleto , ela foi dizimada por um incêndio enquanto alguns moradores ainda insistiam em ficar ali no local.

 

1953 O MUNDO ILUSTRADO - O INCENDIO ATINGE A COMUNIDADE

A comunidade surge após a construção do Estádio Mário Filho, onde um grupo de pessoas invade um terreno onde ali estava sendo levantada um prédio que seria um hospital , essa unidade de saúde seria o HOSPITAL DE CLINICAS DA UNIVERSIDADE DO BRASIL .

 

1953 O MUNDO ILUSTRADO - O DESESPERO DO POVO PARA SALVAR SUAS COISAS


"A remoção da Favela do Esqueleto foi consequência da política de remoções que o Estado da Guanabara (sob o comando de Carlos Lacerda), em consonância com o governo militar e com apoio dos Estados Unidos, efetuou durante os anos 1960, transferindo, à força, moradores de favelas das regiões centrais da cidade para conjuntos habitacionais longínquos. Em 1969, começou a ser construído, no local, o campus da Universidade do Estado da Guanabara, aproveitando a estrutura inacabada do hospital do INPS. O campus foi inaugurado em 1976, já com o novo nome da universidade: Universidade do Estado do Rio de Janeiro." - DIÁRIO DO RIO - 2019

 

Segundo a reportagem do Mundo Ilustrado de 1953, aponta um incêndio que aconteceu na comunidade, as fotos mostradas desse incêndio mostram o desespero das pessoas para salvar suas coisas. Segundo o periódico , a favela tinha 1500 moradores divididos em mais de 100 barracos . A origem do incêndio foi devido a um acidente com querosene , muito usado na época para coisas simples de como obter luz ou fazer uma simples comida .



 

Grande parte das pessoas que comentam minhas postagens, relatam  que a atuação de Carlos Lacerda como governante carioca foi quase perfeita, que ele transformou a cidade num canteiro de obras e melhorou em muito a infraestrutura de uma cidade bem velha.

A maior parte dos moradores do esqueleto foi transferida da a Vila Kennedy. 






1953 -REVISTA O CRUZEIRO  GANDULAS DO MARACANÃ MORAVAM NA FAVELA DO ESQUELETO



                                    

1956 O CRUZEIRO -FAVELA CONSOLIDADA COMO LAR PARA MUITOS 




quinta-feira, 19 de novembro de 2020

 

QUILOMBO DA PENHA: UMA HISTÓRIA ESQUECIDA.

 






Dia 20 de novembro estamos comemorando o dia da Consciência Negra. Não apenas possamos lembrar-nos do Zumbi dos Palmares, mas devemos lembrar-nos de tantos outros que lutaram para salvar a vida de seres humanos escravizados.

Podemos associar esse importante dia na história suburbana? Claro que sim! 

A negritude suburbana está presente em cada esquina, em cada rua e vivenciamos a construção de nossa cultura baseada na africanidade ancestral. O samba, a capoeira, as comidas são vestígios dessa cultura que foi implantada na nossa região.

Ainda conhecida como zona rural, o velho arraial da Penha teve um homem que lutou contra o racismo e a escravidão, desafiando os poderosos e a própria igreja, adquiriu terras e “recriou” um quilombo que tinha sido destruído em 1835, o Padre Ricardo tem profunda reação com esse quilombo e veremos essa história agora.

Engana-se quem pensa que a História do Quilombo da Penha se inicia apenas com o Padre Ricardo a partir de 1879. Segundo um registro feito, um juiz de Paz chamado João Marco  de Souza foi afastado do processo acusado de prevaricação , pois retardou o processo de acusação de negros que estavam fazendo arruaça no morro  do vai e vem , perto da região do morro da Penha, a ordem foi dada em 1835 mas devido problemas de ordem administrativa não foi executada, porém o quilombo foi destruído apenas em 1836.





A que consta o local ficou vazio até a entrada do Padre Ricardo na Basílica da Penha, ele congregou na paróquia entre 1879 a 1907 e foi sem dúvidas o padre mais importante da Igreja. Foi ele que revolucionou a festa da Penha, mandou abrir a rua dos Romeiros e foi um pedido dele a estação da Penha de trens, um homem que marcou a história da Penha. Mas seu feito mais importante foi com certeza a recriação do Quilombo da Penha.

Ricardo era um homem de princípios abolicionista e republicano, não concordava com o estio de governo monárquico, mas possuía boa relação com a família real, tanto que foi ele que recepcionou a comitiva da princesa Isabel quando a própria foi visitar a basílica. Segundo o Jornal do Brasil de 1928, ele também era empresário e dono de uma pequena fábrica de tijolos.

O padre percebeu que inúmeros negros passavam pelas terras da basílica e se escondiam no terreno, foi quando ele teve a ideia de criar um espaço para que essas pessoas pudessem se esconder, ao mesmo tempo foi tocando seu projeto , abrindo ruas aos arredores e solicitando melhorias para a região .

Na parte de trás do morro da penha, onde hoje está o parque proletário e parte da Vila Cruzeiro, existia uma velha chácara que o padre fez questão de comprar e transformar o local em residência para os escravos fugidos , ali ele fornecia água fresca, comida a vontade e deixava eles livres para cultuar sua ancestralidade. Após a abertura de algumas ruas, o padre colocou uma cruz em um determinado loca, a fim de abençoar e os moradores começaram a chamar a localidade  de “Vila Cruz” , mais tarde ganharia outro nome : Vila Cruzeiro! Inclusive a cruz sem encontra no mesmo lugar ( ou se encontrava), está na rua Sargento Ricardo Filho( informação tirada da página Vila Cruzeiro).Essa mesma Via Cruzeiro que já teve nome de Campo da Ordem e Progresso , que ganhou esse nome graças a um morador da localidade: Sr. Sebastião Benedito.

Para se chegar ao quilombo era só seguir pela Avenida Braz de Pina até em frente ao portal da Penha, ou subia a rua Nossa Senhora da Penha, ou entrava pela rua onde hoje está o Corpo de Bombeiros.

Os negros vivam em paz no loca, tanto que na festa da Penha, era comum ver eles no meio do povo, dançando e vendendo produtos de diversas origens. Muitos deles se juntavam aos pés do portal para dançar uma música que só eles sabiam, uma dança sensual e escandalosa para os padrões da época, dança essa que mais tarde daria origem ao samba, o famoso Jongo. A festa da Penha, por um breve período, foi democrática, onde brancos e negros dividiam o mesmo espaço e negros poderiam exercer a liberdade de falar, dançar e de viver!






Esse grande homem faleceu com 81 anos, segundo informações obtidas pelo que escreve, a igreja mal tem informações sobre o Padre e a única homenagem a esse grande homem foi o nome dado a uma travessa na Penha, um local pequeno e esquecido, ele merecia o nome em uma Rua né!

quinta-feira, 22 de outubro de 2020

                  
BONSUCESSO EM FESTA- O FUTEBOL GANHA UMA CASA







 O futebol nasce com o esporte da elite , aos poucos foi se popularizando graças a times como Bangu e Vasco , que introduziram negros, operários e pessoas pobres no novo esporte. No final dos anos 20, início dos anos 30, houve uma explosão de times amadores e semi- profissionais que praticavam o esporte por todas as cidades. Times famosos da região leopoldinense disputavam campeonatos por toda a cidade. O PORTINHO FC- Time do Lobo JR, GOULART FC- Do matadouro da Penha, o CORDOVIL FC e tantos outros. No meio desse turbilhão de times, alguns se destacaram tanto que fazem até hoje parte da história suburbana e um dele é o Bonsucesso e hoje trago aos leitores a história que envolve a inauguração da sua casa, o eterno Leônidas da Silva. O texto foi baseado em três recortes jornalísticos dos periódicos LUTA DEMOCRÁTICA, TRIBUNA POPULAR , GLOBO ESPORTIVO E A NOITE. 

 1945...


 Apesar de não estar vivendo um momento muito bom na parte futebolística e financeira, foi anunciado pela sua diretoria que o rubro- Anil terá seu estádio. Essa façanha deve ser exaltada graças ao trabalho administrativo quase que perfeito de seu presidente, o Senhor Afonso Lobo Leal. O presidente lançou uma campanha a nível local para que os comerciantes e pessoas ilustres da região ajudassem a levantar fundos para a construção do local. A campanha se tornou um enorme sucesso, o presidente apresentou o projeto do local que incluiria a casa do Futebol ,local para festas, piscina e outras instalações . 

O comércio local logo começou a se movimentar a ajudou em tudo que podia. O projeto está feito para inaugurar em 1947, e o time pretende ser o primeiro a pisar no solo sagrado .Além do gramado para a prática do certame, o local contará com quadras para outras práticas esportivas como quadra de Basquete, Tênis entre outros. A iniciativa deu tão certo que o quadro de sócio do clube aumentou de forma magnífica.

 1947...





 Sexta feira, dia 4 de julho de 1947, Bonsucesso e a Leopoldina parou para ver a grande inauguração; O subúrbio leopoldinense estava vivendo um dia de glória e que entraria para a história. A primeira arquibancada do estádio em Teixeira de Castro foi Inaugurada, pessoas se amontoavam para ver os jogadores. Cinquenta metros de arquibancada em concreto armado. Foi realizada uma festa de gala para marcar aquele momento, e que contou com a presença dos times do Madureira, Botafogo e Fluminense, os dois últimos os times mais antigos da cidade. Abrindo as festividades esportivas, os donos da casa fizeram as honras. Bonsucesso e Madureira abriram os jogos e o rubro anil estava empolgado e melhor preparado fisicamente e dominou boa parte da partida, mas foi o Madura que abriu o placas, mas logo o Bonsucessa se recupera e massacra o tricolor suburbano com 3 gols. 









O Madureira chegou até a marcar novamente, porém com uma marcação firme e uma defesa sólida , o Bonsucesso manteve a vitória , para delírio de dirigentes e torcedores. Os gols foram marcados por Zé Luis e Jorge ( Bonsucesso),Beijinho( Madureira),Flávio ( Bonsucesso), Esquerdinha( Madureira). Total 3x2! Logo depois, o placo do show estava inaugurado e macio para o desfile dos craques de Fluminense e Botafogo, em um jogão de bola, as equipes marcaram 10 gols naquela tarde. O jogo terminou 5x5. 






Alguns títulos do Bonsucesso. A-COPA RIO- 2019; B-CAMPEONATO CARIOCA 2 DIVISÃO- 1921, 1926, 1927, 1928, 1981, 1984, 2011- O MAIOR CAMPEÃO DA 2 DIVISÃO ; C-CAMPEONATO CARIOCA 3 DIVISÃO – 2003; D-Campeão do Torneio Pentagonal de Tampico - México: 1963;

quarta-feira, 14 de outubro de 2020

 

LEOPOLDINA- PRESENTE E PASSADO

UM TEXTO EM COMEMORAÇÃO AOS 135  ANOS DA LEOPOLDINA




Essa semana navegando pelas redes sociais, me deparei com  um texto mostrando 15 pontos turísticos do centro da cidade e me veio a mente uma reportagem dos anos 30, que mostrava 15 pontos turísticos da cidade e a igreja da Penha era a única suburbana no meio de outros monumentos.

Para quem mora na região da Leopoldina, está cada dia mais difícil valorizar o local e isso se deve a inúmeros fatores, tais como o abandono do poder público, a falta de cuidados da própria população, a falta de investimentos, a desvalorização da sua história,etc.

campeonato de aeromodelismo em Manguinhos











Trabalhar com a história do subúrbio da Leopoldina é desvendar mistérios e entender como uma parte importante da cidade se desenvolveu. Sendo de maneira geral ou  abordando cada bairro numa visão micro social , é importante mostrar que alguns lugares se desenvolveram bem diferentes de outros. A estrutura e o modo de viver muda de bairro para bairro, na verdade eu me arriscaria a dizer que pode ter casos de muda de rua para rua.

Observem, quanto mais você se afasta do centro econômico da  cidade, mais os problemas sociais vão ficando mais evidentes, claro que respeitando certas particularidades e sabendo que há exceções. Quando eu falo em analisar os bairros numa visão micro, é pesquisar e fazer uma analise minuciosa de como surge as atuais estruturas e problemas, respeitando e comparando os problemas com os bairros ao lado.

Sendo mais específico, o bairro da Penha é mais desenvolvido que Braz de Pina, mas fica atrás se comparado a Ramos, por exemplo, isso realizando uma observação nas estruturas de moradia e desenvolvimento social e econômico. Assim como Braz de Pina aparece de forma mais “avançada “ que Cordovil , Lucas e Vigário Geral.

Acima de todos os problemas, nossa Leopoldina guarda verdadeiros monumentos e patrimônios de todos os tipos que contam cada um de uma forma, o passado glorioso que tivemos, mesmo com os problemas existentes na região.

A nossa Leopoldina está completando 134 anos, ou seja, a estrada de ferro estava sendo construída e inaugurada em 1886 e isso podemos confirmar em documentos oficiais onde foi construídas paradas de trens nesse mesmo anos na Penha, Cordovil , Braz de Pina entre outras localidades, ou seja, as primeiras “paradas” ou estações já apareceram desde 1886 e não em datas posteriores de “modernização” das mesmas ou criação de bairros.


reparem nas datas das paradas criadas pela empresa










A presença de pessoas nessa zona se dava muito antes disso, os trens no começo não serviram de transporte para pessoas, mas de cargas de produtos produzidos nas freguesias que cercavam as linhas férreas, com o tempo isso foi mudando e com a ajuda do bonde- em certos lugares- o subúrbio leopoldinense foi tomando forma.

Analisar a zona da Leopoldina é mais do que fazer um apanhado geral da história, a complexidade da montagem do subúrbio requer anos de estudo e aprofundamento e uma visão em micro sociedades. De homogêneo não temos nada, de bairro para bairro, mudamos de forma brutal, acabamos nos tornando pequenos “mini-países” de mesma língua mais estruturas sociais e de paisagem diferentes. Alguns locais mais desenvolvidos devido a atuação de moradores ricos, lugares mais desfavorecidos devido a não atuação do poder público, a máxima que o subúrbio muda a cada rua se faz presente.

O que dizer de nossa região com tantos problemas? Mas mudemos o foco, as belezas leopoldinenses encantam seus moradores e quem as visitam ,duvida?

Usando como base o belo mapa exposto pela página do instagran “Reoriente” (https://www.instagram.com/projeto_reoriente/?hl=pt-br) o subúrbio leopoldinense tem em sua geografia 16 bairros :

TRIAGEM – MANGUINHOS- MARÉ- BONSUCESSO- COMPLEXO DO ALEMÃO- RAMOS- OLARIA –PENHA- VILA KOSMOS-PENHA CIRCULAR-VILA DA PENHA- BRAZ DE PINA- CORDOVIL-PARADA DE LUCAS- VIGÁRIO GERAL E JARDIM AMÉRICA.

Todos esses bairros formam uma rede histórica sem precedentes, cada um com sua formação particular, cada um nasce de uma forma diferente, com classes sociais diferentes, embora os problemas são comuns a todos. Mas vejam que dentro desses bairros – banhados quase todos pela Baía de Guanabara- muita coisa existia para a diversão dos cariocas da cidade verdadeira. Os relatos de banhos na Praia da Morena e de Maria Angú, pescado em Ramos, o movimento de embarcações no Porto de Inhaúma, a visita ao mangue para caçar caranguejos, a construção de um bairro maravilha do zero, a venda dos terrenos por diversas Cia. Imobiliárias. Assunto esse que daria livros e livros de tanta informação.

Podemos listar aqui vários pontos turísticos e monumentos que contam nossa história, a maioria em péssimo estado de conservação ou completamente abandonados, mas nós estamos brigando e lutando a cada dia para resgatar a nossa dignidade, a nossa história e mostrar nosso verdadeiro valor.

Falar de cada bairro torna-se impossível para um texto pequeno, mas algumas informações podemos sim colocar para esclarecer ao caro leitor. Toda pesquisa feita por mim e tantas outras páginas são fundamentadas na busca de fontes primárias e secundárias, ficamos horas em arquivos, conversas e palestras levantando informações para passar o melhor para vocês.

Contando um pouco sobre a empresa Leopoldina Railway, a empresa se chamava RIO DE JANEIRO NORTHERN RAILWAY , também chamada de Estrada de Ferro do Norte e teve um papel importantíssimo na história. Ela passava pela região conhecida pela sua orla bela e cheia de pequenos portos que abasteciam o centro da cidade, ela ligaria diversos centros de pequenos “núcleos urbanos”( Maurício A. Abreu), isso facilitou a acessibilidade a esses locais , já que estradas mal existiam . Esses pequenos núcleos urbanos receberam poucos investimentos públicos para sua formação e em alguns lugares na verdade, quem ajudou a abrir ruas, iluminação e a busca pela água formam os moradores mais ricos e influentes que permaneceram nos locais- Lobo JR, família Rego, entre outros.






A chegada de várias pessoas de culturas e estilos diferentes ajudou a formar o subúrbio atual, claro que o governo e a classe média fez questão de destruir e denegrir a palavra subúrbio, desconstruindo seu verdadeiro significado e transformando em locais “infernais. Um projeto ideológico que se arrastou anos e sendo combatido com maior força e voz depois do advento da internet, que deu voz a nós suburbanos, para mostrar que as maravilhas da cidade não estão apenas no Centro da lá e na Nova “zona Oeste, aqui existe problemas, mas existe maravilhas e locais para serem explorados.

sábado, 19 de setembro de 2020

 

A verdadeira data da criação de Cordovil.

Para um historiador, a busca de fontes para comprovação de fatos que aconteceram no passado é o triunfo principal da profissão. Através de documentos, elaboramos teses e montamos uma “colcha histórica”, procurando ser o mais fiel o possível ao que aconteceu.

Ao iniciar as pesquisas sobre Cordovil antigo, sempre me incomodou o fato da data da criação do bairro, pois ela foi determinada através da política para agradar aos moradores, sem fundamento ou pesquisa para aprofundamento. Serei mais detalhista.

A formação dos bairros suburbanos (como estamos carecas de saber) se deu basicamente ao advento do trem e do bonde, os primeiros moradores procuravam morar o mais perto dessas paradas dos trens, pois teriam acesso a mercadorias mais frescas e um modo mais fácil de locomoção.

Infelizmente fizeram de  Cordovil um curral eleitoral de uma cerca família representada por uma antiga vereadora que só aparece em época de eleição, pois bem, essa vereadora determinou a criação do bairro , na minha visão sem uma pesquisa histórica aprofundada. Oficialmente o bairro nasceu dia 5 de outubro de 1910 devido a lei nº 989/2002, dessa, porém no livro de Waldir Fontoura nos mostra que existia um local onde o trem parava para descarregar produtos e embarcar os mesmos, essa primitiva estação estava na direção da Rua Cordovil, que foi construída para além de trazer e levar produtos agrícolas, levava também produtos para a construção de locais para captação de água de mananciais de Tinguá e Xerém.




Esse livreto me chamou atenção e por anos busquei alguma prova para desmentir a informação , se há registro de uma parada antes da estação e existia moradores já em 1880, Cordovil é mais velho do que pensamos.

A primeira fonte que achei que comprova que a “parada Cordovil” existiu foi achado em jornais antigos, no ANUÁRIO ESTATISTICO DE 1946,  onde a reportagem mostra bem claro a data da fundação da estação de Cordovil ou Parada Cordovil, 23 de outubro de 1886, ou seja , nos dias atuais, Cordovil não teria 110 anos, mas na verdade teria 132 anos.

A segunda fonte e decisiva que me inspirou a escrever esse texto  foi achada hoje, dia 19 de setembro de 2020, onde a reportagem do DIÁRIO DE NOTÍCIAS, deixa claro que existia a “ESTAÇÃO DO CORDOVIL”, em 1888 ou seja, dois anos depois do 1886.






 Isso só mostra que quando se envolve interesses políticos onde não se devia, a história verdadeira se perde e somos enganados em nome do voto. Esse ano Cordovil oficialmente completará 110 anos, mas o certo, levando em consideração esses fatores, deveria completar 132 anos.

quinta-feira, 17 de setembro de 2020

 

NÃO VOU FALAR DE ESCOLA, VOU FALAR DO BAIRRO

COLÉGIO!






Reclamação, uma situação constante para quem mora na zona suburbana da cidade.  Os bairros nasceram em volta dos Bondes e trens, mas pouquíssimos bairros receberam uma infraestrutura adequada para receber moradores, então podemos afirmar que esses bairros, de certa forma, de “fizeram sozinhos”?

O bairro do Colégio estava sofrendo muito no ano de 1936 com descreve o jornal A BATALHA, não nada de bom oferecido nem pelo governo e nem pela empresa de transporte. Mas uma vez vou transcrever uma reportagem da que vocês possam viajar no tempo e perceber que a luta por um bairro melhor é problemática antiga.

O serviço da E.F Rio D’Ouro era uma porcaria, verdadeiros lagos de água suja se acumulavam por todo o bairro, mosquitos e doenças, falta de policiamento...Um festival de reclamação

A reportagem ao caminhar pelo bairro do Colégio se viu assustada com  o total abandono do poder público, na verdade a reportagem pesquisou por dias vários bairros, mas nada parecido com o que iriam encontrar no bairro.

E.F.RIO D’OURO: è impossível deixar de notar que o quadro de horários dos trens do bairro é horroroso, ele fez o trajeto São Francisco x Colégio e percebeu o estado de abandono e horários confusos que não eram obedecidos. Os vagões da primeira classe estavam tomados de bichos e sujeira. Os colunistas deram “graças a Deus” por ter chego no local”.

Ao descer na estação deram de cara com a Rua Coronel Leitão e ali perto mais duas ruas em paralelo e percebeu um enorme brejo,fétido e cheio de bichos por perto, um estado de calamidade jamais vista, um lago de águas podres se formou em várias ruas por perto. A higiene das ruas é mitológica, podemos afirmar que é um milagre. E a reportagem deixa clara que não se sabia o que era mais suja: as ruas ou os trens.

A reportagem cita o termo “roça” descrevendo a visão de quando desceram, e destacou que a localidade ficava a minutos do centro da cidade e que seria inadmissível um lugar assim tão perto do centro econômico da cidade.  

Ao andar pelas ruas ao redor da estação, além do brejo, bichos e lagos de água podre, encontraram casa sem água e luz, ruas sem nenhuma iluminação pública, ruas de areia e lama.

LAGOS DE ÁGUA ESTAGNADA :A primeira Rua- Villa Souza-  que vai de encontro a Rua Coronel Leitão, tem uma espécie de praça e esse local que deveria receber famílias , recebia ratos e mosquitos, pois no local estava com litros e mais litros de água podre e lama  muito mal cheirosa. Um dos moradores relatou que gostaria muito de convidar o prefeito para ir até o local, para ver o que eles estavam passando.

O PERIGO PARA O TRâNSITO: Na rua segunda ,numa subida existente, o cujo calçamento se resume apenas no meio fio, há um buraco enorme. Segundo informações  que obtivemos dos moradores, os carros e caminhões passavam ali frequentemente. Não há uma bandeirinha ou nada que sinalize que o terreno era irregular e não bom para carros. Há eminência de um desastre era perceptível.

GENTE QUE SE CONFORMA: Os moradores do “Collegio” já se convenceram de que não adianta mesmo reclamar. Quanto ao capim se torna muito alto nas vias principais, os moradores pegavam as enxadas e partiam para o trabalho. Eles já faziam  isso a tanto tempo que pararam de reclamar.

MATA MOSQUITO E POLICIAMENTO: Observamos as valas imundas e cheias de toda a espécie de sujeira, perguntamos aos nossos informantes se os mata-mosquitos não desinfetam o local. A resposta foi bem esclarecedora:

-“ Os mata mosquitos”! AH! Os mata- mosquitos...Eles quando aparecem aqui só fazem questão de espiar dentro das moringas...Depois sai, pulam por cima das valas , fazem vista grossa e...caem fora...

O foi observado que dois desses trabalhadores estavam no botequim enchendo a cara e conversando alegremente bem no horário do expediente de trabalho.

Também tivemos a ciência que embora todos os impostos fossem pagos rigorosamente, isso incluía uma taxa de policiamento, os guardar mesmo não se via no bairro, polícia é algo que não existe no local.